15. Sonhos Vermelhos

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HELAENA TARGARYEN

Um reino feito de cinzas dividido por uma muralha de corpos.
Não consigo gritar ou correr.
Minha respiração acelera.
Uma fumaça impregna o ar e enche meus olhos de lágrimas.
Olho para o céu em busca de dragões e uma chuva começa a cair.
Sinto as gotas em meu rosto.
Mas quando olho para minhas mãos elas estão vermelhas.
O céu está transbordando sangue.

*

Acordo assustada e ensopada pelo suor. Olho as minhas mãos procurando sangue e não tem nada. Puxo minhas pernas contra o peito e choro baixinho. Eu odeio esses sonhos proféticos. Eles são sempre ruins. Eu os chamo de sonhos vermelhos. Nem percebo quanto tempo passou enquanto estive perdida em pensamentos, mas o sol entrou pela janela faz tempo. Levanto rapidamente me preparando para o dia.

Quando chego para o desjejum do dia encontro meus pais, avô e irmãos, menos Aemond. Aegon está diferente, parece estar mais sóbrio e participativo, normalmente nas refeições é calado ou fazendo caretas de tédio para as nossas conversas.

Após a refeição vou para o jardim. Pego uma cesta perto da saída da ala do Jardim e tiro do bolso do meu vestido um rolo de pergaminho e o tinteiro com a pena para realizar minhas anotações sobre a evolução das minhas plantas.

Não sei quanto tempo passou, mas reparo de canto de olho que tem alguém sentado em um banco. Normalmente ninguém está aqui pela manhã. Pode ser o Aemond. Vou caminhando animada quando encontro o Aegon sentado distraído olhando uma das minhas rosas. Meu sorriso vai diminuindo.

Fico surpresa não por ele estar aqui, e sim porque aparentemente ele está sóbrio. Ele ergue o olhar para mim e fica em pé no mesmo instante e entra no meu caminho.

— Oi, Helaena — Aegon diz, meio tímido??. —, Aemond me contou sobre o pedido de casamento da Casa Martell — conta ele, e eu estou achando muito estranho. Aegon sóbrio e parecendo tímido? Que está acontecendo?

Olho para minha cesta e começo a mexer nela que está em meu braço para disfarçar o desconforto. Aegon nunca conversou comigo, nada além do necessário. Ele nunca me disse coisas ruins, mas tenho a ideia de que ele riu muito pelas minhas costas.

— Sim... Sim, não sei o que aconteceu para o pedido. Passamos um tempo juntos, mas com certeza é por conta da possível aliança que poderia beneficiar os dois lados — comento, olhando agora para o rosto de Aegon.

Ele está olhando nos meus olhos nesse momento. Aegon tem os ombros mais largos do que Aemond, mas por conta de sua estrutura. Enquanto, Aemond tem os ombros largos por músculos de definição de treinamento. A cor dos olhos dos dois são iguais, no entanto, Aegon tem um olhar distante e Aemond sempre é penetrante.

— E você irá aceitar o casamento? — pergunta Aegon.

Abaixo o rosto por conta de sua pergunta e coloco uma mexa solta de cabelo atrás da orelha. Ergo o olhar.

— Eu não quero me casar, e irei falar para nosso pai. Mas ainda estou pensando — digo com sinceridade.

Passei o dia inteiro de ontem pensando sobre o assunto. Fui até com a Dreamfyre em nosso lugar seguro (meu e do Aemond) para pensar sobre. Fui criada para ser uma princesa e cumprir com as minhas obrigações, nem sempre meus desejos serão atendidos, e por mais que papai diga ser uma escolha sei que ficaria decepcionado. Ele adoraria ter esse feito durante seu reinado, algo que o Conquistador e meu bisa-avô nunca conseguiram. Eu também pensei em Rhaenyra que fez um casamento sem amor e foi feliz o suficiente para ter filhos que ama muito, me pergunto se ela realmente é feliz nesse seu segundo casamento que dizem ter sido por toda sua vida seu maior sonho.

Aegon não diz nada, apenas faz um aceno com a cabeça como se entendesse. Nem me pergunta sobre minhas vontades como Aemond. Ou para ele não interessa ou ele apenas quer conversar com alguém.

— Eu vou entrar agora. Tenho encontro com as minhas damas de companhia — aponto para a porta, começo a andar deixando o Aegon para trás.

Foi uma conversa estranha até mesmo para mim que sou dita como esquisita.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora