Capítulo 17

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Finnick não apareceu ainda, o que não ajuda em nada para me acalmar. Faz horas desde que chegamos da entrevista, a primeira coisa que fiz foi ignorar Lark que queria saber se eu já sabia daquilo, e como por alguma razão aquilo me ajudaria na arena. Também teve Peter que parecia ainda mais irritado comigo, Mags que me abraçou e me trouxe para o quarto. Ela me ajudou com às roupas e me mandou para o banho, quando eu sai, havia uma muda de roupa preparada na cama, e uma refeição simples em uma bandeja.

Aquilo já fazia duas horas.

Não consigo relaxar, nem me manter deitada na cama, estou indignada com a Capital, irritada com Peter, com Caesar, e com qualquer outra pessoa. Meus dedos estão suando tanto que de 10 em 10 minutos preciso ir ao banheiro para lava-los.

Quando finalmente minha porta se abre e Finnick passa por ela, estou em prantos. Ele se aproxima e passa seus braços envolta de mim, me pegando do sofá grande e me levando para cama. Não deixo de notar que ele ainda está com a roupa da entrevista, e parece tão, tão cansado e irritado.

Finnick chuta os sapatos, tira o cinto que prende sua calça, e a tira também, ficando apenas com uma cueca cinza que não tem sucesso para disfarçar seu volume. Desvio meus olhos para os seus, e ele segura meu rosto e beija minha testa.

— Onde você estava? — sussurro.

— Eu... eu precisei resolver algumas coisas...— ele diz, mas está vermelho, irritadiço.— Eu odeio esse lugar, odeio todos aqui.

Me aconchego em seus braços e ele puxa o edredom para nos cobrir, mexe em alguns botões do aparelho digital e o quarto de repente se torna frio e agradável. Seus dedos voltam a deslizar em minhas costas por baixo da blusa e eu me sinto imediatamente mais calma.

— Como eles sabiam... da minha mãe? Como... só... foi de propósito não foi?

— Foi meu amor... é claro que foi. Eles fazem essas coisas, no momento em que seu nome foi dito, toda sua vida foi exposta... e eu sinto muito.

Não consigo parar de visualizar imagens de idealizadores fazendo buscas em minha vida, em meu sobrenome para descobrir meu passado. Não sei o que ganhariam com isso, mas pela empolgação do público, possuo uma ideia.

— Isso não prejudicará minha mãe ou nada do tipo... não é?

— Não, provavelmente só querem o público mais... interessado em você.— ele suspira.— Às coisas estão vindo de maneira muito fácil... tenho certeza que já é uma das favoritas.

— O que quer dizer? — questiono.

Me ajeito na cama e me movo até conseguir ver seu rosto. Nunca o vi tão sério e abalado. Não parece nada com o garotinho de minha infância, é um homem.

— Você precisa saber uma coisa sobre mim.— ele suspira, mais de uma vez, parecendo tenso.— Quando tive minha vez nos Jogos, era como você, ganhava muitos elogios, muitos sorrisos e... pessoas me cantando em todos os lugares. Todos os Tributos me tinham como alvo, mas de alguma forma, todos os patrocínios iam para mim. Recebi um Tridente de ferro, o patrocínio mais caro que já existiu desde então, achei que apenas... tinham muita fé em mim... — ele suspira profundamente.— Eles me queriam vivo para outra coisa. Eu tinha 15 anos, alguns meses depois da turnê dos vitoriosos, quando me procuraram e me levaram para Capital. Eu estava ainda mais maduro e... alto e parecendo mais como um homem. Muitas pessoas me desejavam, me queriam, e estavam dispostas a pagar por isso.

Não gosto do rumo dessa conversa, não gosto nenhum pouco.

— Eu não fui o primeiro, e também não serei o último vitorioso a ser... acho que você já entendeu.— ele estava falando tão baixinho. Seus olhos estão fechados.— Snow deixou entre linhas não ditas que minha família pagaria se eu não fizesse parte de tudo aquilo... e eu só... não tive coragem de arrisca-los. Passei a morar aqui na Capital, em um prédio mais chique que poderia imaginar, a servir como brinquedo sexual de pessoas milionárias que se sentiam atraídas por mim e estavam dispostas a pagar seja lá quantos milhões eram cobradas...

70° edição dos Jogos Vorazes Onde histórias criam vida. Descubra agora