— É tortura... — ela choraminga com a dor, os olhinhos apertados. — Amor... Finnick, está doendo.— Só mais 5 vezes e paramos.— eu digo, com pena, mesmo sabendo que é necessário. Desço minhas mãos pela sua panturrilha e massageio onde ela mais reclama de dor. Estudei vários livros sobre gestações e em quase todos deixava claro que Yoga e Pilates ajudavam no parto, então aprendi algumas coisas e a obrigo a me deixar fazer nela.— Você sabe que isso vai te ajudar, talvez eu não esteja aqui para o parto... mas quero me certificar que você passe por isso tranquilamente... nada como... o que minha mãe passou.
Escuto ela fungar, seus hormônios estão transformando-a em uma coisinha chorosa e instável. Tenho sempre que tomar muito cuidado com cada palavra que digo. Não sei se dessa vez é porque citei minha falecida mãe, ou o fato de que talvez eu não esteja aqui quando ela estiver em trabalho de parto. Malia puxa um travesseiro para cobrir seu rosto e começa um choro baixinho.
Solto sua perna com cuidado, engatinho na cama até estar perto do rosto, tiro o travesseiro e a vejo com o rosto molhado. Meu coração se parte, me inclino beijando sua bochecha, limpando suas lágrimas, minha mão desliza quase que instantaneamente para acariciar a barriguinha inchada de 5 meses. Daqui algumas semanas estarei de volta na arena, e perderei todo o resto. Não consigo dormir sem rever em minha mente todos os dias os planos que Beetee e Haymitch me explicaram.
Sei que talvez chegue à hora que eu precise morrer por Peeta ou Katniss, sei disso, mas nada me fará voltar a decisão de participar de tudo. Se minha mulher e minha filha puderem viver em um mundo seguro, justo, sem ter que temer cada ano no dia da colheita, eu me colocaria na forca mais um milhão de vezes.
Malia não sabe desse plano, não com os detalhes. Fui bem claro em minhas exigências, assim que Beetee destruir à arena, minha noiva já deverá estar a caminho do Distrito 13, assim como todos da nossa família. Malia sabe da existência do último Distrito, sabe que se tudo der certo partiremos para lá, ela só não sabe que todos concordamos em morrer pelos dois em troca de salvar nossas famílias.
— Você tem noção do quanto eu te amo? — sussurro, beijando suas pálpebras, sua bochecha.— Você é meu mundo, Malia... é tudo pra mim... Cada minuto, cada segundo naquela arena eu estarei pensando em você... pensando na nossa filha, e na vida que teremos juntos. Você voltou pra minha vida... não pretendo deixa-la agora.
Minhas palavras não a acalmam como achei que fariam, ela chora ainda mais. Um dos motivos para eu não contar a verdade toda, é que eu sei que ela não aguentaria, não permitiria. Malia está tendo crises constantes de ansiedade, quase sempre sou acordado com seus gritos por ter pesadelos. O médico já deixou claro que não podemos em hipótese nenhuma deixa-la passar por situações de estresse, de emoções fortes. Não sei como ela enfrentará sozinha ficar no prédio dos idealizadores, porque apesar de não ir para a arena, ela será obrigada a ir como mentora. Haymitch me prometeu que ele ou Peeta cuidarão dela, ficarão de olho, mas ainda tenho medo.
— Pare de chorar, meu amor... nossa bebê vai achar que estou fazendo mal a você.— eu brinco e a vejo rir entre às lágrimas.— Vai achar que a mamãe é uma chorona... — me abaixo para beijar sua barriga, rio com suas risadas porque sei que ela sente cócegas. Sua barriga é tão pequena que com algumas roupas ninguém pode dizer que ela está carregando um bebê. Fiquei preocupado quando percebi que não mudava, mas o médico disse que era normal, que estava tudo bem.
Nós descemos para se juntar com nossa família minutos depois, a maioria estava espalhada. Meus irmãos juntos na mesa, discutindo como sempre. Cora com os dois menores na sala. O único que não vejo é Simon, mas ele costuma a desaparecer na casa da namorada.
— Olha só quem decidiu aparecer.— Theo maneia a cabeça para nós dois.
— Você está adorável, Malia.— Caio fala. Semicerro os olhos na direção dele, mas seu comentário a faz rir e passar à mão na barriga.
— Obrigada.— ela diz com um sorrisinho. Puxo a cadeira para ela sentar, e me sento ao seu lado, vejo às opções que temos para o café da manhã, e vejo a careta que minha noiva faz. — Queria panquecas.
Seus olhos brilham na minha direção. Não há nenhuma na mesa, ninguém fez hoje. Me levanto para pegar todos os ingredientes, aguentando às piadinhas de Tyson e Theo, me dizendo que virei escravo de mulher. Davi me ajuda a rechear-las, porque Malia prefere com chocolate. Seu sorriso é o mais lindo do mundo quando eu termino às suas e ela vê o prato em sua frente.
— Que suco você prefere? — eu pergunto.
— O de laranja.— murmura.
Quando termino às minhas e começo a comer, alguém bate na porta. Davi se prontifica a atender. Enquanto isso pego Malia olhando para minhas panquecas, logo após de terminar às suas. Não consigo segurar à risada.
— Pode pegar às minhas, vou comer o pão.— eu digo depois de beija-la na testa.
— Eu não queria... mas tudo bem se você não for comer.— ela dá de ombros e rouba meu prato.— Acho que ainda vai ser pouco, estou com muita, muita fome mesmo.
Sua mão alisa sua barriguinha enquanto ela come, ela é linda.
— Precisa que eu faça mais? — pergunto, vendo ela devorando às minhas.
—... e se a gente sair e ir em alguma padaria? Quero alguns docinhos, talvez um salgado frito...— Malia me olha, um sorrisinho animado.— O que acha, amor?
Malia sabe direitinho que eu nunca nego nada que ela queira, ainda mais quando me chama assim.
— Você vai virar uma bola.— Theo resmunga do outro lado da mesa.
Estou prestes a responde-lo quando Davi entra na cozinha com uma cesta grande de rosas brancas, o cheiro forte e doce faz minha cabeça doer. Malia rapidamente se levanta e se coloca à muitos passos de distância, a mão na boca.
— Que porra é essa? — reconheço de imediato de onde são as rosas. Puxo o cartão dourado com o selo da Capital.— Quem entregou isto?
— Apenas bateram na porta, não havia ninguém.— meu irmão diz baixo.— Eu procurei, mas não tinha, eu juro.
Meus olhos estão presos na frase escrita com uma letra impecável: "Felicitações pelo bebê, um filho de um vitorioso é um filho da Capital também" .
— O que é? — Malia pergunta de longe.— O que foi?
— Só diz aqui que é da Capital... acho que foi presente para todos os Vitoriosos.— minto.— Davi jogue isso fora, antes que minha cabeça exploda.
Jogo o cartão no lixo, depois que Davi sai com às flores aos poucos Malia volta para a cozinha e se senta em seu lugar.
Está sendo quase impossível disfarçar minha raiva e ignorar o fato de que sabem que Malia está grávida, e de terem dito que a nossa bebê é deles também. Minha filha, que tem apenas 5 meses, que mal se formou direito.
Meus punhos se apertam, perco totalmente o apetite. Isso foi uma ameaça, é claro que foi. Querem mostrar que tem ciência sobre nossas vidas, que ainda nos controlam. Que nossa filha os pertence.
— Você me espera trocar de roupa para sairmos? — Malia pergunta tocando em minha mão.
— Espero, meu amor, pode ir.
Malia abre um sorriso e beija minha bochecha. Ela desce da cadeira e some entre à entrada da sala.
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70° edição dos Jogos Vorazes
FanfictionPerto de completar seus tão esperados 19 anos, Malia Dareaux estava contente por ser seu último ano sendo obrigada a escrever seu nome para ser sorteada como Tributo para os Jogos Vorazes. Ela sabia que depois desse fatídico dia, não teria mais que...