O vento frio faz com que eu me enrole mais na manta. Meus olhos focados na fogueira em minha frente, onde meu irmão está brincando com o fogo, atirando tudo que vê pela frente e se divertindo com às chamas. Observo com inveja os irmãos de Finnick se banharem no mar à luz da lua, consigo escutar suas gargalhadas de longe. Me encolho um pouco e observo Mags derretendo um marshmallow na fogueira.— Estou achando que é demais.— indico o saco em seu colo.— Você pode comer tantos doces assim, Mags?
Seu olhar para mim é de advertência. Mags me diz para cuidar da minha própria vida, e do meu filho, em vez de se preocupar com ela. Reviro os olhos e cruzo meus braços.
Meu filho.
Penso nisso em todos os momentos do meu dia, em cada segundo, em cada coisa que eu faça. Em outras circunstâncias, em outra vida, eu seria a mulher mais feliz do mundo, noiva de um homem maravilhoso, grávida de uma criança que será perfeita. Mas o mundo não é outro e a realidade me mata. Estou com tanto medo, com tanta culpa em meus ombros, por ser tão irresponsável e deixar que isso acontecesse, por colocar alguém no mundo para sofrer.
Finnick não está bem, está péssimo. Ele finge que está tudo sobre controle, que nós conseguiremos passar por isso, que ele voltará da arena. Mas todas às noites escuto seu choro, ouço seus medos sem que ele precise dizer em palavras. Se ele não ganhar novamente, não verá nosso filho nascer, e isso está deixando-o louco. E se Finnick ganhar, significa que Mags não estará aqui com a gente.
Minha mente me sabota quase todo tempo. Meus pesadelos se tornaram constantes, tenho medo de dormir e ver alguém que amo sofrer nas mãos da Capital. Em outros sonhos, tenho um bebê em meus braços, roxo e sem vida. Em alguns, Snow o matou, em outros, eu mesma. Então, vejo meu noivo morrendo na arena. Todas às vezes que acordo berrando, Finnick está lá para me segurar quando o mundo parece desabar em meus ombros.
— Não seja dura, Mags. Malia só está preocupada, e ela está certa.— Finnick diz, seu polegar fazendo carinho nas costas da minha mão. — O que seu médico disse?
Eu achava Mags uma gracinha quando não entendia às coisas que ela dizia. Ela está sempre com um sorriso doce, os olhos puros, ela é fofa. Até eu começar a entender, e perceber que ela xinga à todo momento. Mags se irrita com nós dois, pega um graveto e derrete uns 5 marshmallows de uma vez, então se levanta e some no rumo da sua casa, onde ela mora sozinha porque se recusa a morar conosco.
Finnick e eu nós entreolhamos, então rimos baixinho. Ele se inclina e me beija rapidamente. Fecho os olhos e deito a cabeça em seu ombro.
— Zyan, sabia que quem mexe com fogo faz xixi na cama? — Finnick o perturba.
Meu irmão o olha, prestes a jogar a própria camisa. Eu não falo nada porque quando mamãe ver vai lhe dar uma bronca, e eu me divirto sempre com a briga dos dois.
— Você está mentindo.— ele murmura, constrangido, às bochechas coradas. Meu irmão fez xixi na cama há dois dias, e quando June descobriu, riu tanto da sua cara que eles agora estão se estranhando. — Então os homens da caverna se mijavam todos os dias?
Encaro Finnick, esperando sua resposta, ele sempre subestima o cérebro do meu irmão. Eu mordo o lábio prendendo à risada.
— Eles eram adultos, adultos tem o sono leve.— meu noivo responde. Seus dedos deslizam em meu braço.— O fogo vai mexer com à sua cabeça e não vai deixar você sentir à vontade de ir no banheiro.
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70° edição dos Jogos Vorazes
FanfictionPerto de completar seus tão esperados 19 anos, Malia Dareaux estava contente por ser seu último ano sendo obrigada a escrever seu nome para ser sorteada como Tributo para os Jogos Vorazes. Ela sabia que depois desse fatídico dia, não teria mais que...