Capítulo 38

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— Vamos fazer Katniss Everdeen vestir-se com estilo em sua cerimônia de casamento! — grita
Caesar Flickerman para a multidão.

Malia se move desconfortável em meu colo, resmungando. Alcanço o controle da televisão e abaixo um pouco o volume para não incomoda-la em seu sono. Ela está dormindo desde o termino do almoço, onde ela também não comeu muita coisa. Theo e Tyson estão dividindo um sofá no canto. Cora está com June em outro. Simon está sentado conosco, os pés de Malia estão em seu colo. Zyan está no chão. Não faço ideia de onde está Caio ou Davi.

— Isso é muito chato. — Tyson reclama, os braços cruzados.— É ridículo que não temos a opção de mudar de canal até acabar esse programa idiota.

Eu rio um pouco, mas meu movimento faz Malia se mexer, vejo seus olhos cinzentos se abrirem, ela olha em volta, confusa, mas se acalma assim que me vê. Abro um sorriso ao ver seus olhinhos cansados, arrumo às mechas de cabelo rebelde e ela logo fecha os olhos de novo suspirando.

Caesar começa a dizer que nós devemos ficar sintonizados para o próximo grande evento da noite. — É isso aí, esse ano será o aniversário de 75 anos dos Jogos Vorazes, e isso significa que é o ano de nosso terceiro Massacre Quaternário!

— Malia...— toco em seu rosto a balançando devagar.— Estão falando do Massacre Quaternário... ei...

— hum? — ela resmunga preguiçosamente.

— A leitura do cartão, é agora.— eu falo e a faço se sentar devagar. Ela está atordoada, mas entende rapidamente. Malia se enrosca em mim, puxando os pés para cima do sofá.

O hino é tocado e minha garganta fica apertada de nojo quando o presidente Snow sobe ao palco. Ele é seguido por um jovem vestido com um terno branco, segurando uma caixa de madeira comum. O hino acaba e o presidente Snow começa a falar, para lembrar a todos dos Dias Escuros, dos quais nasceram os Jogos Vorazes. Quando as leis relacionadas aos Jogos foram elaboradas, elas ditaram que, a cada 25 anos o aniversário seria marcado por um Massacre Quaternário. Elas convocariam uma versão glorificada dos Jogos com o intuito de refrescar a memória daqueles que foram mortos pela rebelião dos distritos.

Essas palavras não poderiam ser mais diretas, já que agora sabemos que diversos distritos estão se rebelando nesse exato momento.

Malia ri com ironia.

O presidente Snow continua nos contando o que aconteceu nas últimas edições do Massacre Quaternário.

– No aniversário de 25 anos, para que os rebeldes se lembrassem de que seus filhos estavam morrendo por seus pais terem escolhido iniciar a violência, cada distrito fez uma votação para escolher os tributos que o representariam.

Imagino como eles devem ter se sentido. Selecionando as crianças que deveriam ir. Acho que é pior ser entregue por seu próprio vizinho do que ter seu nome tirado em uma bola.

– No aniversário de cinquenta anos – continua o presidente –, para que ninguém se esquecesse de que dois rebeldes haviam morrido para cada cidadão da Capital, cada distrito teve de enviar duas vezes o número de tributos.

— Haymitch venceu esse ano, não é? — Malia pergunta e eu assinto, concentrado na televisão.— Ele devia ser muito forte.

— E inteligente.— Simon continua.

– E agora nós temos a honra de realizar o terceiro Massacre Quaternário – diz o presidente. O garotinho de branco dá alguns passos à frente, estendendo a caixa enquanto a abre. Vemos as fileiras muito bem-arrumadas de envelopes amarelados. Quem quer que tenha pensado o sistema do Massacre Quaternário tinha em vista
séculos de Jogos Vorazes. O presidente retira um envelope visivelmente marcado com o número 75. Ele passa um dedo embaixo da aba e puxa um pedacinho de papel quadrado. Sem hesitar, ele lê: – No aniversário de setenta e cinco anos, para que os rebeldes não se esqueçam de que até mesmo o mais forte dentre eles não pode superar o poder da Capital, o tributo masculino e o tributo feminino serão coletados a partir do rol de vitoriosos vivos.

70° edição dos Jogos Vorazes Onde histórias criam vida. Descubra agora