70° edição dos Jogos Vorazes

Capítulo 24

Entramos no elevador e subimos até o nível em que realizamos nosso treinamento. É de praxe que o vitorioso e sua equipe de apoio surjam da parte de baixo do palco. Primeiro a equipe de preparação, seguida do acompanhante, do estilista, do mentor e, finalmente, do vitorioso.

O ribombar da multidão é ensurdecedor, de modo que não reparo a presença de Finnick até ele me tocar o ombro. Dou um salto, surpresa, metade de meu ser ainda vivendo o medo da arena.

— Calma, sou eu. Vamos dar uma olhada em você.— diz Finnick. Estendo meu braço e ele segura minha mão, dou uma voltinha. Vejo um sorriso.— Está uma delícia.

— Eu só não gostei disso.— toquei a base do meu peito, incomodada com o enchimento.— Fenty me disse que queriam me alterar cirurgicamente... obrigada por não permitir.

— Você é perfeita naturalmente, e nova demais para coisas assim.— ele diz quando rodeia minha cintura. Enlaço seu pescoço com meus braços e ele se inclina beijando minha boca.— Para dar sorte.

— Quando chegarmos em casa vamos terminar o que começamos em meus aposentos naquele dia.— eu digo baixinho, um sussurro.

Uma sombra escura cobre sua íris e, eu inspiro todo o ar possível quando ele morde o lábio inferior, me observando como se eu fosse uma presa e ele um animal cheio de fome. Nós dois sorrimos, porque eu não consigo evitar ao ver o seu.

— Faremos tudo o que você quiser.— ele diz baixinho tocando meu rosto.

Ele me beija novamente, não só um selinho, mas de verdade, uma promessa para o que faremos em breve. Mesmo com os saltos, tenho dificuldades para ficar confortável, porque Finnick simplesmente é alto demais. Ele se inclina e se abaixa alguns centímetros. É fácil me perder em seu beijo, em qualquer coisa que ele faça comigo, estou sempre, todo momento, focada nele, é como se fosse algo inevitável.

Uma tosse nos faz parar abruptamente. Encosto a cabeça em seu peito, me escondendo, morrendo de vergonha, e Finnick diminui o aperto em meu corpo. Sinto que vou queimar.

— Já estamos indo Mags.— ele responde, calmo, seus dedos subindo e descendo em minha coluna.— Eu sei... sim... está bem.

Não quero olhar para ela, mas o faço. A vejo escorada na parede com os braços cruzados, apesar de fingir estar séria, seus olhos brilham para nós dois. Eu já a amo como alguém da família.

Ela fala mais algumas coisas, e Finnick repete que já estamos indo. Quando Mags se vai, ele me olha e me dá um último selinho.

— Linda.— sussurra com os lábios quase colados no meu.

— Quero que me ensine essa linguagem em sinais... para eu me comunicar com ela também.— peço, e vejo seu rosto se iluminar.— O que é?

— Nada, amor. Depois faremos isso. — Finnick me solta, mas mantém nossos dedos entrelaçados.— Está pronta?

— Não.

— Eu sabia que diria isso — ele ri enquanto me conduz.

O cheiro úmido e rançoso do espaço abaixo do palco ameaça me trás ânsias de vômito. Um suor pegajoso surge em minha pele e não consigo me livrar da sensação de que os estrados acima de minha cabeça estão a ponto de cair e me enterrar viva embaixo dos destroços.

O hino retumba em meus ouvidos, e ouço Caesar Flickerman saudando o público. A multidão irrompe em aplausos quando a equipe de preparação é apresentada. Imagino Pall, Gina e Steve gingando em direção ao palco e recebendo as mais ridículas mesuras. Então, Lark é apresentado. Quanto tempo ele não esperou por esse momento.