Bonús 2

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Eu não era um cara ciumento.

Não na maioria das vezes pelo menos. Mas no momento, eu estava indo contra todos os ideais de confiança em que acreditava, porque minha cabeça estava enviando os mais sujos sinais de alerta sobre as intenções daquele homem ao lado da minha esposa. Malia estava conversando alegremente com ele, com um sorriso no rosto e gesticulando muito com às mãos, e ela só falava daquele jeito quando estava muito empolgada. Em algum momento ele se aproximou para falar algo em seu ouvido e ela gargalhou jogando a cabeça para trás, depois se virou na direção onde eu estava e apontou a mão sorrindo. O cara olhou em nossa direção com um sorriso também, ele era familiar de alguma forma, mas eu não o conhecia, e estava prestes a me levantar e ir até lá, e perguntar qual bebida Malia queria pedir que era tão longa e tão engraçada para demorar tantos minutos.

Louis soltou um gritinho de onde estava sentado, os olhos presos na mãe também. Meu filho estava coberto de protetor solar em todos os lugares, mas mesmo assim colocamos ele embaixo do guarda-sol maior, sentado em uma toalha, e o deixamos brincando na areia. Olhei envolta em busca de Alice e a vi na beira da praia, pulando ondas junto com June. E eu não fazia ideia de onde Zyan estava, nem Caio e Johanna que sumiram dizendo que iam em casa buscar as pranchas para surfarem. Aquilo já fazia uns 40 minutos, e nossa casa era apenas 7 minutos de distância daquela parte da praia. Eu nem queria imaginar o que estavam fazendo.

Quando voltei a atenção a Malia, depois de tirar uma quantidade excessiva de areia presa na calçola de Louis, ela já estava se aproximando da nossa tenda, um sorriso enorme no rosto e os olhos brilhantes e uma bandeja com 4 copos e uma garrafa. Tentei conter a cara feia, e engolir o sentimento ruim que tomou meu corpo. Eu já estava me arrependendo de ir para praia.

— Peguei seu drink favorito, duas limonadas para Zyan e June, água para os bebês e uma Piña Colada pra mim — ela diz categórica, parecendo orgulhosa de si mesmo.

Eu a observo se sentar do meu lado e se inclinar rapidamente impedindo que Louis enfiasse areia na boca, ela dá uma bronca nele que o arranca uma gargalhada gostosa, porque ele nunca leva nada a serio. Então seus olhos se erguem e ela procura nossa filha, e só ai relaxa na cadeira e pega sua bebida.

— Você demorou — digo, tentando não soar irritado.— O papo estava bom?

Minha tentativa de não demonstrar deve ter ido para o ralo, porque Malia apenas ergue o olhar, parecendo se divertir comigo. Seus lábios estão envolta do canudo e ela me encara nos olhos, parecendo ler algo em meu rosto. Eu mal consigo manter minha raiva quando ela me olha assim. A filha da mãe é tão bonita que parece que está constantemente em um comercial de televisão, ficando perfeita em todos os ângulos possíveis. Eu mal posso culpar o cara por querer-la, é quase impossível não sentir atração por Malia, podia contar nos dedos às pessoas que eram capazes daquele feito. Solto um suspiro exasperado quando ela deita a cabeça para trás e começa a rir.

— Não entendi a graça.

Meu resmungo a diverte ainda mais.

— Está com ciúmes, bebê? — ela pergunta ainda rindo da minha cara, deixando à bebida na mesa e se inclinando para mim.

Tento não fazer careta e cruzar os braços como uma criança.

— Estou — admito e vejo seu sorriso aumentar.— Não tinha necessidade de você ficar lá conversando com aquele sujeito todos esses minutos, mesmo que estivesse esperando as bebidas, a função dele é trazer-las para nós. Quero saber o que de bom estavam conversando para distrai-la tanto.

Ainda sorrindo ela segura minha mão que contem nossa aliança e brinca com meu anel, girando de um lado para o outro.

— Aquele sujeito, meu amor, é o irmão do marido da Maven, cunhado dela, nós dois o conhecemos a uns meses atrás, na festa de ano novo, lembra? — ela diz, me olhando. Quando não respondo, ela continua: — Acho que não lembra, porque se não, lembraria também que o único motivo para Theo concordar em se juntar a nós mais tarde é porque ele sabia que seu peguete estaria trabalhando aqui hoje. E também entenderia que eu estava apontando na sua direção, para indicar onde estaríamos, junto com Theo, quando ele acabasse seu expediente.

70° edição dos Jogos Vorazes Onde histórias criam vida. Descubra agora