Epílogo

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Sinto beijinhos e lambidas molhadas sendo distribuídas por todo o meu rosto, sou acordada aos poucos com um cheiro conhecido até demais. Eu não preciso abrir os olhos para saber que o Golden Retriever de três meses de idade, que Alice ganhou a algumas semanas antes em seu aniversário de cinco anos, está em cima de mim. Resmungo por ser acordada e tento alcançar com preguiça meu marido que ainda deve estar dormindo. Mas ao ouvir às risadas sussurradas eu sei que não vou encontra-lo.

— Acorda mamãe — escuto a voz de Alice, e então suas mãozinhas minúsculas estão me chacoalhando. — Acorda mamãeee!

— Sem gritar, princesa — Finnick pede.

— Acorda mamãe — ela sussurra dessa vez, me arrancando uma risada.

Eu abro os olhos e vejo uma figura loira de cabelos em pé, como se tivesse levado um choque, o pijama ainda está no corpo e os olhos inchadinhos de sono. Ao seu lado, Finnick já tem os cabelos molhados pelo banho, e roupas diferentes da qual ele foi dormir, que no caso é mais que uma cueca apertada.

— Feliz aniversário! — os dois dizem juntos, sorrisos enormes.

Quero resmungar e pedir de presente mais alguns minutinhos na cama. E é exatamente isso que faço.

— Meu amor, levanta — Finnick me puxa e tenta me segurar sentada. Meu corpo mole quase desfalece para trás.— Nós temos um itinerário, lembra?

— Cinco minutinhos — choramingo.

Existe uma criança e um cachorro que não me deixam em paz. Alice pula em cima de mim, se senta em minha barriga e me dá vários beijinhos doces, enquanto repete várias vezes que me ama o dobro do resultado de um milhão vezes mil. É impossível negar algo a ela, principalmente quando ela me lança o olhar mais cheio de expectativas do mundo e um brilho tão grande distante de qualquer terror ou medo.

Finnick agarra nossa filha pela cintura e a coloca em seu pescoço, a fazendo gritar alto e rir escandalosamente. Ele a segura, uma mão em seus ombros e a outra na perna, quando se inclina e me beija também.

— Vou arruma-la enquanto você se arruma — ele diz, e abre um sorriso.— Te amo.

Os dois saem do quarto com ele correndo para faze-la rir ainda mais. Eu me sento melhor, contra minha vontade e encaro Billy John, o cachorro. Ele late fino, e se esfrega em meu colo. Rio baixinho afagando atrás das suas orelhas peludas.

— Bom dia, neneco... bom dia lindão — minha voz se afeta sem mesmo que eu perceba. — Que gracinha mais linda. Quem é o garotão? Quem é o garotão?!

Eu o seguro em meus braços e ganho uma lambida generosa em minha bochecha. Fico mais alguns minutinhos dando atenção a ele, antes de me jogar no banheiro e tomar o banho mais rápido do mundo. Eu escolho um vestido longo sem mangas e com uma estampa bonitinha, deixo meu cabelo solto em ondas e uma maquiagem simples e rápida. Passo perfume e desodorante, escolho algumas joias e calço uma rasteirinha confortável.

Finnick e Alice já estão no andar de baixo me esperando, com Billy John preso na coleira que minha filha está concentrada segurando, temendo que ele fuja.

— Rápido mamãe, estou com fome!

Eu me apresso sabendo que criei um pequeno dragão.

— Você está linda — Finnick diz quando eu passo.

— Obrigada — sorrio.

— Rápido!

O itinerário feito por Alice é guardado na bolsinha que eu levo, por isso eu me sinto no dever de olha-lo. Começa com um café da manhã na orla da praia, em seguida ir em minhas lojas favoritas de sapato, uma joalheria e uma passada na loja de brinquedos. No almoço a família inteira vai nos encontrar em um restaurante de especiarias, o seu favorito, não o meu, rio com isso. À noite é mais um jantar que o papai vai cozinhar, e a comida vai ser a sua favorita também, não à minha. No final há um ps, escrito que o papai vai pagar tudo. Não consigo não rir com a escrita em garranchos de uma criança que acabou de aprender a escrever. Alice colocou várias figurinhas e jogou lantejoulas em tudo que é espaço disponível.

70° edição dos Jogos Vorazes Onde histórias criam vida. Descubra agora