Capítulo 58

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Um vestido longo de seda branco foi enviado ao estúdio onde estão me arrumando. É bonito e delicado, uma boa escolha, penso onde eles arrumaram já que não possuem muita variedades de roupas ali, mas logo descarto os pensamentos. A equipe de Katniss prepara meu cabelo em cachos e prende minhas mechas em cima da cabeça para por o véu. Sou colocada em saltos altos e minha maquiagem é feita com o mínimo dos materiais possíveis, deixando minhas sardas em evidência, e escondendo apenas minhas olheiras.

Eu ignoro cada tentativa de conversa que tentam fazer comigo. Não gostei de ser arrancada da cama logo cedo, de terem interrompido meu sono e o de Finnick que não dorme bem à dias. E apesar de o casamento ser às pressas, não ser nada como sonhamos ou queríamos, estou completamente nervosa. Mais que nervosa. Minhas mãos soam constantemente e eu tenho a sensação que colocarei para fora tudo que ingeri nos últimos dias, o que seria realmente péssimo.

Eu recuperei uma pequena parte dos quilos que perdi na Capital, mas ainda estou magra demais para me considerar atraente como antes. Meus seios não produziram leite e estão pequenos pela minha perca de peso, de modo que precisaram apertar-lo no busto. Me sinto incomodada, talvez seja pelo nervosismo.

— Trouxe o almoço — minha mãe fala ao passar pela porta. Um sorriso enorme quando me vê.— Você realmente puxou à mim, está linda.

Seu comentário me faz rir um pouco.

— Oi mamãe — murmuro.— Onde está Zyan?

— Deixei ele se arrumando com Tyson, não havia roupas diferentes para nenhum de nós, mas ele quis cortar o cabelo — minha mãe ri e coloca a bandeja em meu colo.

— Oh, oh! Cuidado com o vestido! — a mulher da equipe diz, não faço ideia de qual seja seu nome. — Deixe que eu dou comida a você.

— Eu posso comer sozinha, tenho certeza — eu digo, puxando a bandeja da sua mão. Desço da cadeira de onde estava e vou até à mesa do centro.

Minha mãe me faz companhia durante todo o meu almoço, que demora horas, porque tenho muito cuidado e pego porções muito pequenas temendo derrubar em meu vestido e estragar tudo.

Minha mente começa a me sabotar me fazendo lembrar da minha filha que está na Capital. Penso que é errado eu ter esses pequenos momentos de felicidade, que é errado eu estar ali sem ela. Então a preocupação me apunha-la no estômago ao pensar que algo ruim pode estar acontecendo no exato momento em que eu estiver feliz. É injusto, sou uma péssima mãe.

Plutarch me acalmou em um momento, disse que por mais sádico que Snow fosse, às pessoas envolta dele não o deixariam fazer mal a um bebê. Que ela deve estar bem e segura, que será usada contra nós, mas não será machucada. Eu tento me agarrar à suas palavras, tento me lembrar que ele era da Capital, que sabe como às pessoas de lá são.

Os arrumadores precisam retocar toda a minha maquiagem por causa do meu choro, e quando finalmente terminam, sou alertada que está na hora. Sou conduzida até o elevador, e Plutarch aperta em um dos botões, fico encarando o aparelho que mostra que estamos descendo cada vez mais.

— Está nervosa? — ele pergunta.

Aceno com a cabeça, respirando fundo.

— Muito — sussurro.

— Finnick está pior, acredite, ele estava chorando a meia hora atrás e Haymitch precisou acalma-lo.— ele ri um pouco.

Não consigo não rir também, porque imagino com perfeição a cena. Nos últimos anos me tornei uma pessoa muito sensível e que chora sempre, mas Finnick é ainda pior, qualquer coisa é motivo para ele chorar, seja por estresse, por medo, felicidade, ansiedade, nervosismo. Eu amo isso nele, amo tudo e qualquer coisa que ele faça.

70° edição dos Jogos Vorazes Onde histórias criam vida. Descubra agora