Capítulo 26

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Acordo aquecida, descansada e tranquila.

Segura.

A luz do sol está entrando no quarto pelas fissuras da cortina mal fechada, o dia parece ter acabado de começar, julgando pelas cores que consigo ver. Os braços de Finnick me envolvem, sua respiração profunda e constante me faz perceber que está em um sono pesado. É a primeira vez que acordo antes dele, que ele não se obriga a sair durante a madrugada para ninguém o ver. O efeito que isso causa em mim me faz rir.

O que ele fez comigo na noite anterior...

Com cuidado, me viro para olhar para Finnick, seus braços me apertam, me mantendo no lugar, como se não quisesse me deixar ir. Escuto seu resmungo manhoso, meu estômago se dobra em ansiedade para vê-lo e eu me desvencilho dos braços para olha-lo. Finnick está lutando para abrir os olhos, como um recém-nascido, ele resmunga de novo, mas o sono está muito pesado.

Eu não consigo não sorrir como uma idiota. Ele é simplesmente bonito demais para o próprio bem, dorme como uma criança, os lábios entreabertos, o nariz perfeitinho, seus cílios longos, às pouquíssimas sardas. Deslizo um dos meus dedos, em sua pele, na sua bochecha rosada. Sua barba está crescendo, tenho certeza que ele a tira quase todos os dias, quase não da de ver porque os pelos são claros.

Uma curiosidade me faz querer acorda-lo, e eu o faço, o balançando devagar. Movendo meu dedos até sua orelha rosada, a aperto e rio quando ele bate de leve na minha mão.

— Malia...

— Ei, tenho uma pergunta.— sussurro. Seus olhos finalmente se abrem. São tão claros.— É um pouco pessoal...

— Bom dia, primeiro.— ele resmunga. Me inclino roçando nossos lábios, depositando um beijinho. Ele sorri de imediato.— Pode falar.

— Seus pelos... de baixo, são ruivos ou loirinhos?

Finnick tosse, se engasga, e quando se recupera, me olha como se eu fosse um problema que ele não sabe resolver. Ele começa a rir alto e se deita de costas colocando a mão no rosto, sem parar de rir. Subo em seu corpo, animada com sua risada. Percebo minhas pernas levemente dormentes, de um jeito que me agrada.

— Você não existe. — ele diz entre risadas.

— Estou curiosa de verdade, estava vendo sua barba quase crescendo em seu queixo e... não sei, fiquei curiosa.

Finnick rodeia minha cintura com o braço, e me segura quando se senta e encosta às costas na cabeceira. Percebo que ele está duro como uma pedra, e ele rapidamente explica que todos os homens ficam assim quando acordam.

— Não está grande, mas acho que dá de ver. Você quer olhar? — ele pergunta e eu assinto freneticamente.

Me afasto um pouco ficando sentada parte em suas coxas e parte em seu colo. Finnick puxa o tecido da cueca e eu espio lá dentro. Não dá de ver muita coisa, não consigo nem ter ideia do seu tamanho. Mas vejo às minúsculas pontinhas de fios crescendo, claras demais, fios loirinhos como seus cabelos, não como o loiro escuro, mas um mais clarinho.

— Não acredito.— sussurro. — Isso é muito legal!

Finnick cobre a única faixa de pele que me deixou ver, e segura meu queixo para olha-lo. Me perco na imensidão dos seus olhos, em como são familiares.

— Você é tão esquisita às vezes.— ele diz em um tom de carinho. Sou beijada várias vezes, múltiplos selares, que me fazem sorrir.— Deve ser bem cedo para sua equipe não estar aqui te arrumando para a última entrevista. Eu te mato por me acordar, estava em um ótimo sonho.

Mordo seu lábio inferior, sugando-o e então desço os beijos para seu queixo, seu pescoço. Ele logo corta o meu barato e me segura me trazendo de volta.

— Se o sonho não foi comigo, você vai ter problemas para explicar que outra coisa deixou seu sonho ótimo, Finnick.— resmungo, brincando em beliscar sua bochecha. Qualquer lugar que eu toco deixa um rastro vermelho, ele é quase tão branco quanto eu, mas diferente de mim, ele é bronzeado e sexy, e eu pareço um pouco morta.

— Você não mudou nada mesmo.— seus dedos me puxam para sentar totalmente em seu colo novamente. Eu suspiro encarando sua boca vermelhinha.— Eu lembro quando eu tinha 8 anos, você 7, tinha um trabalho de escola e minha dupla era July Garner, você nem mesmo era da minha turma. E aí, nos viu juntos durante o recreio, e simplesmente andou até nós, batendo em todas às crianças pelo caminho, e puxou as tranças loiras da garota e a jogou no chão, e então se virou e me bateu com seus sapatos. — ele conta, rindo com a memória.

Sinto meu rosto queimar, porque lembro com perfeição desse dia. Lembro de me sentir traída e magoada, lembro do sentimento de raiva que me consumiu, de como eu adorei vê-la chorando no chão. De como nenhuma outra menina se aproximou dele depois disso. Finnick era meu, e eu simplesmente não dava outra alternativa. Agora sei como eu era realmente mimada e queria tudo que eu gostava apenas para mim, e quando não tinha, eu explodia.

— Desculpe por isso.— murmuro escondendo meu rosto em seu pescoço.

— Eu gostava na época... e gosto agora também.— ele sussurra perto do meu ouvido. Não me movo, fico inspirando seu cheiro por longos minutos. Finnick me trás uma sensação de paz e tranquilidade, se eu pudesse passaria todos os dias da minha vida com ele ao meu lado. — Amor?

— Hum?

— Preciso me aliviar, já está doendo.— ele resmunga e eu rio saindo do seu colo.

Fico deitada na cama, enrolada nos milhares de cobertores, não querendo que o dia prossiga. Sei que ainda terei uma última entrevista, dessa vez terei que falar sobre meu dias na arena, o que me motivou, e todas essas baboseiras, mas também tenho a certeza que a maioria delas serão sobre Finnick e eu.

Finnick se junta a mim logo depois, me abraçando por trás. Ele afasta meus cabelos e beija minhas costas, fica deslizando a ponta do seu nariz até que eu sinta cócegas e ria me desvencilhando. Me viro para ele e fico novamente como uma boba.

— Eu gosto de você... muito.— sussurro, tentando fazer com que ele entenda. Meus dedos tocam a lateral do seu rosto e ele abre um sorrisinho.

— Eu também te gosto muito... muito... muito... muito mesmo.— a cada intervalo de palavras sou beijada e eu não consigo fazer meu coração parar de bater como um louco. 

A batida na porta me arranca de um dos melhores momentos da minha vida. Finnick revira os olhos e me dá um último beijinho antes de se levantar para abri-la.

Gritinhos histéricos e barulhos de saltos denunciam a chegada da minha equipe. Tento fingir que estou morta mas sou basicamente arrancada da cama por Steve e Pall. Gina já está em meu banheiro preparando meu banho.

— Volto daqui alguns minutos com o seu café.— Finnick diz e sai do quarto me largando com os três loucos.

70° edição dos Jogos Vorazes Onde histórias criam vida. Descubra agora