Capítulo 49

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Beetee ainda está às voltas com a árvore, fazendo não sei o quê, medindo isso e aquilo. Em determinado momento, ele arranca uma casca do tronco da árvore, junta-se a nós e a joga contra o campo de força. Ela é repelida e aterrissa no chão, brilhando. Em poucos instantes a casca volta à sua cor original.

– Bom, isso explica muita coisa – diz Beetee.

Eu rio, porque isso não explica absolutamente nada para nenhum de nós, exceto para Beetee, que parece bem satisfeito por concluir seus pensamentos.

Mais ou menos nessa hora, ouvimos cliques vindos do setor adjacente ao nosso. Isso significa que são onze horas. Faz muito mais barulho na selva do que fazia na praia na noite anterior. Ouvimos atentamente.

— Não é uma coisa mecânica — diz Beetee, decidido.

— Eu diria que são insetos — Katniss diz. — Talvez besouros.

— Alguma coisa com antenas — eu acrescento.

O som fica mais intenso, como se alertado para a proximidade de carne viva por nossas palavras abafadas. Seja lá o que estiver produzindo esses cliques, aposto que pode nos deixar no osso em questão de segundos.

— De qualquer maneira, é melhor a gente sair daqui — diz Johanna. — Falta menos de uma hora para o raio aparecer.

Entretanto, não vamos tão longe assim. Vamos apenas para a árvore idêntica na seção da chuva de sangue. Fazemos uma espécie de piquenique, agachados no chão, comendo nossa carne de caça e nossas nozes, esperando o raio que logo se faz presente. Por solicitação de Beetee, Katniss na copa da árvore quando os cliques começam a desaparecer. Quando ela desce, oferece uma série de palavras sobre a forma que o raio cai, e Beetee parece ainda mais satisfeito.

O plano todo está organizado para o horário noturno, será mais difícil de perseguir o aerodeslizador furtivo se quase ninguém conseguir vê-lo. Sei que Beetee já preparou um específico, já cortou os rastreadores e o deixou pronto para a fulga. Pelo horário, Malia deve estar junto com Haymitch, devem estar se preparando para nos buscarem.

Começo a me sentir ansioso e apreensivo, o macacão em meu corpo age como uma jaula e eu me sinto preso. Me levanto do chão deixando minhas nozes sobre uma folha e fico em pé com a desculpa de montar uma guarda. O calor aqui dentro é ainda mais insuportável do que quando estávamos na praia, lá pelo menos podíamos sentir um breve vento das ondas.

— Come logo isso aqui antes que eu devore.— Johanna surge com minha parte da comida. Sei que ela não comerá nada que é meu, mas também não demonstrará afeto.— O que é que foi?

— Estou preocupado... com esse plano.— eu escolho bem minhas palavras, enquanto pego uma das nozes. Minha voz é baixinha quando eu concluo.— Sinto falta da Malia.

Johanna percebe que não falo do plano sobre queimar todos na praia, mas sim de destruir a arena, do plano de fugirmos daqui. Seus olhos se estreitam para cima do meu ombro, mas ela não diz nada, apenas assente em concordância, como se entendesse minhas preocupações.

— É melhor ela longe do que aqui dentro.— ela diz por fim.— Pelo menos ela deve estar refrescada, hidratada e alimentada.

Por mais que sua frase seja ensaiada, concordo com ela também. Johanna e eu voltamos ao grupo e nos sentamos no chão. Katniss está com os olhos cinzentos nos encarando firmemente, sua cabeça engenhosa provavelmente pensando que estávamos arrumando um plano para matar a ela e a todos assim que o plano falso de Beetee for concluído. Mais uma vez ela me faz lembrar de Malia quando chegou, totalmente desconfiada assim como ela, quando desconfiava até mesmo das minhas ações, que eu não à ajudaria.

70° edição dos Jogos Vorazes Onde histórias criam vida. Descubra agora