Capítulo 57

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O chocolate quente que Finnick arranjou para mim forma uma camada quentinha em meu estômago. Eu tomo cada gole como se fosse a coisa mais preciosa que já saboreei, porque de fato é. Ele conseguiu até mesmo alguns marshmallows brancos que estão derretendo com à fervura da bebida. É a melhor coisa que já me aconteceu em meses.

Finnick não para de me olhar, seus olhos cheio de amor e ternura, quentes e me trazendo conforto e paz. Seus olhos fixam em minha boca e ele começa a rir.

— O que é? — resmungo abaixando minha xícara e a deixando em meu colo.

Ele apenas estica seu braço e passa o polegar em cima da minha boca.

— Estava com o bigode maior que o meu, fiquei com inveja — ele brinca e leva o dedão até a boca lambendo o líquido doce.

Não consigo não rir.

É a primeira vez em dias que não acordo chorando ou gritando por algum pesadelo, que comecei a me estabilizar e organizar minhas prioridades. Finnick e nossa família me ajudam em cada minuto, cada segundo, cada um deles vem ao nosso quarto durante o dia, jogam conversa fora, falam sobre coisas sem sentido. Eu sei que é uma desculpa para passarem tempo comigo, e sou grata por isso.

— Está uma delícia — eu comento, bebendo mais um longo gole.— Onde você arrumou?

— Não há disso por aqui, mas eu percebi que Plutarch sempre estava com um copo. Ele trouxe seu próprio estoque da Capital... tenho certeza que não dará falta de uma capsula — ele diz, abrindo um sorrisinho.

— Obrigada, amor — eu digo, e vejo seu sorriso aumentar.

Finnick me faz comer mais um bocado de pãezinhos que ele arrumou, pedaços de bolo de trigo e bolachas de água e sal. É o cardápio mais variado que ele encontrou por aqui, segundo ele mesmo. Eu como sem reclamar.

Quando termino, meu noivo retira a bandeja do meu colo e engatinha até estar do meu lado. Nós nos deitamos juntinhos e enroscados, comigo inspirando o seu cheiro. Seus dedos fazendo um cafuné gostoso em meus cabelos.

— Simon me contou que em breve às tropas estarão na Capital, estão avançando com velocidade e só falta alguns pontos dos outros que ainda possuem pacificadores — eu digo olhando para minhas próprias mãos.— Ele me disse que posso treinar, que nós dois podemos aprender a manusear àquelas armas... que podemos ir...

— Não, não... você não vai.— ele diz firme, me cortando.

— Me deixe terminar de falar — eu peço, virando o rosto para cima para olha-lo. Finnick está sério, às sobrancelhas franzidas. — Eu quero treinar, quero ir para a Capital quando chegar a hora.

— Não Malia, não é uma boa ideia — ele se senta, passando às mãos no cabelo. — Você não precisa ir, eu vou cuidar de tudo, eu trarei nossa filha de volta.

Eu me sento também, puxando o cobertor como se fosse um escudo que eu pudesse me esconder para não ver o medo e o pavor tomarem os seus olhos.

— Eu já me decidi, Finnick — seguro seus dedos com cuidado.— Simon vai me ajudar com o treinamento amanhã cedo... eu só quero que você saiba, não estou pedindo.

— Mas eu estou pedindo, estou implorando como seu noivo, como a pessoa que te ama... não faça isso — pede ele. — Vai ser perigoso, a Capital não se renderá com facilidade... Snow não se renderá com facilidade, não posso aceitar o risco de te perder novamente, não posso, Malia.

70° edição dos Jogos Vorazes Onde histórias criam vida. Descubra agora