O tremor na terra me faz acordar. É tão forte que preciso me agarrar a árvore para não cair. Estou desesperada tentando soltar a amarração e sair daquele lugar. Sei que a arena é formada de lados mortais, então sei que em alguma parte não está acontecendo isso. Uma árvore ao meu lado desaba, e meu coração ameaça sair pela boca. Consigo me desamarrar e quando começo a descer, o mesmo tremor de antes faz com que eu desabe.Minhas costas encontram o chão com tanta força que o meu ar é roubado. Estou arfando como um peixe fora d'água, cada parte do meu corpo ardendo em dor. Cai de uma altura de quase 5 metros. Nem a mochila em minhas costas amorteceu à queda. Minha sorte foi que a faca caiu longe.
A arena a minha volta continua a balançar tudo em minha volta à ponto que penso que não demorará muito para crateras se abrirem. Preciso levantar mas não consigo, não consigo respirar e fico desesperada. O ar parece se tornar quente de uma maneira absurda, e simplesmente sei que a porcaria do vulcão é explodida.
Me levanto, ainda zonza mas caio novamente. Levo longos segundos para juntar minhas coisas e começar a descer a montanha como uma louca. Desviando das árvores caídas, tropeçando e rolando em alguns momentos. Sou jogada para frente quando a chão treme. Protejo meu rosto mas meus braços se ferram todo nas pedras. Estou sangrando e desorientada quando o último tremor me faz cair.
De repente vejo a larva escorrendo atrás de mim,
está rápida, estou longe o suficiente, mas não fico para ver ela me alcançar. Me levanto e me esforço para correr o máximo que consigo.Meus machucados me fazem engolir o grito a cada passo, e o jeito como meu tornozelo está doendo sei que devo ter torcido. Imaginava que os idealizadores iriam deixar toda a coisa para o final, porque gostam que dure muitos dias. Mas de repente, fiquei desmaiada por mais tempo do que pensei, e há menos que 4 pessoas, então eles querem que a gente se encontrem e acabe com isso de uma vez.
O fogo está se alastrando cada vez mais rápido pela floresta, a fumaça me faz tossir e ter ânsia. Tudo parece uma cortina nublada, e eu preciso mover meu facão desesperadamente na minha frente, tentando evitar bater contra alguma coisa.
O som de canhão me diz que alguém deve ter se fodido com a larva.Estou vomitando. Dessa vez é uma substância ácida que escalda minha garganta e chega até o nariz. Sou forçada a parar enquanto meu corpo entra em convulsão, tentando desesperadamente se livrar das toxinas que aspirei durante o ataque. A força que fiz para vomitar me deixou lágrimas nos olhos. Minhas roupas estão encharcadas de suor. De algum modo, em meio à fumaça e ao vômito, sinto cheiro de cabelo chamuscado.
Volto a correr quando me recupero o suficiente, completamente cega, machucada e sangrando. Quando finalmente chego no campo da cornucópia, vejo que uma grande onda vem do outro lado da arena, uma onda de mais de 10 metros que está vindo em minha direção com toda força e potência. Arrastando árvores e qualquer coisa pelo caminho. Atrás de mim, a floresta está em chamas, não tenho para onde correr.
Um grito distante me faz olhar na direção da cornucópia, o canhão soa novamente e eu vejo o ruivo do Distrito 2 jogar um corpo masculino lá de cima. Ele começa a se prender no chifre de metal, com uma corda, para não se arrastado pela água.
Não consigo pensar em nada do tipo, quando a água vem, sou arrastada e bato em todas às arvores e coisas no caminho. Engulo água e me afogo interminavelmente. Luto contra às ondas e nado tentando desesperadamente chegar ao topo.
Não enxergo nada, não vejo nada. Estou ficando sem forças.Meu tornozelo esquerdo faz dores subirem pelo meu corpo que nunca senti antes. Quando finalmente consigo chegar a superfície, arquejo por ar. Enquanto tusso e vômito a água que engoli. Consigo me segurar em uma árvore que não foi arrancada e percebo que perdi todas às minhas coisas no caminho.
A água desaparece em menos de 10 minutos, e eu preciso descer da árvore, mas eu caio novamente em vez de pousar tranquilamente. Estou perto da Cornucópia o suficiente para ver o garoto do 2 tossir e gemer de dor. Ele está ferido, um ferimento em sua perna e um em sua barriga. Não posso tirar vantagem disso, porque também estou muito machucada.
Ele não tem armas com ele, e eu também não, será uma luta corporal, e eu perderei. Mas não posso adiar e deixar que ele se recupere.
Manco em sua direção, e assim que ele me vê, sua expressão se desmancha. Talvez ele já estivesse achando que tinha ganhado. Não sei se resta apenas nós dois, mas imagino que sim. O ruivo desce com cuidado do chifre, e está parado, me esperando. A mão em seu ferimento.
— Você não parece bem.— provoco, mas minha voz fraca me torna patética.
— Você também não está lá essas coisas.— ele diz no mesmo tom. Ele tenta abrir um sorriso, mas está tão fraco que desaba nos joelhos.
A onda enorme arrastou todas às armas para qualquer outro lugar que não fosse ali. Não tenho nada para ataca-lo. Posso simplesmente sentar e esperar que ele sangre até à morte, ele não parece que conseguirá chegar até mim. Mas o ruivo simplesmente tira do bolso uma faca pequena, uma igual às que tinha em minha bolsa. Ele está me esperando, aprumado.
Em vez de ir até ele, contorno seu corpo e ignoro seus gritos me chamando. Entro dentro do espaço e começo a procurar qualquer coisa para me defender. É como um desejo de sorte, porque simplesmente a uma lança que ficou no mesmo lugar, presa na parede em seu suporte. Ninguém a tirou de lá aparentemente.
Eu estou no piloto automático, movida pelo desejo de vencer, como uma casca oca. Subo em uma das partes de metal e agarro a lança. Sinto dor em cada parte do meu corpo, mas consigo tira-la da parede. Saio de lá e ando até o garoto, que está lutando para se levantar, mas está cada vez mais fraco.
Ele me vê chegando e se desespera, atira a faca em minha direção, mas estou cega, e movida pelo desespero de vencer aquilo e acabar logo. Não me importo em mata-lo, não importo no que nisso me transformará, porque eu quero vencer, e apenas isso importa.
— Desculpe. — sussurro, quando miro em sua direção e lanço a arma. Vejo quando a lâmina perfura sua garganta, e seus olhos se reviram. Ele cai para o lado e o canhão soa.
Estou sozinha, o vento soprando meus cabelos. Tusso e o movimento me faz arquejar de dor, abaixo o olhar e finalmente percebo o que não senti antes pela adrenalina. A faca que ele jogou em mim está bem enterrada em meu estômago. Meus olhos se arregalam e eu caio de joelhos. Tossindo sem parar até que sangue pinga na grama.
A voz frenética de Claudius Templesmith berra por cima da minha cabeça:
— Senhoras e senhores, tenho o prazer de anunciar a vitoriosa da septuagésima edição dos Jogos Vorazes, Malia Dareaux! Eu apresento... a tributos do Distrito 4!
O aerodeslizador se materializa acima de de mim e uma escada é jogada. Eles devem perceber que não há maneira nenhuma de eu subir já que estou sangrando até à morte. Porque uma equipe de médicos vestidos de branco e luvas, desce e eles estão correndo em minha direção.
Minha visão está distorcida, caio para trás e vejo várias cabeça acima de mim. Estou tossindo e chorando, porque não quero morrer, porque quero ir para minha casa, quero minha mãe e Zyan, quero dormir essa noite nos braços de Finnick. Porque eu consegui, porque eu sobrevivi aos Jogos.
— Fique acordada! Fique acordada! — estão gritando para mim.
Não consigo respirar. De alguma forma quando abro os olhos novamente estou dentro de uma sala branca e várias pessoas estão gritando coisas. Mas ainda sinto dor, tanta dor que me faz gritar como louca.
— A anestesia, pega a anestesia!
Alguém injeta algo em minha barriga perto do ferimento. Outra pessoa puxa meu rosto e há uma luz forte em meus olhos, estou sendo examinada de todos os jeitos possíveis. Não consigo me manter acordada mesmo que gritem para ficar, caio para a escuridão sem fim.
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Queria que à parte dos Jogos durassem bem mais, mas percebi que sou péssima em situações de ação. Vai ser isso mesmo.
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70° edição dos Jogos Vorazes
FanficPerto de completar seus tão esperados 19 anos, Malia Dareaux estava contente por ser seu último ano sendo obrigada a escrever seu nome para ser sorteada como Tributo para os Jogos Vorazes. Ela sabia que depois desse fatídico dia, não teria mais que...