capítulo quarenta e dois: maconheiro

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2R

Brisa bateu erradão na mente e eu fiquei mais calado e quieto na minha, Yuri tava lá gastando o Theo e a Maria Fernanda do lado deles, eu tava mais afastado. Coçei a cabeça e saí de perto devagarinho, indo beber algum bagulho pra distrair minha mente de algumas parada.

As vezes penso pra caralho sobre o menor que eu fui com todo mundo, a pessoa que eu me transformei lá trás mesmo que sem querer. Era engraçadão como a Mariana foi a mulher que eu mais amei na minha vida e hoje em dia não suporto escutar a voz dessa sapatona.

A vida as vezes te obriga a mudar da pior maneira, não me arrependo de ter amado porque eu conheci um sentimento purão, mas me arrependo de ter escolhido uma pessoa dessas pra tá lado a lado comigo, mesmo que eu nem soubesse na época quem essa sapatona maldita era.

Não tem como eu mudar o que fui ontem ou ano passado, mas tem como ser um menor melhor daqui pra frente, certo? Mas tem momentos que a mente dá mó vacilo e penso em várias parada ruim, penso mermo em ir encher o cu de droga, beber pra caralho e sair descontroladão como era antes.

Mas não compensa entrar em outra parada ruim por nada, antes eu não conseguia me desprender e eu só pensava nisso o tempo todo, mas agora tem como eu escolher e tô ligado que não vou preferir voltar pra isso de novo. Tem umas recaída, posso usar mas é com moderação, aquelas coisas leves, uso só maconha mermo, bebo meu whisky...

Só que tem uns bagulho na mente que me diz pra usar mais, ter mais, querer mais e usar mais ainda! Fico grandão pra cima dessa vontade e até luto contra, mas eu fico cansadão de pensar e de lutar contra, então me diz aí, tem como viver suave desse jeito?

Não é vício, disso tô ligado. Parei de usar suave, foi pela minha vontade, só parei e foi isso mermo. Minha parada é mais sobre tentar esquecer tudo que acontece agora, viver uma brisa de outro nível e fugir dos bagulhos que ronda minha mente.

E aí eu olho pros meus irmão, minha família que tá do meu lado e fico pensando se vale a pena entrar nessa parada de novo, me viciar em um bagulho desnecessário, viver mais um inferno na terra. Não é, disso eu tô ligado, mas lutar contra as tuas vontades é mais difícil do que parece.

Respirei fundo soltando a fumaça e olhei pra cima, vendo a Maria Fernanda me olhando igual uma maluca. Ela não falou porra nenhuma, só sentou de frente pra mim e ficou me olhando em silêncio na maior maluquice de mulher, parece que quer ver minha alma nesse caralho.

Mafê: Oi - Falou baixo e eu balancei a cabeça só de leve mermo, parecia que ela tava esperando uma resposta minha e eu arqueei a sobrancelha, sentindo vontade de rir.- Tá com raiva de mim?

2R: Não, é uma parada minha aí com a minha mente, só isso.- Murmurei apagando o cigarro de maconha e ela acompanhou com o olhar tudo que eu tava fazendo.- Por que eu ia estar com raiva de tu, doida?

Mafê: Não sei.- Deu de ombros, desviando o olhar do nada.- As vezes você parece de boa, fica suave, ri atoa e do nada... Aí você para por muito tempo igual um louco e fica com a expressão assim. Totalmente diferente e indecifrável, eu acho.

2R: Eu tô ligado que tu sabe da minha fama de antes. Me levavam como maluco, usava droga pra caralho, batia na minha ex, fazia umas loucura aí de outro mundo mermo, tu tá por dentro disso aí - Ela balançou a cabeça e só me olhou curiosa, não é como se tivesse julgando minhas parada.- É difícil desprender algumas coisas de antes, tá ligada? Dava pra ver no teu olhar a dúvida de querer me beijar e eu sabia que era por causa dessa parada, tu tava com medo.

Ela ficou em silêncio e só me deu mais certeza do bagulho, sorri de lado e coçei o pescoço, desviando o olhar do dela e a garota tava me analisando. Faz tempo que eu não pensava nessas coisa, mas é foda ver alguém te olhar da mesma maneira de antes, como se tu nunca tivesse mudado alguma parada, mesmo que fosse a mínima coisa.

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