capítulo setenta e oito: família linda

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Maria Fernanda

2R: Mafê, pela sua cara eu acho que tu tá querendo que eu durma na sua casa, só acho mermo, nada confirmado até agora.- Falou baixo, cruzando os braços, fazendo uma expressão muito pensativa ao colocar a mão no queixo enquanto me olha.- E aí, você quer?!

Prendi a risada ao perceber que ele tá me analisando toda, procurando a resposta pra própria pergunta besta. A junção de lindo e gostoso não deveria existir nele, mas o pior é que existe e tá na minha frente com a expressão mais idiota possível, não dá pra lidar com ele assim. Revirei os olhos, dando um sorriso de lado e, na medida que meu sorriso aumentava, ele tentava não sorrir, mas falhou. E o sorriso dele é tão lindo quanto esse maconheiro que tá na minha frente...

Olhei pro meu filho que tava lá subindo nos brinquedos infantis desse hospital com a maior emoção do mundo, como se fosse o dia mais divertido da vida dele, mas ainda tá com uma febre muito alta, pelo o que a enfermeira falou. Arqueei a sobrancelha, cruzando os braços na altura dos meus peitos, vendo o 2R, sem nenhuma vergonha na cara, olhar diretamente pra lá.

2R: Acho que quer. Essa resposta aí foi suficiente, acho que hoje eu beijo esse sua boca aí - Fiz careta quando vi ele vindo pra perto de mim pra me beijar, mas corri dele, vendo o 2R me olhar feio e sem entender minha atitude. Só não quero explanar nada pro meu filho, não desse jeito.- Namoral, tu é chata para um caralho, Maria Fernanda. Chata e gostosa na mesma proporção, que porra.

Maria: O que você quer? - Olhei nos olhos dele, vendo o 2R respirar fundo e não falar nada, simplesmente me dar as costas e ir atrás do meu Theo que, por um momento que não escutei, chamou ele. O foda de ficar perto dele é que eu esqueço que o mundo ao nosso redor existe, e acho que essa é uma sensação que eu não quero sentir de novo. Nada disso quero que se repita na minha vida e na do meu filho, eu tenho medo de amanhã ele não estar mais aqui e o Theo ter que lidar com mais uma perda de uma pessoa que ele considera muito.

Mas, por outro lado, eles já se aproximaram muito e eu não posso privar meu filho de ter ou estar perto de alguém que faz com que ele fique bem e se sinta muito bem. E o mais louco é que por mais que o 2R beije bem e tenha uma pegada do caralho que me deixa fraca, ele me ganha mesmo é em tratar meu filho como trata, é fazer com que ele se sinta prioridade na vida dele, algo tão único. Não posso mentir que vejo sinceridade e um amor muito forte em cada detalhe e atitude que ele tem com o meu filho e não consigo expressar o quão importante isso é pra mim e o quanto faz com que eu me sinta realizada em tudo que penso sobre os dois juntos.

Do jeitinho dele, com as palavras dele, ele consegue fazer com que meu filho fale as coisas que tá sentindo, chore se quiser e até que se expresse melhor. Acho que ele não sabe que é uma pessoa incrível pra uma criança, talvez não saiba e duvide disso, mas ele será o melhor pai que uma criança poderia ter. Eu lembro que ele tava bem inseguro sobre isso, mas eu, vendo assim, não tenho dúvidas de que ele será o melhor pai, mesmo com todos os erros do passado.

Theo pulou do brinquedo, se jogando no colo do 2R que abriu os braços pra ele ficar ali. Ele sentou com o Theo nos braços, eu nem sei sobre o que eles estavam falando, mas o Theo gesticulava e aprontava pras coisas ao redor deles, enquanto o 2R tava com a atenção somente ali. Eu fiquei com os olhos naquilo, simplesmente vendo o cuidado que ele tem em prestar atenção em cada coisa que meu filho faz e fala, em pensar que, na minha mente, ele não era uma pessoa boa em geral porque batia na ex.

Minha opinião sobre ele em relação a isso que envolve mulher ainda é muito duvidosa em alguns aspectos, mas tudo o que ele é comigo e com o meu filho é outro nível que nem posso e tenho coisas ruins a falar. E ele sempre me tratou muito bem toda vez que me vê, só que ainda tenho medo de tudo isso, principalmente da vida que ele leva. Passei a mão no rosto, escutando a risada do Theo ecoar pelo corredor vazio e extremamente limpinho. Depois escutei alguns passos na minha direção, abri os olhos, vendo meu filho quase em cima de mim, tentando segurar meu rosto com as mãos pequenas dele.

Theo: Você é tão linda, mamãe.- Eu sorri fraco, dando um beijinho na bochecha do meu filho que tá toda vermelhinha. Levantei o rosto pra olhar pro 2R que tava em pé, me olhando de lado, com os braços cruzados, parece até um segurança meu e do Theo.- Eu te amo, tá?

Mafê: E a mamãe linda também ama você, filho muito lindo.- Falei baixinho, agarrando ele que soltou uma risada alta, deitando o corpo em cima do meu. 2R sentou quando viu que ele iria continuar ali comigo, ficando por ali e relaxando o corpo ao nosso lado.- Ainda tá com dor, Theo?

Theo: Sim, mas o Fafá tá comigo.- Respirei fundo, olhando pro 2R que deu de ombros, passando a mão na cabeça do meu filho. Ficamos ali em silêncio, apenas olhando pra sala branca cheia de enfeites infantis, esperando a médica chamar.- Nós somos uma família, não é?

Fiquei parada tentando raciocinar e ver se entendi a pergunta dele, olhei pro 2R sem entender, procurando por uma resposta pra essa pergunta, mas o Theo direcionou o olhar pra mim e não pro outro ali. Fiquei encarando os olhos grandes e claros dele que foram herdados do pai. Quando eu iria responder a pergunta, escutei a médica falando o nome do Theo bem alto, vendo ele dar um pulo do meu colo, parando na minha frente.

Médica: A sala é por ali.- Sorri cansada, apenas balançando a cabeça, levantando de onde eu tô, pronta pra ir onde ela tava levando, mas só escutei a voz do Theo chegar aos meus ouvidos bem longe.

Theo: Ele pode ir também? - Olhei pra trás, vendo o Theo com a mão agarrada na mão do 2R e ele tentando convencer baixinho o Theo de ir sem ele, mas o Theo negou na mesma hora, batendo o pé de qualquer jeito que queria que ele fosse.- Eu quero ir com ele também. Ele é da minha família.

2R: Pode ir, nanico. Quando tu sair eu ainda vou estar aqui te esperando, qual foi...- O Theo negou com a cabeça, olhando pra médica com um pingo de esperança pra ela responder que sim ao pedido dele. Ela pode até resistir a esses olhos, mas eu como a mãe dessa criança super adolescente mais rebelde do mundo não resisto.- Tua mãe tá te esperando junto com a médica ali, vai lá.

Médica: Claro que pode, você que manda! - Theo pulou animado e eu bati a mão na testa, tentando entender se ele tá ou não doente. 2R levantou rindo baixo, Theo veio andando pra perto da gente com as mãos presas na do 2R como se ele fosse fugir a qualquer momento, aí pegou na minha mão enquanto ele ficava no meio, se balançando entre nós.- Que família linda a sua, Theo.

Theo: Eu sei! É a minha família linda.- Eu acabei soltando uma risada pela fala dele, olhando pro 2R que me tava me olhando e desviou o olhar assim que olhei pra ele, encarando o Theo com um brilhinho nos olhos, realmente parece uma criança que mal cresceu. Acho que a melhor versão do Fafá é quando tá perto do meu filho.

Fafá com brilhinho nos olhos me lembra o Theo quando ganha as coisas que sempre me pede todo aniversário, principalmente um carrinho do McQueen. Theo olhou pra cima, encontrando meus olhos e piscou pra mim. Eu sorri, negando com a cabeça e sabendo que isso é influência do 2R no meu filho, só o Fafá faz isso o tempo todo e agora o Theo também. Mereço?!

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