Vida Bandida.

capítulo oitenta e cinco: eu tô grávida

Carol

Faz uma hora que estamos dentro dessa lojinha de coisas pra bebê, rindo muito ao lembrar do passado, falando sobre mim e o Pedrinho, até lembrando em quando ele era um bebê todo feinho que chorava sempre que vinha no meu colo. Luana tá tentando me distrair, só que eu penso nisso o tempo todo, mas vou ter que lidar com a situação de qualquer jeito. Preciso encarar todas as consequências dos meus erros, e dar pro Ruan sem camisinha, mesmo que algumas vezes, foi o erro. Sem dizer que a merda do anticoncepcional me fodeu, mas foi culpa minha também, não é 100% eficaz e é fato, só que eu não pensei nisso quando tava lá gemendo igual uma cachorra.

Aí agora quero chorar por um erro meu? Chora não, vagabunda. Sexo com ele foi tão gostoso que vai ter um lindo resultado que sairá em nove meses. Gostei? Não, eu amei.

Eu já sei o resultado, óbvio que entendo os sinais do meu corpo e, sendo uma pessoa tão cismada com gravidez como sempre fui, percebo os sinais claros, nada daquela paranóia, só a pura realidade. Por mais que eu tenha muito medo de tudo que tá me acontecendo ao mesmo tempo, ainda sofro muito por querer viver um pouco da minha linda liberdade sem ser mãe, filho é uma grande responsabilidade. Mas, apesar de tudo, como sempre, vou aprender com os meus erros e, se tudo der certo, cuidar do nosso bebê. Meu sonho desde criança no meio dos garotos, sempre foi ser mãe, e por mais que hoje em dia não pareça, o medo me impediu de continuar com essa vontade. Eu era meio bruta, mas queria ser uma mãe melhor do que a minha foi pra mim.

Voltamos pro postinho que é pertinho de onde estávamos, ficamos ali na intenção de chegar mais rápido. Quando cheguei na recepção, dei meu nome pra mulher que sorriu pra mim, dizendo que o resultado do exame já tá pronto. Agradeci ela, sorrindo também, mas segui calada, sentindo cada camada do meu corpo queimar em pura ansiedade, e tenho certeza que a Luana tá do mesmo jeito. Mas ela tá calada, o que é um milagre dos grandão pra uma pessoa tão energética como ela é. Conversamos sobre o que tá acontecendo e, assim como o Igor fez, ela me acolheu, mas ainda acho que tô um pouco nervosa.

Parei na frente do laboratório, a sala 761, então o moço perguntou meu nome. Ele procurou por alguns minutos, erguendo um papel a minha frente. Agradeci, sorrindo, e ele sorriu também, piscando pra mim. Eu ignorei, respirando fundo, rasgando o papel com os olhos de gavião da Luana em cima de mim enquanto andamos pelo corredor gigante daqui. Tirei um papel grande dali, procurando pelo o que eu queria ler, então, um “positivo” grande e em negrito toma o topo do papel, ao lado de algumas coisas escritas que não entendo. Dei o papel na mão da Luana, vendo ela sorrir largamente ao ler, mas minha mente tá no Ruan e em como vou dizer pra ele que eu tô grávida sem cair em lágrimas de medo e ele super feliz.

Luana: Você consegue, amiga. Eu tenho certeza disso e tô sendo extremamente sincera...- Apertei meus lábios, dando um sorriso de lado pra ela que só faltou chorar por mim. Abracei a Luana, um abraço forte, decidindo que agora não adianta chorar e eu me recuso a fazer isso de novo.- Agora é torcer pra dar tudo certo e que venha com muita saúde. Uma nova etapa da sua vida e eu vou estar aqui com você pra te ajudar no que for preciso.

Olhando assim, lembrando que nós duas éramos tão diferentes e ela não gostava de mim por causa do Ruan, logo dele. E hoje eu sou a madrinha do filho dela, melhores amigas e conselheira uma da outra. Luana é o meu equilíbrio, porque, sinceramente, eu não sei como ela conseguiu não surtar nesse momento. Se fosse eu vendo minha melhor amiga no desespero e grávida, eu estaria no desespero junto com ela e nem é brincadeira.

Carol: Obrigada por tudo, Lua. Eu não sei o que seria de mim se não fosse por você aqui, obrigada, de verdade - Murmurei. Eu resmunguei, me jogando ainda mais sobre ela com as mãos soltas, escutando o riso da Luana ecoar o corredor vazio e muito iluminado.- Te amo, amiga.