capítulo oitenta e seis: a terceira agora

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Perigo

Papo reto, irmão, o tempo pra mim parou ali mermo quando escutei "tô grávida", depois disso já não tava entendendo mais nada do que ela disse, na minha mente só passa essa frase mermo. Eu nem sei o que falar, porque na minha mente ela tá brincando pra caralho comigo. Carol me olha na maior esperança, em silêncio, mas eu ainda tô tentando entender quando foi que saímos do assunto que ela queria terminar comigo pra gravidez. Então era por esse motivo que ela tava estranha comigo? Porque ela tá mermo grávida...

Perigo: Mentira. Tu quer é terminar mermo e tá brincando comigo assim, bagulho feião pra brincar com os outros, qual foi - Apontei pra ela que bufou, jogando a cabeça pra trás, apoiada no sofá. Semicerrei os olhos, vendo que ela não riu, então aproximei meu corpo do seu. Puxei o rosto dela, obrigando a Carol me olhar nos olhos pra eu ver ali o que ela tá tentando dizer, mas o bagulho é de conexão pura entre nós dois, porque sorrimos juntos.- É papo reto?

Ela sorriu, passando a unha por cima da minha mão. Se fosse em outro momento, eu falaria que ela tá com uma expressão de safada pra caralho, mas suave. Ela sorriu de lado, grudando a mão na minha, então eu neguei com a cabeça, respirando fundo.

Carol: Papo reto. Muito reto. Retissimo.- Prendi um sorriso bobão que insistiu em aparecer, mas ainda tava escaldado com o fato dela estar estranha comigo. Não sei se ela tá zoando com a minha cara ou algum caralho.- Para de duvidar, eu realmente tô grávida.

Perigo: Caralho.- Murmurei. Soltei o ar da boca, inspirando, sentindo meu peito doer assim que os olhos cheios de lágrimas da Carol me alcançou. Eu sei que ela tem essa insegurança com esse papo de gravidez, eu entendo pra caralho ela. E deve estar sendo foda pra mente dela, mas eu não consigo parar de sorrir. Eu tô feliz pra caralho, essa porra é outro nível. Minha mulher, a mulher que eu sempre amei, ela tá grávida de um filho meu. Deus queira que seja um menor, porque se for uma garota eu já não sei mais o que faço da minha vida.- Caralho.

Minha mente ainda tá tentando entender essa simples frase. É tipo meu sonho de moleque, tá ligado? Ter uma vida legal com a mulher que eu amo, ter filhos, uma família de verdade, sem ser como aquele filho da puta do meu pai que abandonou eu e o meu irmão. Sem ser o pior pai do mundo, um merda com a única pessoa tão importante da vida de um homem. E... Porra. Era por isso que ela tava vomitando, então tudo aconteceu de madrugada e eu não tava lá, na real, eu tava bebendo. Por isso que ela tava puta comigo e com razão. Caralho.

Dois, três, quatro, cinco, seis minutos na calada, em silêncio, simplesmente na ideia de absorver isso. Pela primeira vez em mó tempão juntos, Carol falou que queria que nosso filho tivesse os meus olhos, ela falou sem eu puxar o assunto de filho na vez, e agora aconteceu. Caralho. Vou ter um filho com a mulher da minha vida.

Carol: Tô com medo.- Murmurou. Olhei pra ela que se encolheu aos poucos e, papo reto, longe de ser a Carol mandona e muito abusada que sempre foi comigo. Ela tá frágil e precisa de mim. E eu fodi tudo. De novo. Porra. Prendi o ar que ia sair da boca, tocando na perna da minha mulher, vendo ela levantar a cabeça pra me olhar, então eu puxei ela mais pra perto, ficando em cima de mim, deitando com a cabeça no meu peito.- Desculpa.

Perigo: Não. Merda...- Falei baixo, tirando o cabelo do rosto dela, segurando o corpo dela pra ficar em cima do meu, firme pra ela não cair, enquanto arrasto minhas mãos até o rosto dela.- Eu vacilei em não estar lá contigo, fui muito filho da puta, tu que tem que me desculpar.

Carol: Isso não importa mais.- Murmurou. A voz dela tremeu, e a rouquidão me deu a certeza de que ela de fato tá mal com isso.

Perigo: Pra mim importa. Pra caralho.- Falei alto, mirando os olhos nos dela que estão em mim a todo momento, me observando com atenção. Carol ficou calada, mas eu não consegui não sorrir e ela prendeu um sorriso com os olhos cheios de lágrimas.- Eu tô feliz pra caralho. Tudo pra caralho.

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