capítulo sessenta e seis: perdão

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Geovana

Encarei o carro de porte grande, branco e levemente sujo na minha frente, tomando parte do espaço que tem a poucos metros de mim. Encarei aquilo, soltando todo o ar que se acomodou no meu pulmão, sentindo um pouquinho de saudades dar as caras quando vi o rosto do meu pai fora do carro, mais afastado de mim, conversando com o Perigo que não tinha a cara muito boa.

Minutos depois, Perigo se afastou do meu pai que me encarou, fazendo sinal com a cabeça pra eu entrar no carro, mas só senti alguém se pendurando nas minhas pernas, mantendo a atenção nisso. Theo sorriu me olhando, extremamente fofo, seus olhos brilhavam em contato com o sol, me dando a certeza de que ele é muito lindo.

Theo: Namorada Gigi vai embora? - Sorri fraco, passando mão por cima da cabeça dele, concordando com a cabeça. Theo fez cara feia, arqueando a sobrancelha em dúvida.- Por que você não pode morar comigo? Minha mãe deixa, você pode dormir com a gente, tem muito espaço.

Gigi: Porque eu não posso deixar meu pai sozinho e você não pode deixar a Mafê sozinha, né? - Perguntei baixo, tentando melhorar a situação, enquanto encarava ele que parecia pensar.- Eu posso te visitar sempre quando você quiser, não tem problema! Ou então você pode ir na minha casa.

Theo: Fechado, namorada Gigi.- Pisquei pra ele, agachando pra ficar do seu tamanho, depositando vários beijinhos no rosto dele que gargalhava.- Eu vou morrer. Bomba de beijos!

Gigi: Vai mesmo.- Falei rindo, abraçando o toquinho de gente que agarrou minha cabeça com cuidado, cheirando meu cabelo como se fosse a coisa mais legal a se fazer.- Tenho que ir, tá? A gente se vê amanhã, vou te visitar lá na sua casa.

Theo: Tá bom, mas é pra ir mesmo - Balancei a cabeça, sentindo um beijo do Theo muito molhado e cheio de amor no meu rosto. Sorri extremamente feliz por isso, vendo o garotinho correr pra outra direção, enquanto eu olhava pro meu pai que tinha seus olhos em mim.

Bg me chamou pra sair amanhã pelo morro e eu aceitei, já nos despedimos e eu falei com todo mundo, Theo que veio falar outra vez comigo. Andei até o carro, abrindo a porta da frente, sentindo o olhar do meu pai queimar sobre mim. Ignorei ele esses dias mesmo, deve ser por esse motivo que ele tá surtando por dentro, mas eu me diverti bastante, então não tô me importando com isso no momento.

CB: Me diz um bagulho aqui, por que tu tava me ignorando, Geovana? O que eu fiz? - Respirei fundo, dando de ombros, vendo ele dar partida no carro que fez um barulho alto.- Não faz isso comigo, papo reto, já tô ficando alucinado com vocês duas desse jeito.

Geovana: Pai, eu tive um dia muito legal hoje, sabe? Não tô afim de estragar ele falando sobre a Fernanda - Murmurei, olhando nos seus olhos.- Não vou pedir desculpas, ela mereceu. Vamos ver se dessa vez ela para de fazer as coisas que faz, pelo menos comigo.

×

Ficamos em silêncio até chegarmos na porta de casa e eu agradeci por isso, pois o meu pai quer falar sobre várias coisas num dia tão legal como esse. Não quero saber de Fernanda, nem sobre o outro morro, só tô interessada se ele falar algo sobre ele mesmo, se não for, não quero saber. Eu só vou me importar com quem se importa comigo e a minha irmã não é uma dessas pessoas, infelizmente.

Meu pai trancou o carro e eu andei na frente, empurrando a porta, dando de cara com a minha irmã sentada no sofá. Ela tá com o rosto machucado em alguns lugares, nada muito alarmante, mesmo que eu não goste de violência, ela mereceu muito. Ignorei sua existência, indo até a cozinha pra beber água, mas escutei a voz do meu pai atrás de mim.

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