Vida Bandida.

capítulo quarenta e seis: dentinho

Maria Fernanda

Acordei dez da manhã e com uma dor de cabeça terrível, parece que tava prestes a explodir só por essa dor. Geovana ainda tava dormindo com o cabelo todo no rosto e eu ri, virando na cama e procurando pelo meu filho na maior mania que eu tenho, mas ele não estava ali.

Respirei fundo e passei a mão pelo rosto, levantei devagar e peguei minha escova, indo escovar os dentes e fazer xixi. Depois que terminei, ajeitei meu cabelo pra ele ficar mais sociável que antes, cacheadas sofrem!

Escutei uma risada altíssima tomando conta do corredor e arqueei a sobrancelha, é do Theo. Ele estuda de manhã, então esse querido pode ir dormir tarde o quanto for, mas faz questão de acordar de manhã e ainda me acorda junto.

A porta do quarto do 2R tava aberta e o Theo tava pulando na cama junto com o mesmo, eu parei pra olhar aquela cena e soltei um sorriso de lado, vendo os dois se divertindo como se fossem amigos há anos, o mais engraçado é ver o Playboy deitado na cama como se não estivesse acontecendo um terremoto onde ele tá deitado.

As vezes eu sentia uma coisa no 2R em relação ao Theo, acho que ele desperta a criança interior do 2R. E é engraçado porque ele faz de tudo pra deixar o Theo mais confortável entre nós, nem que custe ficar uns minutos sem rir quando meu filho fala sobre a formiga de estimação dele.

E o Theo tá feliz, então eu também tô!

Em falar nele, o querido me viu e abriu o maior olhão enquanto dava um sorrisão pra mim. Pisquei pra ele e ia até o Theo pra dar um abraço nele, mas ele pulou da cama e o 2R coçou a cabeça e saiu lentamente da cama como se eu não tivesse visto tudo aquilo, esse mano disfarça muito mal.

Theo: Bom dia, mãe! - Falou super animado e eu dei um beijinho na testa dele.- O tio Fafá tava se alongando comigo. E aí, o que vamos fazer hoje? Tô muito animadão.

Eu olhei pro 2R e ele me olhou também, eu sei que vamos embora hoje e ele vai ficar muito chateado por isso, mas também não queria acabar com a felicidade dele. Não respondi e levantei, só olhando pro Theo cruzando os braços.

Mafê: Vamos almoçar com o senhor 2R, ele vai se divertir bastante com você e depois vamos embora - Falei baixo olhando pra ele que olhou pro 2R na hora. Parecia até que tava esperando ele dizer que não.

Theo: Embora? - Balancei a cabeça e ele ficou me olhando super sério, respirei fundo porque pra lidar com o Theo é só dez de mim.- Mas mãe, aqui tá tão legal! Eu tenho amigos agora, eles gostam de ver filme comigo, e a família grande?

Mafê: Amor, eles não vão deixar de ser seus amigos por causa disso, você pode ver eles outro dia e eu até te levo lá. Só precisamos ir pra casa hoje, tá bom? - Falei com toda paciência do mundo e mesmo assim ele não quis saber, Theo é muito complicado de lidar as vezes.

Theo: Precisamos por que? Lá em casa não tem nada pra fazer e eu só fico o tempo todo em casa, eu não quero ir - Theo falou baixo olhando pro chão e eu sabia que ele tava triste. 2R ficou calado me olhando e eu neguei com a cabeça como se estivesse tentando manter a calma.

O Theo correu até o banheiro com a cueca de dinossauro dele e essa cena seria muito engraçada se ele estivesse de boa com o mundo, mas pelo visto... Ele bateu a porta do banheiro com muita força e o 2R abriu o maior olhão, eu botei a mão na testa e ele me olhou depois.

2R: Muleque tá virando adolescente - Apontou pro banheiro e eu sorri de lado, talvez estava tentando não surtar.- Não queria me meter, mas tu quer ajuda nessa parada aí? O fato é que ele tá tristão né, não tem muito esse bagulho de sair e quando sai, não quer voltar mais.