Twenty-eight

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(08/05)

Juliana

Eu tenho que cobrir um jogo do Flamengo hoje. Não queria. É o minha última cobertura de um jogo do meu time pela Rádio Globo, e eu ainda vou ter que ver o Gabriel de perto.

Sobre ele, não o bloqueei em nada, só arquivei a nossa conversa no WhatsApp assim que ele me mandou mensagem. Já fui lá varias vezes querendo entrar e responder, mas aí eu lembro o quão idiota serei se fizer isso.

— Você tá com uma carinha triste — diz deitada na minha cama.

— Último jogo do Flamengo que eu vou cobrir, né? — suspiro — mas em compensação, eu tô super ansiosa pro nosso projeto.

— Mas não é só isso — levanta uma das sobrancelhas.

— Não, não é. Vou ter que ver aquele idiota — reviro os olhos — culpa sua isso, se não tivesse passado meu número pra ele, eu não estaria assim.

— Ai meu Deus! — passa a mão no rosto.

— Eu tava pensando. A Mariana é digital influencer, tem uma vida mais parecida com a dele. Deve ser mais fácil. Eu sempre tive medo de aparecer na mídia sem ser pelo meu trabalho — suspiro me sentando na cama — Ele nunca ligou pra isso de aparecer.

— Dessa última vez ele parece ter ligado.

— Eu entrei no insta dela e — travo. Não consigo completar a frase.

— Você tá se comparando com ela? Cê é tão linda quanto ela, garota.

— Bonita, solteira e com chifres — o silêncio paira por alguns segundos, até eu abri minha boca novamente — Devo ter algo de errado, ninguém fica. Sempre aparece uma melhor.

— Ei, o que é isso? — franze a testa — você não tem culpa do seu ex ser um completo filho da puta e de algum ficante ter sido um babaca também. E sobre o Gabriel... eu tenho minhas dúvidas, parecia que ele tava gostando mesmo de você — aperta os lábios.

— Eu queria acreditar. Eu juro. Mas eu não consigo — sinto meus olhos lacrimejarem — eu tenho medo — falo baixo — medo de acontecer a mesma coisa. De... do nada eu me ver perdida de novo.

— O Vinícius te machucou tanto — segura nas minhas duas mãos.

Ele me deixou em um lugar escuro. Eu não me reconhecia. Não era a Juliana, eu era alguém que ele criou. Me fez virar outra pessoa.

Um dia olhei no espelho e percebi isso. Passei a não fazer o que ele pedia, ou melhor, mandava, mas eu continuava o amando.

Um dia que desconfiei de uma traição. Uma mancha de batom na camisa. Confrontei ele que negava, jurava de pé junto, me chamava de louca. Me fez acreditar que eu estava errada.

Um dia cheguei na casa dele e encontrei ele com outra mulher. Eu já estava disposta a terminar, mas mesmo assim doeu, doeu muito. Depois do flagra, só me lembro de flash, eu gritando e quebrando um porta-retrato com uma foto nossa que ficava na sala.

Nem sei como conseguir dirigir. E depois disso, ele me procurou tanto, insistiu tanto, pensei que não teria paz nunca mais.

— Eu não queria te ver magoada, só queria que você se permitisse — desvia o olhar — eu ainda acho que vocês precisam conversar — respira fundo — não sei porque, de verdade, mas eu acredito nele. Ele não é o Vinícius, Ju. Ele pode tá falando a verdade.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora