Sixty

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Juliana
Em casa - 17/09

Churrasco em família. Comemorar que o Flamengo está em mais uma final, agora é a da copa do Brasil.

A casa tá cheia. Música alta. Uns curtindo a piscina, outros amassando uma carninha, e eu?

Eu tô sentada com o Gabriel no banco da mesa de madeira conversando e observando a galera.

— Peguei — dona linda trouxe um álbum de fotos nas mãos.

— Cadê?! — indago curiosa e solto uma risada pela cara que o Gabriel faz.

— Não tinha necessidade, dona Linda.

O álbum é grande. A primeira foto é ele bebezinho com a camisa do Santos pisando em cima da bola.

— Você e a Dhio, que fofos. Sempre foram muito grudados, né?

— Minha filha, desde sempre eles foram assim. Um amor roxo.

— Às vezes eu queria ter tido um irmão ou uma irmã… mas eu tive minhas primas. Foi uma boa infância.

— Essa foi num aniversário do Fábio — ele diz.

— Ai, saudades desses bolos gigantes. Desses balões gigantes que tinha doce e farinha — faço uma careta lembrando como meu cabelo costumava ficar.

— Dava briga isso aí — o Gabriel comenta.

— Puxão de cabelo e tudo mais, mas era bom — porque quando a gente é criança, ficamos pensando em crescer? Ser criança é tão bom — falo observando mais algumas fotos.

— Ser adulto não é tão ruim. É mais difícil, mas tem momentos incríveis, hum? — indaga igualzinho o filho — Sofri muito quando eles eram pequenos… antes do Gabriel se acertar no futebol. Agora? Minhas preocupações são poucas comparada aquelas. Cês são jovens… tem uma vida boa, cês tem que curtir, vão notar que esses fardos não são tão pesados.

Aquele conselho de mãe, que nos faz pensar, que parece um abraço quentinho, que só quer o nosso bem.

— Essa daqui é a primeira foto dele, assim que saiu do hospital.

Meus olhos descem devagar, a foto vai mexer comigo, eu sei. De touca e todo enrolado numa manta, dormindo tranquilo.

Um esboço de um sorriso no meu rosto. Tudo aqui dentro parece embaralhar, mas só até olhar nos olhos do Gabriel. Me acalma.

— O tempo passa rápido, esses dias era esse menininho, hoje tá pra casar. Daqui a uns dias a outra arruma um também. Aí num piscar de olhos vai ter uns me chamando de “vovó”.

— Ê dona Lindalva, tá ficando velha — fala em tom de brincadeira.

— O tempo também tá passando pra você também — aponta para o filho.

Dou um gritinho quando sinto a água gelada nas minhas costas, viro olhando meu primo com uma pistola d'água.

— Vão brincar, não estavam com saudades da infância? — pergunta pegando o livro.

Eu e o Gabriel nos encaramos e levantamos na mesma hora. Meus primos trouxeram várias pistolas dessas. Ambos pegamos uma e enchemos na pia.

— É todo mundo contra todo mundo — grito me afastando e vendo a minhas primas saírem da piscina para pegarem as delas e o Fábio levantando.

— Quem sobreviver é o ganhador.

Daí em diante foi uma correria. A primeira a perder foi a Rafa, tomou uma nas costas da Helena.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora