Forty-two

3.3K 165 52
                                    

Juliana

— Vida, tá tudo... — o Gabriel no banheiro - o que aconteceu?! — questiona. Parece ter se assustado.

Meus olhos estão fixos no chão. Meu cérebro tenta processar todas as informações. Tudo que vi.

— Pretinha, o que tá acontecendo? — diz abaixado ao meu lado.

— Nem eu tô conseguindo entender — minha fala sai ofegante — não consigo mexer no meu celular. Meu WhatsApp tá travado, não consigo mexer no meu insta. Número privado me ligando.

— Cê atendeu?

— Atendi duas. Em uma não falaram nada e na outra tinha uma voz... parecia meio abafada, mas estava cortando. Não consegui entender.

— Mano — se levanta — alguém deve ter vazado seu número. Vou ligar pro Fábio e ver se ele descobre algo. Pô, isso foi culpa minha — passa a mão no rosto enquanto anda de um lado para o outro.

— Preto — me levanto rapidamente — não foi culpa sua. Não foi. Você não tem culpa se as outras pessoas são más — passo a mão no cabelo dele o ajeitando — eu não tô mal, mesmo tendo lido algumas mensagens, só tô com um pouco de raiva — mordo o lábio inferior. Talvez tenha falado demais. Nada fora do comum.

— O que você leu? Não foi ameaça, né Juliana? Fala pra mim — Diz sem pausas. Tentei o acalmar, porém, parece que teve o efeito contrário.

— Calma. Pelo menos as que eu li não tinha... só que tinham uns xingamentos. Nada que não tenha imaginado que aconteceria após contarmos — dou com os ombros — tá tudo bem, a gente compra outro chip, pelo menos o WhatsApp eu recupero hoje ainda.

— Eu vou ligar pro Fabinho.

— Daqui a pouco você liga. Toma um banho, cê tá inquieto. Vou ligar pra Larissa do seu celular, ok? — ele confirma com a cabeça.

Volto para o quarto prendendo o cabelo. O calor que sinto é uma mistura da temperatura que está a fazer no Rio e da raiva e estresse que passei.

Pego o celular do Gabi e ligo para minha amiga. Aviso o que aconteceu e como desconfiada que é, já acha que isso está estranho. Ela fica de falar se descobrir algo sobre o vazamento do número.

Aproveito e mando mensagem para a Dhiô e para o grupo da minha família. Todo dia mandam bom dia pro Gabriel, adotaram ele e eu fiquei de canto.

— Tá mais tranquilo? — indago quando ele sai do banheiro — avisei pra Lari, pra Dhiô e pra minha família.

— A família é mais minha do que sua — reviro os olhos e ele me entrega o meu celular — Vou ligar pro Binho.

— O celular travou antes de colocar no não perturbe, poxa Deus — murmuro — bom dia, pretinho — dou um selinho — Vou fazer um café pra ir com você.

— Pensei que ficaria aqui.

— Mudei de ideia. Vou ficar lá — sorrio sem mostrar os dentes.

Não quero ficar sozinha. Não consigo ver as mensagens e não sei quais são as pessoas por trás das telas. Muito menos sei do que são capazes. Ficar em um condomínio é mais seguro, e se eu tiver uma crise, pelo menos a Rose vai estar lá para me ajudar.

— Liguei. Ele disse que vai tentar descobrir algo e que vai comprar o chip — diz enquanto eu tomo café.

— Coitado do Fábio, cê não acha que às vezes nós nos aproveitamos demais dele?

— Não — fala no mesmo instante e eu solto uma risada.

Lavo a louça após terminar o meu café da manhã e troco de roupa. Apesar de ter peças de roupa na casa do Gabriel, coloco mais algumas na mochila. O silêncio paira na estrada, e ele me incomoda.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora