Forty-five

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Juliana
(17/06)

Me sento na cama no susto. Um trovão ensurdecedor e o meu sonho me acordaram. Respiro ofegante.

— Amor, o que foi? — o Gabriel pergunta. Levantei tão rápido que ele acordou.

— Foi o trovão, e o sonho... eu sei quem tá por trás disso tudo — passo a mão no rosto. Eu nunca tive um sonho tão real.

— Como assim? A Helena te falou algo?

— Não. Eu acabei de sonhar com isso.

— Você tá pensando nisso e por isso sonhou.

— Não. Não é isso. Vou te falar no que sonhei — conto no ouvido dele — a Helena vai me ligar e dizer exatamente isso, certeza.

— Cê tá pensando demais, vida. Deita aqui, vamo dormir - me deito e ele me abraça por trás - te amo, pretinha.

— Te amo, pretinho.

Como se costume, acordo antes do Gabriel. Faço minha higiene e desço para tomar café da manhã. Alguns minutos depois ele desce e se despede. O treino de hoje é pela manhã.

Decido ir arrumar as minhas coisas no quarto do Gabriel. O conceito de arrumação dele é um pouco diferente do meu. O Gabi é extremamente organizado, metódico, que arrumam as roupas até por cor.

Depois disso, começo a roteirizar o próximo episódio do meu podcast. Até a Rose me chamar para almoçar.

— Rose, não vi o Fábio hoje. Ele não dormiu aqui? — pergunto lavando meu prato.

— Ele saiu cedinho. Disse que precisava resolver algumas coisas da loja do Gabriel, essas coisas de contrato — ela pega a bolsa — Filha, tá tudo arrumado, tudo no jeitinho. Estou saindo.

— Ah, tá bom. Vai com Deus — digo enquanto ela sai.

Esqueci completamente que ela só trabalharia pela manhã. Após dias estou sozinha. Vou para sala e coloco um filme na netflix.

Deveria está em paz, mas me lembro do sonho e fico inquieta. Só queria uma ligação da Helena. Tenho certeza que esse sonho foi uma espécie de premonição. Foi muito real.

A porta se abre, me fazendo sair dos pensamentos e me assustar.

— Oi preta — tira a mochila e coloca no canto da sala.

— Oi preto — me sento e quando ele se aproxima eu o beijo.

Se senta no sofá e eu me deito em seu colo. Ele começa a me fazer um cafuné e com a outra mão mexe no celular.

Eu o observo. Sou muito sortuda. A boca. O nariz. A barba feita. Os olhos, principalmente quando fita o olhar nos meus. Exatamente como faz agora.

Aperta um pouco os olhos e sorri de canto.

— Quer um babador?

— Só vou precisar quando você deixar o cabelo baixinho — o Gabi solta uma risada.

— Mentirosa, tá precisando de um agora — cutuca a minha costela.

— Para, preto — falo rindo — poxa, amanhã você viaja — murmuro.

— São só duas noites, não é muito tempo, pretinha — nego com a cabeça — pô, cê tá de TPM?

— Tudo pra homem é TPM — reviro os olhos — mas eu tô — ele solta um riso anasalado e volta a atenção para o celular.

Retorna também a mexer no meu cabelo. Em um certo momento ele para. Olhando de canto, vejo o mexer na barba e o seu maxilar trincar. Aconteceu algo.

— A Helena me mandou mensagem. Perguntou se a gente tá em casa — me sento — e falou que ligou para você.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora