Sixty-eight

1.4K 87 133
                                    

A música do capítulo é Laços - Tiago Iorc

Juliana
Uma semana depois

— Pretinha, se tiver alguma menina, o nome pode ser Gabriela? — pergunta enquanto dirige. Estamos indo à casa dos meus pais contar sobre a gravidez.

— Não — tiro os olhos do celular — Isso é muito brega, Gabriel.

— Chatona — reviro os olhos.

— Vou fingir que não escutei isso. Mas, talvez, nós precisamos começar a falar dos nomes.

— Pensei que seria só depois de descobrir o sexo.

— Não, não. Principalmente se a gente for fazer o chá revelação, quero sair de lá chamando pelos nomes — desafivelo o cinto — cê leva a caixa, pode ser? — acena com a cabeça.

Toda minha família está aqui. Minha tia Dayane veio para o Brasil no final do mês passado, aproveitar as festas em família. A Rebeca que tá morando em São Paulo veio para o meu casamento e tá passando uns dias.

Churrasco, pagode, cerveja e piscina. Na minha família é sempre assim.

— Só quero saber o que tem naquela caixa que tava na mão do Gabriel — a Rafa diz depois de um tempo cruzando as pernas.

— Pô, é um presente pros meus sogros — o Gabriel responde.

— Dois, na real. Cês são uns curiosos… todo mundo que ver o que é? — pergunto para instigar. Todos acenam com a cabeça — Vou lá pegar.

— Não, deixa que seu pai vai. Vai lá pegar Marcelo — manda.

— Chamou pelo segundo nome… o que cê aprontou seu Marcos?

— Quebrou uma louça novinha — minha mãe responde negando com a cabeça.

— Sem olhar! — grito enquanto ele caminha para dentro da casa. A gente colocou a caixa em cima da mesa.

— Tá leve — ele diz.

— Já veio chacoalhando pra saber o que é. Já que todo mundo que saber, todo mundo tem que ver na mesma hora.

— Se virem, achem um jeito — o Gabriel fala.

Meus pais ficam sentados na cadeira e o resto da família está em pé, atrás deles. A caixa é grande, tem dois mantos, um tá escrito “vovó Cora” e o outro “vovó Marcos”. Além disso, tem um papel escrito vovôs de dois e a ultrassom.

— Tudo pronto? — eles concordam — entrego o celular na mão do Gabi para ele gravar — pode abrir.

— Dois mantos! — minha mãe tira da caixa.

— Olha atrás — digo. Mordo o lábio inferior.

— Tem alguma coisa na caixa — a Helena diz e meu pai suspende o manto dele — vovôs de dois — fica boquiaberta.

— Caraca, o manto tem vovô e vovó — o Pedro fala.

— É sério? Cê tá grávida… de gêmeos? — aceno com a cabeça — Meu Deus — minha tia vem praticamente correndo me abraçar. Ela era a única que sabia da gravidez passada, por advogar contra a clínica — Muito feliz por vocês — sai do meu abraço e vai cumprimentar o Gabriel.

— Na moral, espero que venha pelo menos um moleque. Só mulher na família.

— Pois vão ser duas meninas, Pedro — Rebeca dá um tapa na nuca dele.

— O palpitometro começou — o Gabi comenta.

— Eu tô ficando velho — meu pai reage depois de um século — Dois netos. Acho que só vou acreditar mesmo quando a barriga tiver crescendo. E a sua ficha Gabi, só cai quando nascerem… Só quando cê pegar no colo.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora