Forty-one

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Gabriel

— Pretinho, tenho uma coisa pra te entregar — diz ao sair do banheiro e começa a mexer na parte alta do guarda-roupa.

Hoje estamos na casa dela. Tem dia queremos ficar só nós dois, e o Fábio e a tia Rose estão sempre lá. Fora que às vezes a Juliana quer vir, diz que a casa dela é aqui e que tá passando muito tempo já minha.

— Presente? — digo me sentando na cama e ela concorda com a cabeça.

Anda na minha direção com os braços para trás escondendo algo. Um sorriso aparece em seu rosto na tentativa de esconder o nervosismo, mas ainda consigo perceber que ele está lá.

A olhando eu só consigo ter mais certeza do que escrevi naquele papel. A versão que eu mais gosto da Juliana é essa, quando estamos só nós dois. O cabelo está molhado e veste uma camisa minha, continua linda pra caralho.

— Quem vai olhar primeiro? — na mão esquerda segura o envelope e na direita mostra uma sacola de uma joalheria — Acho que é melhor você — se senta na cama cruzando as pernas.

— Tô curioso — abro a caixa que estava na sacola vendo um cordão de prata.

— É no estilo dos que você tem, então achei que você fosse gostar.

— Soube escolher — observo o pingente de cruz — Vou usar sempre. Sério. Obrigado — roubo um selinho.

— Eu deveria ter escrito algo também — faz um bico triste e eu nego com a cabeça — posso? — puxa o papel do envelope.

— Pode — respiro fundo — vou te pedir uma coisa... lê o último trecho em voz alta.

— Tá bom. Eu tô nervosa — solta um riso anasalado. É, eu também tô.

Os olhos dela começam a percorrer as seguintes palavras:

Juliana, nunca fui de falar o que eu sinto, mas com você parece um pouco mais fácil.
O Gabriel romântico sempre existiu, eu só não tinha encontrado a pessoa certa. A pessoa certa é você, pretinha.
Em pouco tempo, já não consigo imaginar minha vida sem você. Não consigo olhar pra frente e não imaginar a nossa família.
A cada dia eu te conheço mais e me apaixono mais.
Já dizia a nossa música: Com a cabeça erguida e mantendo a fé em Deus, o seu dia mais feliz vai ser o mesmo que o meu.

Essa carta tá incompleta. Tem uma coisa que eu não escrevi porque eu quero falar, olhando nos seus olhos.

Enquanto ler, os olhos se enchem de água e as lágrimas escorrem. Pela demora, ela deve ter lido pelo menos duas vezes cada trecho.

— Essa carta tá incompleta. Tem uma coisa que eu não escrevi porque eu quero falar, olhando nos seus olhos — lê em voz alta.

Abro a boca para falar, porém, ela toca na minha perna como me dissesse "espera", então eu faço isso.

— Eu devo um agradecimento a Larissa — ri anasalado e passa as mãos no rosto secando as lágrimas — Você surgiu na minha vida no momento que eu precisava, mas só fui entender isso depois. Gabriel, você me trouxe a vida de volta, meus sonhos de volta, e isso foi a partir do momento que eu percebi — respira fundo — que... as coisas que eu ouvia não eram verdade.

Sempre que a Juliana fala sobre isso, a minha mente começa a se perguntar como alguém foi capaz de deixá-la tão em pedaços. Já falei que se um dia eu fizer algo com o propósito de machucar essa mulher, eu me afasto.

— Que eu posso ser amada e posso ser cuidada. — faço um carinho na perna dela — E é louco ser com você — funga — Ninguém de fora faz ideia de como você é, Bi. E eu gosto disso — as mãos repousam sobre os meus ombros e as minhas param em sua cintura — gosto porque eu consigo ver o Gabriel, sem nenhuma máscara, o Gabriel que ama cuidar, mas que lá, no fundo, eu também sei que precisa de cuidado.

Engulo seco. Essa última parte me atingiu em cheio. Faço de tudo para não demonstrar os meus traumas, mas ela percebe. De algum jeito, ela sabe.

— Entre a gente as coisas são meio intensas, né? Como é? Daqui a 10 anos, você terminando a carreira, nós dois e filhos? É isso?

— Hurum — beijo algumas vezes o pescoço dela — posso falar o que eu não escrevi na carta? — falo me afastando para olhar no rosto, a Juliana concorda com a cabeça e eu coço na garganta — eu te amo, pretinha.

Os olhos dela brilham e covinha do lado esquerdo do rosto aparece com um doce sorriso. Ela desvia o olhar para baixo, parece pensativa.

Coloquei na minha cabeça que está tudo bem se ela não falar o mesmo. Apesar dela ter falado "acho que te amo" no dia do pedido, talvez um "eu te amo" tem um peso a mais.

— Pretinho — respira fundo. Eu sei que ela não vai falar. Na minha mente a frase "tá tudo bem" se repete sem parar. — eu te amo — sai quase como sussurro.

Meu coração acelera. Tenho certeza que meus olhos brilharam tanto quanto os dela só pelo jeito que a Juliana me olha. Realmente achava que não iria escutar essa frase hoje.

— Eu te amo, Gabriel — dessa vez a voz sai alta. Caralho. Sinto meu corpo arrepiar por completo — eu consegui falar isso mesmo? — confirmo e não espero mais nada para juntar nossos lábios.

Acordo pela manhã não vendo a Juliana na cama. Há algum tempo escutei o celular dela tocar e ela levantou. Será que passou quanto tempo? Será que aconteceu algo?

Quando ela levanta, sempre me deseja bom dia, faz barulho e de vez em quando até coloca música.

Meus olhos passeiam pelo local e logo vejo que a porta do banheiro entreaberta e a luz acessa. Decido me levantar e ir até lá.

— Vida, tá tudo... — entro no banheiro — o que aconteceu?!— questiono assustado.

A minha namorada está sentada no chão. O seu corpo treme, mas o semblante não aparenta tristeza, e sim raiva. Me abaixo para conversar, e observo o celular dela jogado no chão. A tela acende a todo instante. Muitas notificações.

— Pretinha, o que tá acontecendo?

— Nem eu tô conseguindo entender — fala ofegante.

Puta merda.

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Oi gente! Tudo bem?

Momento fofo? Temos de sobra.  O "eu te amo" veio aí, podem soltar fogos 🥳.

Emoções? Por aqui nunca faltam. É do céu ao inferno ou do inferno ao céu em questão de segundos.

O que aconteceu? Já podem começar os palpites.

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Por hoje é isso. Até o próximo capítulo, beijos! 💋

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora