Sixty-two

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Juliana
Final da copa do Brasil, Maracanã (19/10)

Eu estou uma pilha de nervos. O Fábio tenta descontrair, mas só consigo pensar no jogo. Não conseguir ir no primeiro jogo em São Paulo, que foi 0x0. Esse time poderia tentar não matar os torcedores do coração.

Subimos para o camarote, que está lotado. Final, todo mundo traz as companheiras, os filhos, parentes. Encontro a Larissa e eu não sei quem de nós duas está mais nervosa.

— Titia! — a Céu vem correndo e eu me abaixo.

— Oi meu amor, tá bem? — ela acena a cabeça e depois me abraça.

— Sabia que o Mengo vai… vai levantar o troféu?

— Sabia. E cê vai entrar no gramado, né? Você, a Lunna e a mamãe. Pra tirar uma foto com o João.

— Verdade? — a Larissa acena com a cabeça. Ela coloca a mão na boca surpresa e sai correndo.

— Vocês não vão falar comigo não? — me aproximo dos filhos do Everton e da Lunna.

— Titia Ju! — me abraçam.

— Cês tão bem? Preparados pra essa final?

— Sim! Mengo! — o Totói fala.

— Acho que o Totoi é o mais confiante daqui.

— Eu tenho certeza que vai dá Mengo, titia — a Lunna diz.

Depois disso vou para a arquibancada. Meus pais, meus sogros, Dhiovanna e o Fábio, todos aqui. Os meus primos — menos a Rafa, que escolheu o lado errado, o time tricolor do estado — estão na norte, próximo jogo eu vou de arquibancada também.

Os jogadores estão no aquecimento. Maracanã já está cheio. Meu pé não para quieto.

— Tinha que tomar um suco de maracujá antes — a minha cunhada fala.

— Tinha mesmo. Quanto cê acha que vai ser o placar?

— 3x0.

— Deus te ouça. Tô achando que vai ser um 2x0.

— Já pensou ser 1x1 e vai pros pênaltis.

— Fábio, cê quer matar a gente do coração? Olha, se isso acontecer… eu te jogo daqui mesmo.

— Calma — levanta as mãos — eu acho que vai ser 1x0. A parada dos pênaltis é brincadeira.

Time em campo. Juiz apita o começo da partida. Estou tão trêmula que tenho que tomar cuidado para não derrubar o copo de refrigerante que seguro.

Arrasca, Filipe, Everton e Pedro. Gol. Sete minutos do primeiro tempo.

— Façam a reverência! — grito em pé.

— Vamo! — não consigo nem reconhecer a voz.

— Vamos Flamengo, vamos ser campeão. Vamos Flamengo, minha maior paixão… e essa taça vamos conquistar — cantamos com a torcida.

— Pra dar uma acalmada no coração — a Lari fala.

— Amém. Espero que continue tranquilo assim.

O Flamengo pressiona, mas nada de gol. Até que o Gabriel fica de frente, chuta e eu amaldiçoo aquela trave por existir. O De Arrascaeta completa para o gol, mas assinalam impedimento.

— Caraca, não é possível — a Dhiovanna reclama.

— Tem que matar esse jogo logo.

Segundo tempo e o nervosismo continua aqui. Todo mundo meio tenso. Ainda mais depois do lance do Roger Guedes, ele perdeu um gol cara a cara.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora