Sixty-three

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Gabriel
Guayaquil - Final da libertadores

—Eu prometi pra minha mulher o gol do título. Tô mais ferrado do que você, irmão.

— Final de libertadores usted siempre faz gol, papí.

— Eu sei, mas é o gol do título. Tem que ser o 1° ou o gol do desafogo, se tiver 1 a 1, 2 a 2.

— Gabriel dormindo no sofá até a data do casamento — o Léo Pereira diz rindo.

— Nem brinca, cara. A cara da Juliana fazer isso, cê tá ligado, né?

— Por isso mesmo que eu disse.

— Para de me jogar praga, hein. Filho da mãe — jogo uma almofada e ele sai fechando a porta.

— É só presion dela — da dois tapas nas minhas costas — Fazendo gol é lo que importa.

Faltam cerca de 3 horas para o jogo. Primeira vez em muito tempo que acabou ficando um pouco tenso para a final, mesmo tendo certeza que o time chegou bem preparado, diferente do ano passado.

E caraca, a final da libertadores passada foi um baque. Fiquei mal, fiquei puto. Marquei no final do 2° tempo e na prorrogação aquele gol deles.

Time tava em cacos. Jogadores jogando no limite, com desgastes e pequenas lesões. Só que dava para vencer.

Hoje tem que ser na competência. Nenhum erro. Todos estão bem.

Meu celular começa a tocar e me tira dos pensamentos. Sorrio quando vejo a tela.

— Oi, pretinha.

— Oi, preto. Tudo bem? Como é que tá?

— Tudo tranquilo, a menos que o Dorival veja a gente se falando enquanto termino de arrumar as coisas pra descer.

— Cês já estão pra sair, né? — concordo com a cabeça — Acho que eu tô mais nervosa que você — faz uma careta.

— Eu tenho certeza — passo a mão na barba.

— Só liguei pra desejar boa sorte, falar que te amo e te lembrar de fazer o gol do título — solta uma risada.

— Obrigado, amo você. Pelo gol cê agradece depois — sorrio de canto.

— Terrível — nega com a cabeça algumas vezes — ela tá aqui, ô — mostra o cordão que dei com o pingente de estrela.

— Sempre.

— Amo você, pretinho. Vou desligar, não quero te atrasar — manda beijo e eu mando de volta.

— Adianta Giorgian Daniel de Arrascaeta — falo assim que ela desliga a ligação.

— Bamos, bamos — diz terminando de colocar a camisa.

Coloco o fone e a playlist de trap para tocar e nos descemos. Entramos direto no ônibus. Faltavam mais dois jogadores, que não demoram de chegar.

Quase 40 minutos do hotel para o estádio. O auxiliar técnico resolve falar sobre algumas questões ainda no ônibus. Comigo, com o Arrascaeta e com o Everton.

Durante o aquecimento procuro eles. Por conta de todo o caos nesse país, somente meu pai, o Fábio e a Juliana vieram. Os acho na arquibancada e minha noiva acena.

Juliana

Hoje eu estou calma. Parece até que estou medicada. Será que alguém colocou algum remédio e eu não vi? Talvez.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora