Thirty-five

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Gabriel
Dia seguinte (13/05)

Abro meus olhos vendo que a Juliana ainda dorme. Milagre. Levanto a minha mão direita observando a aliança. Tiro meu braço esquerdo debaixo dela com cuidado.

Rodo a aliança no meu dedo. Isso aqui não parece real. E quando começaram a falar de nós eu jurava que o Lil Gabi não iria se aposentar.

Nós. Daqui para frente é isso, né? Nós. A ideia de passar a vida toda com alguém que antes me assustava, hoje parece o paraíso. Sorrio ao imaginar um futuro não tão distante.

— Pensando o que pretinho? — a voz dela surge.

— No que cê fez pra eu me apaixonar.

— Ah, fiz simpatia — se ajeita no meu peito — pode falar a verdade. No que cê tava pensando? — diz após um tempo.

— Pô, tava imaginado nossa vida daqui a uns anos — nossa vida, no singular.

— Nossa vida — consigo a escutar falando baixinho e soltando um riso anasalado — daqui uns anos... eu, você e uma criança correndo pela casa.

Escutar ela falando isso mexe para um caralho comigo. A conversa sobre filhos nunca aconteceu, mesmo sendo um dos meus maiores sonhos. Nem sei se ela sabe disso.

Imagino exatamente a cena. Eu e ela e uma criança correndo pela casa. Uma menina.

— Imaginou, né? — se senta — Hm... que horas são?

— Doze e meia — respondo assim que olho o celular.

— Quê? Meu Deus! — fala assustada.

— Pô, a gente dormiu era quase cinco da manhã.

— É, eu sei. Só que daqui uma hora eu tenho a apresentação do TCC. Tô nervosa.

— Não tem por quê. Pô cê estudou pra caralho. Vai ser tranquilo.

— Espero. Bom dia! — rouba um selinho.

— Bom dia!

A Juliana se levanta e começa a se arrumar, enquanto eu fico deitado mexendo no celular. As músicas invadem o ambiente quando ela começa a se maquiar.

— Ainda bem que a Larissa não esqueceu nada. Ai se não fosse ela nas nossas vidas — a Lari arrumou as coisas da Ju a pedido meu. A Juliana me falou que a amiga tinha a cópia da chave da casa dela.

— Ela e a Dhiovanna. Sempre dando um jeitinho de ajudar — me levanto — será que o barulho do chuveiro vai atrapalhar?

— Não, tá mec. Tô com o fone.

Quando saio do banheiro a Juliana já tá apresentando, então tento fazer o mínimo de barulho possível. Me sento na cama observando a apresentação. Minha mulher é inteligente pra caralho.

— Meu Deus — respira fundo — acabou. Todos elogiaram. Eu sou oficialmente jornalista — abre um sorriso.

— Merece comemoração — sorrio de lado.

— Você não perde uma, né Gabriel? — balança a cabeça negativamente — Vamos comer alguma coisa. Tô morrendo de fome.

Almoçamos. E resolvemos voltar agora porque mais tarde a minha irmã vai pegar voo de volta para SP e queremos nos despedir. Não sei quando ela vai voltar aqui.

— Pensei que eu iria embora e não veria vocês — fala assim que adentramos a casa.

— Dramática. Nossa, coitado do Fabinho, descer com uma mala desse tamanho não é fácil — o Fábio coloca a mala no chão já que descia as escadas com ela.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora