Fifty-six

1.7K 114 120
                                    

Juliana
Dia seguinte.

— Tô cansada de responder mensagem… um inferno — Falo desanimada descendo a escada.

— Chatão ficar desmentindo, né? — o Fábio me responde tirando os olhos do celular — Fala só com os mais próximos.

— É exatamente isso que estou fazendo.

— Oi, cunha — a Dhio aparece na sala — bom dia — sorri levemente. O semblante dela também não é animador.

— Bom dia, cunha — a abraço — acabei dormindo cedo, nem vi você chegar.

— O Bi comentou que cê tava dormindo.

— Ele já foi? Ele me acordou e deu bom dia, só que eu voltei a dormir depois.

— Já foi. Nem vi ele saindo, acordei ainda pouco. Ficamos até a madrugada conversando, nem eu e nem ele estávamos com sono.

Tem uma coisa que o Gabriel é o oposto de mim. Quando eu não estou bem, eu durmo mais do que o costume — como aconteceu hoje — e quando o meu namorado não está bem, ele fica sem sono.

Seguro na mão da Dhiovanna e a puxo para o canto, longe do Fabinho.

— Ele não tava bem, né?

— Ah… não. Não posso mentir pra você. Mas como você tá? — faz um carinho no meu braço.

— O que ele te disse? Porque ontem, é... — aperto os lábios — ele me falou que tava se sentindo culpado.

— O Bi me falou isso, mas conversei com ele. Conversa comigo também, como você tá? — olha no fundo dos meus olhos. Eu só penso nele, porque se pensar em mim… desabo.

— Ele tava melhor? Depois da conversa — me balanço sobre os calcanhares.

— Vem comigo? — pega na minha mão e eu só a acompanho. Abre a porta do meu quarto, eu entro e me sento na cama — o Bi vai ficar bem, mas só se você ficar… o que cê tá escondendo aí?

Um bolo se forma na minha garganta e fica difícil respirar. As lágrimas descem. A Dhiovanna me abraça, choro no ombro dela.

— Pode chorar, coloca tudo pra fora — algum tempo depois eu me acalmo um pouco — me fala, cunha. Por favor, deixa eu te ajudar.

Não posso falar tudo. Não posso. Mas um pouquinho… quem sabe tira esse peso dos meus ombros.

— Eu só… queria ficar tranquila — fungo — sem precisar resolver coisas desse tipo. Sem ou-ouvir do Gabriel que ele se sente culpado — as lágrimas voltam a rolar — me quebrou em mil pedacinhos — fungo mais uma vez — eu sabia que coisas assim poderiam acontecer, ele sabia. Mas quando acontece...

Quando acontece é o caos, um inferno. Tenho vontade de sumir, ir viver num mundo só nosso. Eu e ele.

— Queria contar... — as minhas mãos tremem e a Dhio me olha de um jeito, é como se perguntasse “Contar o quê?”. Engulo seco — sobre o que eu tô sentindo. Só que tá tudo tão... — suspiro — nem pra ele eu consegui falar. Nem pra ele — volto a chorar.

— Respira — minha cabeça repousa no ombro dela. Ela faz um carinho nas minhas costas — a gente te ama, ele te ama, mesmo nos dias confusos. Pode falar tudo pra gente. Até mesmo pro Fábio, aquele ali te irrita, mas te ama também.

— Eu sei — levanto a cabeça e fungo.

— E pra você ver o Bi bem, cê tem que tá bem.

— Tenho a melhor cunhada do mundo — falo um tempo depois e enxugo minhas lágrimas — o Gabriel só me trouxe coisas boas.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora