Fifty-one

2.2K 112 121
                                    

Juliana

Preta, eu vi o jeito que você ficou... esse assunto de filho... tá te incomodando, hum? Te pressionando?

Eu sinto. Eu sinto tudo enquanto ele fala. Os dedos se movimentando pela minha cintura. A forma que ele chega um pouco mais perto. Minha respiração fica pesada.

O tom da voz... é de cuidado. Do jeitinho dele. Modo Gabriel, Bi. Ele só quer cuidar.

Ficou com medo de estar me pressionando. O motivo de não ter respondido não tem nada a ver com ele.

Esse assunto fez com que meus pensamentos se embaraçassem. Aqui dentro um grande nó. As minhas convicções ainda existem? Sou um poço de incerteza. A única certeza clara é ele. Ele é o meu lugar.

— Pretinho — minha mão toca o seu rosto fazendo um carinho — pode ficar tranquilo. Apesar desse assunto... — as minhas mãos vão até a nuca dele — está rodeando, não me sinto pressionada. Não por você, e os outros são os outros, né? — sorrio sem mostrar os dentes.

Como é bom entender que os outros são só os outros. Mesmo que sejam importantes para nós, eles não mandam em nada aqui. O homem que está na minha frente conseguiu fazer com que eu compreendesse isso.

Minha âncora.

Meus pais são a bússola, apontarão sempre a direção, mas eu precisava de uma âncora. Alguém que fizesse me sentir segura por completo.

— Só fiquei — hesito tentando procurar a melhor colocação — um pouco... pensativa. Só isso. — coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — Talvez não...

— Passou dos 5 minutos, Gabriel — A voz do técnico surge me interrompendo. Faço uma careta e o Gabriel ri.

— Talvez? — levanta uma das sobrancelhas.

— Até perdi meu raciocínio. É melhor você ir, boa noite, pretinho. Te amo — uno nossos lábios. Um selinho.

— Boa noite. Te amo, pretinha — ele sai andando na frente — Qualé Dori, uns minutos de tolerância, pô.

— No dia de folga é folga, tá Dori? — falo alto e os dois riem.

Eles seguem juntos, e eu vou para o meu quarto. Faço minha higiene e me deito. A viagem me cansou. Mesmo com a Larissa e a Camila conversando, eu pego no sono.

Acordo com o despertador a tocar. Horário do café da manhã. Me arrumo e fico esperando as meninas para irmos juntas.

Algumas meninas resolvem entrar na piscina. Faço parte da turma que preferiu ficar na beira da piscina, mas a minha vontade era entrar.

Pela tarde meu namorado me dá um sinal de vida. Uma foto dele. Certeza que tirou escondido do Dorival.

— Vou tomar um banho. Começar a arrumar. — Larissa diz saindo da água.

— Finalmente decidiu sair.

— Eu queria ter saído mais tempo. Mas me fala como sai se essa daqui é um peixinho — cutuca a costela da Céu fazendo-a rir.

— Um peixinho mesmo. Você nada melhor do que a tia.

— A pofessora que me ensinou. Pede pa te ensinar também — aponta com o dedinho como se estivesse mandando — ensinar você também, mamãe, puque cê não sabe.

— Obrigada pela parte que me toca, filha — estala um beijo na bochecha da pequena — agora você se enrola que nós vamos subir — desce a menina do colo e entrega a toalha.

Meu sonho - Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora