Gabriel
Viagem SP — (01/08)
— Vamos chegar atrasados — digo ao olhar o horário.
— Ai, Gabriel — passa a mão no rosto — não me amola que eu não sou facão. Eu já tô pronta, ok? — o tom é ríspido. Ela coloca a mala ao lado do corpo.
— Ih, cutucou a onça com vara curta — o Fabinho tenta falar baixo. Só tenta mesmo.
— Fábio, por que você não vai pastar? — minha mulher indaga.
— As vacas e os bois vão te adotar porque o chifre você já tem — estalo a língua no céu da boca e a Juliana ri.
— Vai se ferrar, Gabriel — me mostra o dedo do meio — tem mó tempão isso — ajeita o boné na cabeça.
— O chifre tá até atrapalhando a colocar o boné — tira sarro.
— Gabriel 2.0. Ainda bem que vai passar uns dias lá.
— Quem tá verdadeiramente grata com isso sou eu. Ficar longe de você por uns dias é uma benção, Planeta. Gratidão — une as duas mãos.
— Minha menina e meu menino, vão com Deus — a mais velha se aproxima — boa viagem — me abraça e em seguida abraça a Juliana — Voltam que dia mesmo?
— Dia 7, dona Rose. Como são dois jogos seguidos lá, a delegação do Flamengo não volta. E eu vou aproveitar pra ir em Santos. Ver meus sogros e a Dhio — abre um sorriso. Acho que essa mulher ama mais a minha irmã do que eu.
— Tchau! Dona Rose, não deixa o Fabinho aprontar por aqui — digo andando em direção à porta com a mala.
— Pode deixar. Vou colocar juízo na cabeça desse garoto.
Pego a minha mala e sigo andando até o carro. Abro o porta-malas e coloco toda a minha bagagem.
— Bem que você podia me ajudar aqui, né Gabriel? — me viro rapidamente percebendo o olhar semicerrado e a mandíbula travada. Mesmo assim ela continua linda. Porra. Impossível ficar feia.
— Estava indo fazer isso — guardo as malas e a Juliana entra no carro — amor, duas malas pra sete dias? — indago quando entro no automóvel.
— Tô levando o que eu preciso — dá com os ombros e liga o som — quer um? — pergunta tirando um pacote de m&m's da bolsa.
— Não — digo arrancando com o carro. Minha mão de forma quase automática para na coxa esquerda dela.
— Amor, pretinho — consigo a observar apertando levemente os lábios — tira a mãozinha, por favor.
— Por que pretinha?
— Gabriel, se você não quiser que eu faça você parar de dirigir esse carro... só pra me fuder, tira a mão.
— Pensando bem, não seria ruim — sorrio de canto.
— Essa ideia não é ruim, até no momento que chegarmos lá. Você vai tomar uma bronca do Dorival e do Braz, e ainda vai ser multado — entrelaça as nossas mãos.
— Melhor correr da tentação. Mas no dia de folga.
— Só se você fugir e ir lá em Santos — o tom é provocante.
— Pela minha mulher? Pô, fujo igual o Romário — paro o carro no semáforo — Ninguém percebe — faço contato visual.
— Quem te viu, quem te ver. Amarrei o Gabriel Barbosa — passa a mão pela minha barba — Será que um dia me torno oficialmente uma Barbosa? — umedece os lábios.
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Meu sonho - Gabriel Barbosa
RomanceJuliana Vieira é uma quase jornalista já que está no último período. A carioca apaixonada pelo Flamengo, conseguiu um estágio na Rádio Globo Rio, e acaba sendo escalada para cobrir o jogo do seu time de coração o que era seu sonho. O que ninguém ima...