Capítulo 68

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Suspiro ao acordar, a cama está vazia e tenho dificuldade ao me sentar. Flashbacks da noite de ontem rondam minha mente enquanto um sorrisinho dança em meu rosto.

Quando por fim me levanto, sinto as minhas pernas tremerem, ao ponto de eu me escorar na parede. Meu corpo apresenta vários roxos, por todas as partes e de todos os tamanhos, o que me irrita pra caralho. Aquele desgraçado me deixou toda marcada! Visto com dificuldade o vestido de ontem e me enrolo em um dos cobertores. Com tantos empregados na casa, se eu andar por aí completamente roxa podem facilmente fofocar.

Se torna uma dura missão caminhar até meu closet e depois até meu quarto. Mais difícil ainda fazer toda a minha rotina de higiene. O xingo mentalmente por me fazer gastar um vidrinho todo da minha querida base de mais de 30 mil dólares.

Quando por fim me vejo devidamente apresentável e sem chupões aparentes, posso por fim verificar se o mesmo ainda está aqui, não demorando muito para encontrá-lo na cozinha.

A mesa está posta e nela tem uma imensidão de frutas e coisas de café da manhã. O mesmo não se surpreende ao me ver na mesa, pegando um bolinho que parece delicioso.

-Bom dia.-Digo já pegando a jarra de suco.

-Bom dia. Fico surpreso que ainda consiga usar as pernas.-Diz com deboche, me fazendo estreitar os olhos para o mesmo.

-Eu deveria te cobrar uma base nova.-Digo irada.-Até meus braços Nikolai, tinha necessidade?-O vejo dar de ombros antes de colocar na boa um pedaço imenso do pão, com uma longa e calma tranquilidade.

-Deixei os seus pés intactos.-Abro a boca embasbacada para o mesmo que continua comendo com tranquilidade. Algumas empregadas chegam para nos servir, mas rapidamente as dispenso.-Quanto mal humor, nem parece que te fodi durante toda a noite.-Jogo uma maçã em sua cabeça, o acertando em cheio.

-Você me irrita, e me irrita muito.-Digo entredentes, com ele ainda me encarando espantado.

-Sua... Maluca!-Diz sendo acertado dessa vez por uma pera.-Ok ok, peço desculpas.-Diz finalmente se rendendo.-Me pergunto como está o casal de ontem, espero que aquele cabeça dura tenha me ouvido.

-Você estava aconselhando o Adam?-Pergunto divertida.

-Qual é, já estava cansado dessa mesma história. Ambos se atraem, o cara é babaca, ficam em um drama sem fim somente para ficarem juntos no final, isso quando não ocorre uma gravidez, o que deixa tudo muito dramático.-Diz me fazendo concordar. Lembro dos pequenos de meus primos e me bate uma tremenda saudade.

-Faz tempo que não os faço uma visita.-Comento antes de comer uma maçã.-Preciso comprar novos brinquedos e levar para a criançada.-Digo sorrindo.

-Você parece gostar bastante de crianças.-Comenta me fazendo acenar com a cabeça.

-Sempre amei crianças, mesmo aquelas mais chatas e cheias de catarro.-O mesmo faz uma careta extremamente grande antes de deixar de lado a pasta esverdeada que iria passar no pão.-E você? Gosta de crianças?-O mesmo mastiga sua torrada pura enquanto parece ponderar sobre uma resposta.

-Gosto quando tenho alguma ligação com ela, por exemplo a filhinha da Sam. Gosto muito daquela catarrenta quebradora de cabelos. Nos seus primeiros aninhos foram várias as vezes que pensei que ficaria careca de tanto que aquela menina puxava.-Rio ao imaginar a cena daquela criança apocalíptica.

-Não imaginava que gostasse de crianças. Sempre fica tão sério quando está perto de uma.

-Não costumo demonstrar sentimentos por quem não conheço, e isso se aplica a crianças também.-Aceno com a cabeça.

-E por mim, você tem sentimentos?-Pergunto sem rodeios, vendo como seu rosto rapidamente fica sério.

-Não sei ao certo o que sinto.-Me responde encarando em meus olhos. Perco rapidamente o apetite.

-Nikolai, vou ser bem franca com você.-Digo respirando fundo antes de o encarar.-Eu te amo, não sei quando ou como aconteceu, mas eu te amo. Me deixa chateada saber que não sou retribuída da forma que gostaria, e me dói saber o quão rancoroso você pode ser, apesar de todas as outras coisas.-Digo o encarando.

-Não consigo fazer muito a respeito, realmente é mais forte que eu, esse sentimento constante de mágoa por tudo o que perdi por conta do que você fez. Sei que não estou totalmente isento em relação a você. Eu realmente sinto algo por você, mas não sei se é atração ou algo a mais.-Bebo um longo gole de meu suco antes de voltar a encara-lo.

-Eu entendo, na verdade, tento compreender. Suas ações realmente não se parecem com a de alguém magoado. A forma íntima que ficamos ontem não era de alguém que guardava uma mágoa por mim. Sei que temos química, sempre tivemos, mas aquilo foi muito mais do que um simples e intenso sexo.-Digo respirando fundo.-Eu quero que você se afaste de mim. Eu não quero apenas te ter de forma carnal, eu não quero que nossa relação seja baseada em eu te amando e você ainda magoado comigo. Vi casamentos o suficiente para saber que se o outro não retribui da mesma forma, está completamente fadado ao fracasso.

-Você quer que paremos de nos ver?-Pergunta o mesmo sério.

-Sim. Eu realmente te amo Nikolai, mas acima de tudo eu me amo muito mais. Eu jamais ficaria nesse tipo de relacionamento. Se for para estar em um, que seja onde o meu parceiro sinta o mesmo que eu. Eu vou te dar dois meses apenas, para que você possa pensar, procurar um psicólogo, fazer meditação ou o que achar que funciona melhor.

-E se em dois meses nada tiver mudado?-Pergunta cruzando os braços.

-Então eu vou te excluir da minha vida e seguir em frente. Apesar de o que sentirmos ser incrível, sei que uma semana de choro, sorvete e colinho de mãe me fará te superar e me deixará livre para seguir em frente. Amores vem e vão, e se eu não me amar o suficiente para dar um basta em uma situação como essa, ninguém vai fazer.-Digo dando de ombros.

-Então esse será o nosso último café da manhã juntos?-Suspiro antes de acenar com a cabeça.

-Na próxima semana o meu advogado vai te entrar os papéis relacionados ao divórcio, para que possamos ficar oficialmente livres, quanto a casa, pode ficar o tempo que desejar, quando acabar leva algumas frutas pra você comer, não fizemos compras essa semana.-Digo me retirando da cozinha. É impossível as lágrimas não escaparem de meus olhos, assim como o soluço. A dor do amor é realmente uma droga.

Uma semana depois...

Nikolao onn...

Respiro fundo ao encarar o papel a minha frente, no qual o homem espera pacientemente eu assinar. Pego de forma relutante a caneta e não demoro a assinar o papel que agora, oficializa a minha separação. O homem sorri antes de apertar a minha mão, me parabenizando. Quando por fim ele sai, pego meu telefone e volto a futucar minhas redes sociais, ou melhor dizendo, volto a stalkear agora a minha ex mulher.

Dou um gole em minha cerveja enquanto a encaro através do vídeo, ensinando alguma técnica de maquiagem.

Não me orgulho em dizer que estive na merda essa semana. Não consigo dormir direito, não consigo comer direito e pior, me sinto constantemente solitário. Muito solitário. Minha consulta com um psicólogo está marcada para a segunda feira.

Me deito no sofá enquanto encaro a tela do telefone, a mesma sorri ao encarar uma maquiagem antes de pegar outro pincel. Me sinto patético. Finalmente consegui o que queria que era ficar livre dela, ter minha vida de volta, meu trabalho, meus momentos sozinho, mas aparentemente isso não me parece mais o suficiente.

Por quê?

Obrigada A Casar Com Um Estranho Onde histórias criam vida. Descubra agora