Capítulo 62

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-Mas então, o que te fez vir aqui me visitar? Saudades da sua querida sogra? Que tal entrar para que eu possa te oferecer uns biscoitos querida nora.-Diz a mesma com um humor tão ácido que apenas reviro os olhos, já começando a me arrepender dessa péssima escolha.

-Se minha situação não fosse tão triste eu com certeza não teria feito essa escolha, querida sogra.-Digo entrando em seu apartamento modesto porém bonito.-E meu querido sogro?-Pergunto me sentando em seu sofá.

-Hoje é a noite de bingo.-Diz se sentando em frente a mim em uma das poltronas.-Vamos lá, desembucha.-Diz sem demonstrar muito interesse ou paciência.

-Seu filho.-Digo soltando essas duas palavras no ar para a mesma que continua esperando.-Está estranho, na verdade, está completamente distante e eu estou ficando louca com isso.-A mesma bufa antes de revirar os olhos.

-Não acredito que pausei minha série para ouvir isso.-Diz entediada. Engulo em seco antes de cruzar os braços. Não está sendo fácil levar numa boa todos esses acontecimentos e ainda permanecer firme e forte.-Menina, escuta.-Diz em um tom um pouco menos arrogante.-O Nikolai sempre foi uma criança de poucos amigos, reservado e sério.-Diz trazendo para frente seus belos e loiros cabelos.-Desde criança, ele sempre foi o mais difícil de ser controlado e com certeza o que tem a rédea mais curta dos dois. Pense nele como um cavalo do mato, arisco e completamente rebelde. O que acontece quando você, contra a vontade dele, aprisiona ele? Mesmo oferecendo o melhor pasto, as melhores frutas e a melhor grama pra ele galopar, isso não vai impedir a infelicidade desse cavalo.-Respiro fundo enquanto continuo a encarar.-Desde o início eu sempre soube que meu filho foi obrigado a se meter nessa merda, e pior, sei que foi inicialmente por causa de um capricho seu.

-Não vou negar que no início eu realmente fui uma vaca.-Digo a encarando.

-Mas alguma coisa mudou.-Afirma com seus olhos sagazes e experientes.-Não te culpo, meu filho é realmente lindo.-Diz sorrindo orgulhosa.-Escute menina.-Diz respirando fundo.-O Nikolai, apesar de com certeza dos dois gêmeos ser o mais fechado, o mais irritado e o mais rude, em muitos momentos ele se demonstra extremamente carente e extremamente carinhoso. Mas ele só demonstra isso pra alguém que ele realmente goste, e apesar de toda essa marra, ele tem uma tendência a ficar extremamente sensível as ações de terceiros. Em outras palavras, quanto maior o sentimento que ele tem sobre uma pessoa, maior o poder dela em o machucar. Eu espero que esse não tenha sido o caso, mas duvido muito que possa ter outra razão.

-E o que você me recomenda a fazer nessa situação?-Pergunto engolindo um nó na minha garganta.

-Você ama o meu filho? Olhe nos meus olhos e diga isso.-Diz em um tom sério.

-Eu não sei o que é o amor.-Digo suspirando antes de encara-la.-Não sei se esse sentimento que queima dentro de mim toda vez que eu o encaro, ou se essa intensa agonia que sinto toda vez que vejo o seu olhar indiferente significa isso. -Digo dando de ombros.-Só sei que sinto algo forte o suficiente para me deixar perturbada toda vez que vejo o quão distante ele fica de mim, e com certeza forte o suficiente para ter vindo te procurar, a última e mais improvável pessoa desse mundo.-Digo a vendo sorrir de lado.

-Não sei se te dou os parabéns ou se te falo bem feito por ter se apaixonado pelo meu filho.-Diz com diversão.-Escuta garota. Não vou saber dizer se meu filho sente o mesmo por você ou não, mas você pode perceber. Ele não é um homem de palavras, ele é um homem de ações. Ele e eu temos muito em comum, e essa é com certeza nossa principal semelhança. Sabe quantas vezes eu disse eu te amo para o meu marido, em quase 55 anos de casados?-Nego com a cabeça.-2 vezes. Em 55 anos de casados.-Fico um pouco surpresa com isso.-Pode parecer surpreendente, mas meu marido nunca teve dúvidas de que eu o amava. Comece a reparar nas ações dele, e você vai perceber se ele te ama ou não.

-Obrigada por isso.-Digo encarando seus olhos.-Foi bom conversar com você.-A mesma sorri para mim antes de acenar com a cabeça.

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Tomo um susto ao ligar a luz da sala e me deparar com o mesmo sentado em uma poltrona me encarando um irritados olhos.

-Já é quase uma da manhã, onde você estava?-Arqueio a sobrancelha para o seu tom de voz, vendo como o mesmo fica extremamente lindo com essa carranca.

-Estava preocupado comigo?-Pergunto cruzando os braços enquanto o encaro divertida.

-Não te interessa.-Diz se levantando e correndo para o andar de cima, meus olhos acompanham cuidadosamente suas grandes e musculosas costas e deus, que saudade de sentar gostoso nesse homem. Meu estômago ronca de fome e choramingo ao perceber que vou ter que comer minha gororoba horrível. Me arrasto sem muito interesse para dentro da cozinha, sendo invadida por um cheiro muito bom que apenas me faz salivar.

Em cima do balcão há um grande prato feito, com uma variedade de legumes e carnes, cobertos cuidadosamente por um plástico filme. Pode parecer um pouco idiota, mas sorrio enquanto o meu coração da um pequeno pulo ao perceber que ele deixou um prato maravilhoso de comida pra mim. Se ele não se importasse ele não estaria me esperando na porta de casa bravo e muito menos teria se preocupado em me deixar comer bem não é?

Então isso quer dizer que não está tudo perdido e que, com uns truquezinhos na manga consigo fazer ele me desculpar e de quebra sentar gostoso nele depois? Um maléfico plano começa a se formar na minha mente enquanto termino de tirar o plástico do prato para esquentar no microondas.

Vamos lá, só eu que os achei fofos? Kkk ainda sou boiolinha desses dois. Me aguardem pois virão capítulos maravilhosos hehe

Obrigada A Casar Com Um Estranho Onde histórias criam vida. Descubra agora