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— Alicent, não foi de propósito. Eu realmente não estou me sentindo bem.

Visenya se justificou. Ela realmente não queria provocar ou discutir com a Hightower naquele momento. E para sua surpresa, a rainha apenas respirou fundo, ignorando o vômito em seu próprio vestido.

— Rapazes, podem continuar essa discussão lá fora? - Sugeriu ela, quase empurrando os dois para fora do quarto antes de se sentar novamente. — Visenya, eu quero te pedir perdão. Eu acredito que fui muito cruel e exagerei em tirar seu dragão de você. Me perdoe.

Visenya olhava incrédula para Alicent, tentando entender o porquê ela estava fazendo isso já que nunca gostou dela. Então, Alicent pegou em sua mão.

— Eu entendo que você deve estar nervosa por se casar tão cedo. Eu tinha apenas quinze anos quando me casei - Desabafou a Hightower, refletindo sobre o próprio passado. — Eu era uma criança que fui forçada a crescer e sabe, eu entendo você.

— Entende?

— Seu medo não é do casamento em si mas sim da maternidade, não é? Eu já fui como você, Visenya. Eu não amava o seu avô quando me casei, era apenas uma menina assustada que dizia preferir estar morta do que se arriscar em um parto. Eu tinha medo de acabar como a rainha Aemma.

  Desabafou Alicent, prendendo a atenção de Visenya que algumas vezes se questionava se ainda estava desmaiada e tudo aquilo era alucinação de sua cabeça.

— E então de repente, eu estava grávida do Aegon. Eu odiava o sentimento dele crescendo dentro de mim, como uma doença! - Os olhos castanhos da rainha se encheram de lágrimas. — Me consumindo e me sugando como se eu fosse um animal. Helaena pareceu ser pior ainda, eu mal podia tocá-la que ela surtava, começava a chorar. E eu odiava seu choro, odiava ter que pegá-la no colo. Eu nunca quis ser mãe. Como eu poderia ser responsável por outras vidas? A vida me assustava!

Alicent limpou suas lágrimas, permanecendo em silêncio por algum tempo antes de voltar a falar:

— Então o Aemond veio. Eu pensei que ia morrer no parto, pensei que ele ia morrer. Foi tudo intensamente doloroso mas valeu a pena quando eu vi ele - Alicent sorriu, deixando clara a preferência pelo filho. — Meu pequeno príncipe.

— Eu não sabia disso.

— Ninguém nunca soube do que eu sentia. Nem mesmo sua mãe, estávamos meio afastadas na época. Então um ano depois eu estava grávida de novo. Sabe, apesar de não ser o meu favorito Daeron foi o único que nunca me deu trabalho, até hoje.

— Eu acredito que não deveria fazer distinção entre os filhos, vossa graça.

— Todas as pessoas fazem, Visenya. Mesmo sem querer. O rei Viserys prefere a sua mãe e a Rhaenyra sempre preferiu você, a menininha dela - Contou Alicent, acariciando carinhosamente a mão da princesa que rapidamente se desvencilhou.

— E qual o propósito desta história, vossa graça?

— Eu sei que pode parecer assustador mas eu te garanto que isso tudo vale a pena, minha querida. Casar-se com um bom homem e dar à luz são as maiores honras que uma mulher pode ter. Dê uma chance ao Cregan, dê uma chance ao filho que um dia você terá.

Visenya levou lentamente a mão até a barriga. Alicent interpretou o gesto como se ela estivesse considerando a ideia. Mal sabia a Rainha Verde que ali se encontrava seu quarto neto. Visenya encarava Alicent com apreensão, já que não havia acreditado em  sequer uma palavra que ela havia dito.

— Por que está sendo tão boa comigo?

— Eu percebi que te julguei mal e... bom, Rhaenyra era minha melhor amiga e deixou sua primogênita aos meus cuidados. É meu dever te tratar como se fosse minha filha - Alicent sorriu para ela e antes de sair, disse: — Darei ordens para que libertem seu dragão. Poderá montá-lo a hora que quiser.

𝐆𝐀𝐌𝐄 𝐎𝐅 𝐒𝐔𝐑𝐕𝐈𝐕𝐀𝐋 • 𝐡𝐨𝐮𝐬𝐞 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐫𝐚𝐠𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora