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— Pelos deuses!

Exclamou Alicent Hightower ao adentrar o quarto do filho e se deparar com a bebê morta sobre a cama. Apesar da aparência monstruosa e cadavérica da criança, o que realmente surpreendeu Alicent foi o fato de que Aemond chorava.

— Oh, meu querido... Eu sinto muito.

— Visenya deve estar me odiando. Eu... eu matei a nossa filha, nossa Rhaenys...

— Você não a matou - Alicent ajoelhou-se ao lado do filho, limpando as lágrimas que saíam do único olho dele. — Você fez o que era certo. Infelizmente Visenya sempre foi muito explosiva e o estresse deve ter ocasionado isso.

— Você sabe que não é verdade.

— Foi muita crueldade da parte dela enviar a criança morta para você.

— Crueldade? Nós tiramos o trono dela!

— O trono não é dela! - Exclamou Alicent, em voz alta. E percebendo que não conseguiria manipular o filho daquela forma, ela respirou fundo e tomou uma voz calma e doce. — O trono sempre foi de Aegon, meu querido. Você sempre soube disso, a questão é que Rhaenyra e Visenya manipularam sua mente de tal forma que você já não enxerga mais isso.

Aemond não respondeu, olhando de forma triste para o corpinho de sua filha morta. Alicent prosseguiu com o seu joguinho de emoções:

— Não nos culpe se Visenya não te ama o suficiente para abrir mão do trono por você - Ela alfinetou, com a língua cheia de veneno. — Quem ama faz sacrifícios, Aemond.

— Ela não vai me perdoar... nunca...

— E você não precisa do perdão dela - Alicent agarrou o rosto do filho com um pouco de força, encarando-o olho a olho. — Você só precisa da sua família, sua verdadeira família. Nós sim amamos você e sacrificaríamos tudo por você.

  Aemond olhou para a mãe, se deixando manipular. Com a falta de atenção do pai e sendo o favorito de sua mãe, ele sempre se apegara muitíssimo à ela o que o tornava facilmente manipulável nas mãos da rainha verde. E com o olho marejado, Aemond abraçou sua mãe que beijou sua cabeça algumas vezes, sentindo satisfação internamente por ter sucesso em sua manipulação.

— Daremos um velório decente à princesinha - Disse Alicent, de forma calma e doce antes de se afastar do filho para o encarar novamente, desta vez séria. — Pedirei que Aegon anule o seu casamento.

— O que? Mas...

— Aemond, todo mundo comete erros e este casamento foi um. Basta apenas uma palavra de seu irmão e você estará livre para encontrar uma princesa que realmente possa lhe dar amor e quantos filhos desejar.

"Mas é Visenya que eu quero", Aemond pensou, apenas assentindo com a cabeça para a mãe. Então Alicent sorriu antes de dizer:

— Lorde Borros Baratheon tem cinco filhas solteiras e precisamos fazer uma aliança com ele.

— Mal tive meu casamento anulado e a senhora já me quer em outro?

— Este será favorável não só para o trono mas para você também, querido - Ela sorriu de forma cínica. — Eu soube que as filhas de Lorde Baratheon são lindíssimas, até mais que aquela bastardinha.

— Não a chame de...

— Ora, Aemond. Você esteve com ela mais de seis meses, vai mesmo me dizer que ela é filha de sor Laenor? - Alicent perguntou em tom de obviedade. Aemond suspirou. — Ela é filha de Harwin Strong, não é?

— Sim. Ela me confessou certa vez.

Alicent não pôde deixar de dar um sorriso de satisfação ao saber que sempre esteve certa.  Enquanto isso, Aemond se virou para a pequena Rhaenys, a enrolando delicadamente em panos novamente. Quando a princesinha já estava toda coberta, ele deu um singelo beijo em seu cadáver, deixando uma última e solitária lagrima escorrer de seu olho. Se a intenção de Visenya era feri-lo, ela havia conseguido.

𝐆𝐀𝐌𝐄 𝐎𝐅 𝐒𝐔𝐑𝐕𝐈𝐕𝐀𝐋 • 𝐡𝐨𝐮𝐬𝐞 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐫𝐚𝐠𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora