𝐆𝐀𝐌𝐄 𝐎𝐅 𝐒𝐔𝐑𝐕𝐈𝐕𝐀𝐋 • 𝐡𝐨𝐮𝐬𝐞 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐫𝐚𝐠𝐨𝐧

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Flashback on

   Rhaenys Targaryen segurava sua primeira neta, Visenya Velaryon, no colo enquanto a pequena princesa tinha um livro em mãos. A rainha que nunca foi estava impressionada, Visenya tinha apenas cinco anos e já era muito inteligente a ponto de ler um livro inteiro escrito em Alto Valiriano.

— Veja só este aqui, vovó! - Ela apontou para a ilustração de um dragão no livro.
— Grey Ghost... Ele é lindo!

— Minha querida, este é um dragão selvagem.

— O que?

— Dragões selvagens são dragões violentos, impossíveis de domar e existem três deles. Grey Ghost é um - Rhaenys virou a página do livro. De um lado havia um dragão de escamas vermelhas e do outro um grande dragão negro. — Estes são Sheepstealer e Canibal.

— Uau...

  Os olhos azulados de Visenya brilharam. Rhaenys soltou uma risadinha com a reação da pequena princesa. A maioria das crianças ficava apavorada só de imaginar aqueles três terríveis dragões mas Visenya parecia fascinada por eles.

— Vovó, eu quero um dragão selvagem! - Ela pediu inocentemente. Rhaenys riu. — Mas é sério! Só não consigo me decidir qual... posso ter os três?

— Visenya, acho que você não entendeu bem o conceito de dragões selvagens.

  Rhaenys fechou o livro e depositou-o sobre à mesa de cabeceira ao seu lado. Então ela virou a pequena Visenya para si, com um sorriso no rosto.

— Mas a cada dia você se mostra uma verdadeira Targaryen, o fogo corre em suas veias. Eu não me surpreenderia se você conseguisse domá-los quando crescesse.

— A senhora acredita que posso?

Os olhos de Visenya brilharam ainda mais, fazendo certo carinho abraçar o coração de Rhaenys. Ela sabia que Visenya não era sua neta biológica, era óbvio. Mas assim como Laenor a adotara como sua filha, Rhaenys a tomou como sua neta desde seu primeiro suspiro. A Targaryen acariciou o rosto da criança antes de afirmar:

— Sim, eu acredito. Você fará grandes coisas um dia, Visenya. Será a maior e melhor Rainha que os Sete Reinos já teve.

Flashback off 

  Lembrando-se das palavras de sua falecida avó, Visenya encarava os olhos assassinos e grandes do dragão à sua frente. Canibal era negro como carvão, o maior e mais antigo dos dragões selvagens, ela o conhecia muito bem e sabia de todos os seus feitos. Muitos falharam em domá-lo e Visenya pôde constatar isso pelos diversos ossos por ali espalhados. Mas ela não se assustou em nenhum momento, puxando o chicote de seu bolso enquanto ele avançava rumo à ela.

— Dohaeras, Canibal! - Ela ordenou em alta voz, batendo o chicote contra o chão enquanto dava alguns passos para trás. — Lykiri!

  Mas Canibal continuava avançando contra ela, com o objetivo de devorá-la. Visenya desviou-se, rolando pelo chão quando ele tentou abocanhá-la. Quando se pôs de pé novamente, seu chicote atingiu uma asa do grande dragão.

— Dohaeras!

Canibal rugiu enfurecido, virando-se para ela com um ar sombrio e assassino, seus milhares de dentes aparecendo. Visenya bateu nele com um chicote mais uma vez e outra. Ela estava determinada a não sair dali enquanto não o domasse. Berrando em fúria, Canibal tentou ir contra Visenya, batendo uma de suas asas com força nela e a fazendo derrubar o chicote ao longe, em meio a floresta.

  O coração da Velaryon palpitava pela adrenalina enquanto ela corria em meio à mata, com o grande Canibal logo atrás de si, derrubando e queimando árvores. Domar Sheepstealer havia sido difícil mas Canibal parecia impossível. E na escuridão da noite, iluminada apenas pelas chamadas do dragão, Visenya conseguiu avistar o chicote. Mesmo com a respiração ofegante e os pulmões ardendo, ela não parou de correr até conseguir pegá-lo.