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  Um clima estranho se instalou na mesa. Pretos de um lado, verdes de outro. Cada grupo em uma conversa individual como se tentassem ignorar a presença um do outro. O príncipe Daeron bufou quando Aegon a sua esquerda e Loren a sua direita, começaram a conversar abertamente como se ele não estivesse ali. Quando a Lannister se distraiu por um instante para falar com a sogra, Daeron sussurrou para o irmão:

— Eu não sei o que você está fazendo mas você vai parar.

— Do que está falando? - Ele franziu a testa, virando sua segunda taça de bebida naquela noite. — Eu sequer olho para a Helaena. Que porra você está dizendo?

— Estou falando da Loren, seu idiota. Se acha que eu vou permitir...

— Permitir? - Aegon riu. — Está com ciúmes, irmãozinho?

— Não estou com ciúmes. Estou preocupado com ela. Loren é só uma menina, Aegon. Não pode fazer com ela o mesmo que fez com a Helaena!

Disse ele em voz baixa, dando uma rápida olhada para sua irmã e amante que parecia distraída com o próprio reflexo no prato.

— Você é um maldito abusador, uma pessoa horrível. Eu sei bem o que vai fazer com ela.

— Creio que está se precipitando, Daeron. Não pode simplesmente acreditar que estou apaixonado?

— Apaixonado, você? - Foi a vez do príncipe mais novo rir. — Como pode dar amor a alguém se você nunca o recebeu?

  Aegon fechou sua expressão de repente, seus olhos frios encarando o irmão caçula como se ele houvesse tocado em uma ferida sua. Uma ferida muito dolorosa até mesmo para Daeron.

— Da mesma forma que você, caro irmão. O filho que nunca deu trabalho ou o filho esquecido? - Retrucou Aegon, sabendo que aquilo também machucaria seu irmão. — O único amor que você achou foi o da Helaena, talvez para suprir o fato de que você não é amado nem pela mamãe.

— E de que forma ela te ama? Te agredindo?

Os irmãos se encararam em silêncio por alguns instantes. O primogênito e o caçula, os dois filhos esquecidos, detestáveis, machucados, trocando verdades duras um para o outro. Daeron finalizou sussurrando:

— Pelo menos eu tenho o amor da Rhaenyra.

  O olhar de Aegon foi de Daeron para a irmã mais velha quase de imediato. Rhaenyra Targaryen ria enquanto conversava com Daemon e seus filhos. Aegon sentiu uma mistura de tristeza, raiva e inveja tomar conta de si, o destruindo por dentro como um veneno.

De repente, as portas do salão foram abertas, revelando soldados da guarda real carregando uma enorme cadeira em que o rei Viserys se acomodava, ficando evidente que o pobre homem já não aguentava o peso de seu próprio tronco, o tornando impossibilitado de andar. A máscara de ouro em seu rosto brilhou com a luz das velas do local e como sempre, Viserys respirava pesadamente como se o ar fosse lhe fugir a qualquer momento.

Com respeito, todos se levantaram para recebê-lo e os guardas depositaram o assento até o exato meio de onde se encontravam Alicent e Rhaenyra, que se olharam pela primeira vez na noite. O silêncio tomou conta do local, e nenhuma palavra fora emitida, já que agora todos esperavam alguma palavra do monarca. Ele movimentou lenta e dolorosamente a mão, indicando que todos deveriam voltar a se sentar.

Com a respiração alta e pesada, o rei Viserys passou seu único olho por cada rosto ali presente e de forma fraca, ele sorriu, expondo a falta de vários dentes e a existência de alguns podres.

— Como é bom ver todos vocês esta noite... juntos...como a família que são - Disse ele, sentindo Alicent acariciar sua mão gélida e esquelética. — Esta é uma ocasião para celebração, ao que parece.
As princesas Visenya, Helaena e Loren carregam crianças que darão continuidade à linhagem Targaryen!

𝐆𝐀𝐌𝐄 𝐎𝐅 𝐒𝐔𝐑𝐕𝐈𝐕𝐀𝐋 • 𝐡𝐨𝐮𝐬𝐞 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐫𝐚𝐠𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora