Ta com ciúmes?

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Entramos na festa como se fôssemos os animadores da noite, e logo todo mundo veio nos cumprimentar. A atmosfera estava eletrizante, mas percebi que a animação era mais pela presença do meu irmão do que pela minha. Afinal, como ele mora fora, não se encontram com frequência.

Henrique: Sarinha! — ele me abraça de lado, um sorriso largo no rosto. — Que isso em? — me analisa de cima a baixo com um olhar brincalhão.

Rafael: Começa pra você ver. — ele ameaça, num tom protetor.

Reviro os olhos, já cansada desse tipo de "proteção".

Por que eu ainda insisto?

Dos amigos do Rafa, Henrique sempre foi o mais legal... e o mais gato. Mas isso fica entre nós, ok? Ele foi meu crush na adolescência; antes de eu namorar com o Gabriel, Henrique era o príncipe do meu conto de fadas. Sempre arrumadinho, com aquele cabelo estilo Justin Bieber e dentes perfeitos. Era educado e carinhoso, um verdadeiro fofo. Eu sonhava com ele todas as noites! Um sorriso involuntário surge ao lembrar dessas memórias.

Henrique: Quer uma bebida?

Sarah: Vou querer sim. — assenti, animada.

Quando olho para o lado, percebo que meu irmão já havia desaparecido em meio à galera. Isso porque ele se importa tanto comigo, né? Idiota. Fui caminhando com Henrique até o freezer. Ele me entregou uma cerveja e brindou comigo. Em seguida, nos juntamos a uma roda de amigos.

[...]

Cheguei perto do balcão e abri uma das sete caixas de pizza, pegando uma fatia generosa. Mordo um pedaço e escoro as costas no balcão. De repente, ouço uma algazarra vindo do portão — alguém havia chegado. Fico observando à distância enquanto eles pulam e jogam bebida para cima, contagiados pela animação da nova presença. Quase me engasgo ao perceber quem eram.

Daniel, Conor e um cara que eu não conheço.

Rafael: Que isso, Sarah? — ele corre até mim, preocupado.

Continuo tossindo enquanto ele levanta meus braços como se eu fosse uma criança, dando dois tapinhas nas minhas costas. Finalmente consigo desengasgar.

Sarah: Quem são esses? — faço-me de desentendida, tentando esconder meu interesse.

Rafael: Uns amigos. — responde, mordendo um pedaço da pizza que eu segurava.

Sarah: Ei! — afasto minha pizza dele, franzindo o cenho.

Rafael: Desses você não pode passar nem perto. — diz com a boca cheia, num tom brincalhão.

Sarah: Ew! Sai daqui, nojento! — dou um tapa em seu ombro enquanto o empurro para longe.

Ele ri e se afasta, me deixando sozinha com minha pizza. Não me importei; continuei comendo tranquilamente.

Daniel: E aí, gatinha! — chega animado e me dá um beijo no rosto.

Sarah: Oi! — respondo com um sorriso diante de sua euforia contagiante.

Daniel: E a Mari?

Sarah: Tá vindo aí. — assenti, colocando ênfase na minha fala enquanto observava a movimentação na festa.

Conor: Oi. — aparece logo atrás.

Eu gelei. Não sei o que aconteceu, mas já fazia alguns dias que eu não o via, e não esperava encontrá-lo aqui, muito menos que viesse me cumprimentar. Senti sua mão em minha cintura e, antes que eu pudesse reagir, ele se inclinou e beijou o canto da minha boca delicadamente. Borboletas. Malditas borboletas no estômago! Nunca as senti quando era adolescente, nem mesmo quando estava com o Gabriel. Por que agora? Justamente com ele!

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora