A fuga.

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Conor

06 de Abril

Nos últimos três dias, dedicamos nossa atenção à região ao Norte de King City, uma localidade tranquila com menos de 15 mil habitantes. Apesar da aparente ausência de atividades suspeitas na cidade, chamou-nos a atenção a presença de diversas "fazendas" nos arredores, residências isoladas da população urbana. Nossa base de operações é um hotel no centro da cidade, e para esta investigação contei apenas com a presença de Pedro e Megan. A estratégia é clara: uma vez localizada a casa alvo, mobilizarei uma equipe de 50 soldados para nos auxiliar. A distância de Los Angeles até aqui é aproximadamente quatro horas e meia, mas tenho certeza que eles fazem esse percurso em menos de três horas.

É interessante como me subestimaram, imaginando que eu viria desacompanhado como o lendário Hobin Wood. Confesso que a tentação de agir por conta própria foi forte no momento em que encerrei a ligação. No entanto, foi Megan, com sua mente lúcida e menos tomada pelo desespero e perturbação que eu próprio sentia, quem me convenceu da importância de agirmos com cautela e estratégia.

Há um ser que sente mais a falta dela do que eu neste mundo: Zeke. Desde o dia em que ela não retornou para casa, ele tem demonstrado sinais de estresse. Zeke não permite que ninguém se aproxime dele - embora já não fosse exatamente dócil antes desse acontecimento. Antes, ele ao menos tolerava a presença de outras pessoas em casa, como os seguranças, por exemplo. No entanto, quando fui buscá-lo para trazê-lo comigo, Zeke reagiu com revolta. Ele não me reconheceu de imediato e avançou em minha direção, farejando-me como se estivesse enlouquecido, rosnando e pronto para me picar em pedacinhos.

Mesmo diante desse comportamento agressivo, confio plenamente no meu monstrinho. Não demorou muito para que ele se acalmasse e reconhecesse minha presença, entregando-se aos meus carinhos com um lamento suave. Foi mais do que justo trazê-lo pra se divertir um pouco quando pegarmos os desgraçados, principalmente quando ele sentir o cheiro dela e o rastro do sofrimento que ela tem passado. Aquela cadela vai desejar nunca ter cruzado os olhos com a minha garota.

[...]

Neste exato momento, são 01:15 da madrugada do dia 07 de abril, dando início ao nono dia em que minha lobinha está distante de mim. Zeke e eu saímos para caçar todas as noites desde que chegamos a King City. Enquanto Pedro investiga o terreno com seu laptop no hotel e Megan nos acompanha com um drone de visão noturna, estamos a cerca de 50 mil metros da cidade. Estacionamos o carro alguns quilômetros atrás e adentramos a floresta a pé, seguindo a quarta estrada de terra, em busca de qualquer sinal que possa nos levar até ela.

Um dos motivos pelos quais trouxe Zeke é porque, embora seja óbvio que eu não consiga ver através das paredes, sei que ele pode sentir o cheiro dela a quilômetros de distância. Isso nos daria a certeza de estarmos indo na direção certa. A verdade é que não temos certeza se estamos procurando por uma casa ou por qualquer outra porra de lugar onde ela possa estar. Ela podia estar em um buraco e isso nos passaria despercebido, mas não graças ao Zeke.

Megan: Há uma casa a cerca de cinco quilômetros da sua localização. Não posso me aproximar muito, agora é com você. – Sua voz chiou no ponto em meu ouvido.

Conor: Em que direção? – Pergunto.

Megan: À sua esquerda, tenha cuidado.

Conor: Que fofo. – Zombo. – Vai sentir minha falta se eu morrer?

Megan: Não. Não ligo para você. Vou ficar revoltada se não a trouxer para casa, Conor. – Disse ríspida.

Conor: Sempre soube que seu ódio por ela era na verdade uma paixão, dava para sentir em você o cheiro do desejo de estar entre as pernas dela. Sabe? Ainda vou te matar por isso.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora