Estou de olho em você.

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Sarah

Era madrugada quando me vi observando-o dormir ao meu lado, tranquilo e sereno. A suave luz da lua filtrava pela janela, iluminando seus traços suaves e trazendo um brilho delicado aos seus cabelos bagunçados. Seu rosto parecia carregar o peso do mundo, mas ali, naquele momento, ele parecia em paz, como se nada pudesse perturbá-lo. Era um vislumbre raro e precioso, e eu me peguei sorrindo.

Estiquei os dedos suavemente, com o punho encostado em seu peito, deitada na curva do seu braço. Deslizei as pontas dos dedos delicamente em círculos, acariciando-o, mas eu não tinha intenção de que ele notasse ou acordasse. Eu só queria continuar em silêncio, contemplando sua calma enquanto dormia. Respirei fundo, e olhei ao redor, reparando que Zeke também dormia serenamente no puff no canto do quarto, ele realmente adora aquele sofazinho.

Eu ainda não me acostumei com tudo que aconteceu ontem. Eu admiti, tanto pra mim, quanto pra ele, que o amava. Ele não disse de volta, mas foi nítido que sentia o mesmo, eu nunca vi seus olhos tão escuros, as pupilas quase engoliram por completo as esmeraldas que cintilavam em seu olhar. E eu me senti tão bem, foi como se, agora finalmente, estivéssemos na mesma sintonia.

Mesmo assim, ainda existe muitas perguntas, uma pulga atrás da orelha que não me deixa em paz um segundo sequer. Não sabemos nada - de verdade - um do outro. Parece que quando estamos juntos vivemos a vida de outra pessoa, eu não sou a Sarah, e ele não é o Conor. Mas isso está cada vez mais intenso, até quando vamos fingir que nada está acontecendo?

O que tem dentro daquele quarto?

Eu sei que quando ele volta pra casa de terno, indica que estava na empresa, mas, e quando ele volta com o traje preto, coturnos e luvas? Como ontem, por exemplo. Não sou idiota, eu só... Estou cada dia mais curiosa. O que ele faz? Ele é perigoso? Eu estou realmente segura aqui, ao seu lado?

Com muito cuidado, afasto-me delicadamente, levantando-me em movimentos mínimos e quase imperceptíveis, determinada a não acordá-lo nem mesmo seu cachorro. Sento-me na beira da cama e olho-o por cima do ombro, ainda mergulhado em um sono profundo. Levanto-me e sigo na ponta dos pés, em passos lentos e cautelosos, até alcançar a porta. Antes de sair, lanço uma última olhada para garantir que não os acordei, e finalmente saio, fechando a porta com extremo cuidado.

Respiro fundo mais uma vez, me encorajando a fazer isso novamente, sabendo que desta vez o Zeke não estará por perto para me ameaçar. Desço as escadas na penumbra da casa, evitando acender as luzes e sigo à direita do hall, correndo até o final do corredor para encarar a frustrante porta misteriosa. Retiro o durex do bolso, onde capturei sua impressão digital de um copo de uísque que ele bebeu ontem. Esperei tanto para conseguir essa merda, espero que seja a impressão digital certa.

Encaixo o durex na parte lisa em meu dedo, e pressiono a parte pegajosa no visor da maçaneta, meu coração estava acelerado, a adrenalina aquecendo meu corpo. Após alguns segundos um "bip" ecoou baixinho, e a luz que acendia vermelha, acendeu verde. Meus lábios ergueram em um sorriso glorioso.

É isso aí caralho, eu consegui.

Seguro a maçaneta e giro-a lentamente, na esperança de não fazer barulho, e empurro a porta que parecia pesar toneladas. O ambiente estava completamente escuro, mas assim que estico o braço junto com a porta, uma luz se acende, revelando as quatro paredes cobertas de armas cromadas, suspensas como troféus. Meu coração falhou uma batida.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora