O silêncio foi invadindo enquanto os passos ficavam cada vez mais distante, esvaziando a sala. Ele estava de olhos fechados, coçando a barba, eu fiquei quieta esperando que ele falasse algo.
Conor: Você tinha que alfinetar não é? – leva o olhar a mim.
Sarah: Você tinha que me sequestrar, não é? – arqueio as sobrancelhas, o desafiando outra vez.
Ele deixou claro que não deixaria ninguém me tocar, quando me afastou daquela mulher. Ele vai cumprir com sua palavra.
Ele solta um riso sarcástico e balança a cabeça em negativa.
Conor: Eu não vou entrar no seu joguinho.
Sarah: Não tem joguinho, Conor.
Conor: Sarah... - suspira - Eu falei que EU não te machucaria, mas não quer dizer que eles não vão. Para de bancar a esperta. - diz em um tom áspero.
Fico em silêncio olhando-o nos olhos, sem hesitar. Apesar de sua fala contradizer tudo o que pensei, eu não dei para trás.
Conor: O que quer saber? - finaliza com as mãos na cintura.
Sarah: O que meu pai fez? - cruzo os braços.
Conor: Me deu um prejuízo.
Sarah: Uau! Jura? Não tem como me dar uma resposta mais vaga? - ironizo.
Conor: Você realmente acha que eu vou te contar alguma coisa?
Sarah: Foi o nosso acordo!
Conor: Que porra de acordo?! Não é possível que você seja ingênua desse jeito. Eu realmente não consegui te entender ainda.
Sarah: Mas você diss... - me interrompe.
Conor: Só fala logo! - altera a voz impaciente.
Engoli seco a saliva, me aproximo da mesa e olho a planta da casa de perto.
Sarah: Bom... - pigarreio a garganta - A parte da frente da casa é bem exposta, tem um grande jardim completamente aberto, daria pra ver alguém chegar a qualquer distância. Se sua intenção for ser discreto, é melhor ir pelos fundos, tem uma porta lateral que dá em um depósito pequeno das coisas pra piscina, mas dentro dele tem uma outra porta que dá acesso a casa, é mais fácil por lá.
Conor: Uhum.
Sarah: Essa porta sai no final do corredor, logo a frente tem a área de serviço, a cozinha... - levanto o olhar e ele estava claramente nem aí pro que eu estava falando.
Ele olhava o celular atencioso, tanto que nem percebeu quando parei de falar.
Sarah: Você nem tá me ouvindo. - tento chamar sua atenção.
Conor: Uhum.
Sarah: Ou! - altero a voz.
Conor: O que? - me olha guardando o celular.
Sarah: Você não ouviu uma palavra do que eu disse.
Fui completamente ignorada, novamente. Ele olhava ao redor, os olhos aflitos e trêmulos, parecendo desconfiado de alguma coisa. Eu fiz o mesmo, mas não vi nada demais além do que já havia visto: absolutamente nada e nem ninguém.
Sarah: Conor!
Conor: Hum? - diz tirando a arma do cós da cintura.
Sarah: Mas o que...
Conor: Vem cá. - aponta a arma para a porta do outro lado enquanto sua mão fazia o sinal para eu me aproximar.
Sarah: Eu nã... - me interrompe.
Conor: Caralho como você é teimosa ve... - um estrondo o interrompeu.
O som estrondoso da explosão ecoou pela sala, seguido pelo estilhaçar dos vidros que voaram em todas as direções. O cheiro acre da fumaça invadiu minhas narinas, enquanto o calor intenso me atingiu como uma onda.
Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, a força da explosão nos arremessou para trás, como se a própria gravidade tivesse se revoltado contra nós.
A sensação de desorientação tomou conta de mim enquanto tentava recuperar o fôlego e entender o que havia acontecido.
Conor
Um zunido agudo ecoava em meus ouvidos, acompanhado por uma dor latejante que se espalhava pela minha cabeça. Minha visão turvou por um momento, e lutei para manter a consciência diante da confusão e do caos ao meu redor. Ao virar o rosto, deparei-me com ela: seu rosto manchado de sangue, o corpo ferido pelos estilhaços da explosão.
Eu não sei bem explicar o que senti, foi algo como eu nunca senti antes, o meu peito doía na ideia de que ela poderia não conseguir se levantar dali. Uma movimentação intensa e o som da troca de tiros tomaram conta do local, com o coração acelerado e o peito ardendo por dentro, engatilho até ela o mais rápido que pude.
Conor: Sarah. - minha voz saiu falha pelo nó que apertava minha garganta.
Sacudi seu corpo tentando acordar-la, mas não obtive resposta alguma. Uma presença se aproxima de nós junto com a sombra que nos cobria.
Olho para trás e no mesmo instante senti o impacto da sua sola do pé atingindo meu rosto, fazendo com que eu caísse com a cara fervendo em dor, enquanto um gosto metálico de sangue preenchia minha boca.
O zumbido ensurdecedor voltou a ecor em meus ouvidos, tornando tudo ao redor um borrão confuso.
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Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.
RomanceEm um universo de opulência e ameaças iminentes, uma herdeira da alta sociedade se entrega a um amor proibido com um membro da máfia, desencadeando uma voragem de paixões avassaladoras, confrontos letais e uma obsessão incontrolável. Está é uma hist...