Ei, babona.

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Conor

Após uma duas horas torturando o sujeito, ele ainda não soltava uma palavra. Sua bochecha já estava dilacerada, com a carne exposta. Eu até brinquei de jogo da velha em seu peito com minha faca, aquela parte foi divertida. Derramar seu sangue e ouvir seus gemidos de dor era como uma tarde ensolarada com pássaros cantando. Estava prestes a arrancar sua orelha quando Pedro anunciou pelo fone que os havia encontrado. Sorri, despedi-me do meu prisioneiro e cravei a faca em sua coxa pela última vez, como quem a guarda em um faqueiro.

Atravessei o corredor e a sala com passos firmes e apressados, alcançando sua mesa. Sarah estava sentada em uma cadeira ao lado dele, os braços cruzados e os olhos caídos, exausta e sonolenta. Seu corpo ainda não estava forte o bastante para suportar o ritmo.

Pedro: Não toque em nada com as mãos sujas. – Começou, observando minhas mãos cobertas de sangue. Respirei fundo e as enfiei no bolso. – Eles estão caminhando pela Hollywood Boulevard, tentando se camuflar. Aqui... – Apontou para a tela. – Se agirmos agora, ainda podemos encontrá-los por perto.

Conor: Mantenha-me informado. – Assenti.

Sarah: Eu vou com você. – Levantou-se.

Conor: Não. – Aproximei-me dela. – Fique aqui e descanse. Prometo que logo vamos embora. – Dei-lhe um rápido selinho e virei as costas.

Sarah: Tenha cuidado. – Murmurou.

Com um sorriso nos lábios e passos firmes, decidi deixar essa passar. Não se preocupe comigo, lobinha.

[...]

Pedro: Vire à direita, eles estão camuflados na multidão assistindo a um homem cantar. Só há ele nessa direção, não tem como errar.

Conor: Entendido. – Acelerei, virando o volante para a direita e adentrando a rua.

Logo à frente, avistei a apresentação com cerca de cinquenta pessoas ao redor. Parei rapidamente em frente ao local, piscando os faróis e destrancando as portas. Daniel percebeu imediatamente e conduziu Mari através da multidão até o carro. Os dois entraram no banco de trás, tranquei as portas e acelerei.

Daniel: Estamos seguros agora, meu bem, está tudo bem. – Murmurou.

Olhei pelo retrovisor interno e vi Daniel abraçando Mari com força, enquanto ela choramingava escondendo o rosto em seu peito. Ele tinha um corte na sobrancelha e outro nos lábios, o rosto sujo com terra ou algo assim, sua camisa com alguns rasgos e Mari vestia seu paletó.

Daniel: Valeu, irmão. – Disse, deslizando os dedos pelo cabelo dela, acariciando-a.

Conor: O que aconteceu?

Daniel: Eles vieram atrás da gente. Os desgraçados nos fizeram capotar, cara, foi por milésimos de segundos. O carro maldito explodiu.

Conor: Vieram atrás de nós também. Vocês estão machucados?

Daniel: Não muito.

Conor: E os outros?

Daniel: Um deles deve estar fedendo em algum terreno perto do local do capotamento, o outro fugiu. Eu ia te ligar, mas nossos celulares explodiram junto com o carro. Então, decidimos fugir a pé mesmo. Sabia que o Pedro iria nos encontrar. – Seus olhos estavam fixos nela, que estremecia em seus braços.

Mari resmungou algo que não consegui compreender, Daniel deixou um beijo no topo de sua cabeça e sussurrou algo de volta em seu ouvido.

Conor: Estou indo para a base. Vocês querem ficar em algum lugar ou vão comigo?

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora