Boa escolha.

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Amélia: Bom, porque acha que eu quero alguma coisa? — Ela passou a mão pelos fios castanhos, um gesto despreocupado que contrastava com o clima pesado entre nós.

Fiquei em silêncio, ainda em choque. As palavras dela reverberavam na minha mente, e eu mal conseguia acreditar no que estava diante de mim. Franzi o cenho, sentindo a angústia apertar meu peito como se uma mão invisível estivesse me sufocando. Recuei um passo involuntariamente, buscando um pouco de espaço entre nós.

Sarah: Você abandonou seu único filho. — A voz trêmula traiu a postura que eu queria impor.

Amélia lançou um olhar gélido, seus olhos verdes brilhando com uma intensidade ameaçadora.

Amélia: Emílio me queria morta, aquele desgraçado! Eu tinha que fingir minha morte antes que ele me matasse de verdade. — Ela colocou as mãos na cintura, como se sua justificativa fosse inabalável.

Sarah: Ele tinha sete anos. — As palavras saíram como um sussurro, quase inaudíveis diante da tempestade emocional que se formava entre nós.

Amélia: E agora tem 27! Era ele ou eu! Não questione a minha maternidade, você não faz ideia do que eu faria por aquele menino. — Ela rosnou, avançando um passo à frente com uma ferocidade que me fez sentir como se estivesse diante de um animal acuado.

Sarah: Como entrou aqui? — Recuei dois passos, o medo me deixando apavorada. O coração batia descompassado no meu peito, e eu sentia a adrenalina subir.

Amélia: Como eu entrei aqui? Como eu faço as coisas? Como eu sei das coisas? Ah, por favor, Sarah, você tem perguntas melhores. — Ela cruzou os braços, se escorando na pia com um sorriso desdenhoso que fazia meu sangue ferver.

Sarah: O que você quer de mim? — Rosnei, a impaciência transparecendo na minha voz.

Amélia: Você realmente ainda não ligou os pontos? Pensei que Conor fosse arrumar uma namoradinha decente. — Revirou os olhos, bufando como se estivesse entediada com a minha ignorância.

Fiquei em silêncio, tentando processar tudo aquilo. As peças do quebra-cabeça estavam se movendo em minha mente, mas eu não chegava em lugar algum.

Amélia: Estão me procurando há tanto tempo; cansei de brincar. — Ela deu de ombros despreocupadamente, um sorriso enigmático nos lábios que me deixava inquieta.

Meu estômago revirou ao ouvir suas palavras. Uma sensação de pavor começou a tomar conta de mim.

Sarah: Triad. — Sussurrei para mim mesma, incrédula.

Amélia: Bingo! — Ela comemorou lançando a mão no ar e em seguida bateu algumas palminhas, como se estivesse celebrando uma vitória absurda.

Balancei a cabeça, atordoada.

Amélia: Se quiser continuar disfarçando a gravidez, tem que parar de ficar colocando a mão na barriga sempre que alguém passa perto. Você já está com os trejeitos de mãe, e fico feliz por ser protetora. Estou ansiosa pra ser vovó. — Ela sorriu, mas havia algo gélido em seu tom, como se estivesse saboreando cada palavra.

Aquelas palavras me atravessaram como uma faca afiada. Eu não estou disfarçando. A indignação brotou dentro de mim, e o desdém que eu sentia por ela explodiu em um grito silencioso: E o caralho que você vai ser avó dos meus filhos.

Amélia: Chega de papo furado. — Sua voz se tornou incisiva, quase cortante. — Vai fazer o seguinte, fofinha: você vai sair por esta porta com um sorriso brilhante, vai caminhar até o meu filho e vai dizer que quero ter uma conversinha com ele. Tudo bem? — Ela finalizou com um sorriso meigo, mas os olhos dela eram frios como gelo.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora