Peça desculpas.

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Antônio: Senhores. – Acenou com a cabeça enquanto se acomodava no sofá, um copo de conhaque em uma mão e um charuto na outra, como se estivesse no controle de tudo. Sua postura me lembra um pouco meu tio Emílio.

Eu levei meu olhar até ele e acenei de volta, mas sem muito entusiasmo. Rapidamente, voltei minha atenção para ela, que estava dançando no palco junto com Mariana e outras mulheres, rindo de orelha a orelha. O cenário era vibrante, com um pole dance no meio da pista. Elas formaram uma meia rodinha, cada uma mostrando seus passos e movimentos enquanto a música pulsava ao redor.

Nenhuma delas parecia se importar com os olhares famintos de centenas de homens de todas as idades fixados em suas bundas se movendo. Elas estavam ali para se divertir, e isso era tudo que importava. Mas eu não conseguia me sentir confortável. Queria furar os olhos de cada um daqueles homens lentamente, ouvir seus berros de agonia e dor ecoando pelo salão. Mas eu sabia que ela não iria gostar disso, e aquele lindo sorriso estampado em seu rosto desapareceria em um instante.

Que tipo de homem eu seria por tirar o sorriso da minha mulher?

Antônio: Admito que não considerava que fosse tão corajoso. – Pela visão periférica, vi-o cruzar as pernas e levar o copo à boca.

Arqueei as sobrancelhas, um sorriso confiante se formando em meu rosto. Sarah olhou diretamente pra mim, estávamos a alguns metros de distância, talvez quatro ou cinco. Ela alternou o olhar entre mim e seu pai, como se estivesse me questionando se algo estava acontecendo. Para tranquilizá-la, respondi com uma piscadela.

Antônio: A minha filha tem um alvo de diamante na cabeça e você resolve trazê-la numa boate cheia de criminosos prontos para faturar um pouquinho. Eu diria que suas bolas são de aço, mas realmente não quero conferir. – Ele soltou a frase com um tom zombeteiro.

Ouvi a risadinha travessa do Daniel ao meu lado, e isso me fez soltar um riso involuntário também. Sabia que a língua afiada dele estava prestes a disparar alguma besteira.

Daniel: Sua filha conferiu. Com todo respeito. – Ele atirou, esforçando-se para não gargalhar, mas a diversão era evidente em seu olhar.

Engasguei, quase cuspindo o uísque. Pigarreei a garganta e cerrei o punho em frente à boca, segurando o riso que ameaçava escapar. Balancei a cabeça negativamente e tomei outro gole, engolindo junto um pouco do constrangimento e da vontade de rir. Porra, estou ouvindo meu sogro falar das minhas bolas enquanto o idiota do meu irmão lembrava-o de como a filha dele usa elas.

Vão se foder, porra! Que assunto do caralho é esse?

Daniel: E eu tenho certeza que ele está fazendo isso com as melhores intenções! Não é, mano? – Ele piscou pra mim, fazendo questão de aumentar ainda mais a tensão no ar.

Conor: Eerr... – Pigarreei a garganta, hesitando por um instante. – Não acredito que seus homens fariam mal a ela. Afinal, que tipo de líder você seria se não soubesse controlar seu bando? – Mudei o rumo da conversa. Pelo amor de Deus.

Antônio me observou por um momento, refletindo sobre minhas palavras.

Antônio: Você tem um ponto. – respondeu, concordando com a cabeça, mas ainda com uma expressão pensativa.

Conor: O que você queria me dizer no baile de máscaras? – fui direto a questão que martelava na minha mente como uma pulga incômoda desde aquele dia.

Antônio: Ah, o baile de máscaras... – Ele respirou fundo, como se estivesse decidindo se devia abrir o jogo ou não. – Não acho que seja um assunto para o momento. Que tal negociarmos a liberdade do meu filho? – Deu uma longa tragada em seu charuto, o cheiro forte e denso se dissipando pelo ar.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora