Daniel.

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Por que caralhos está tudo dando errado?

Pensei, e repensei, por horas. Passei a madrugada toda refletindo, até que finalmente liguei os pontos: tudo começou quando ela apareceu. Não pode ser apenas uma grande coincidência.

Apesar de tudo, consegui ver em seu olhar que ela realmente não sabia de nada. Não a conheço profundamente, mas desde o momento em que a vi, nunca encontrei ninguém com um olhar tão puro, inocente e ingênuo. Mesmo assim, sinto que ela está envolvida, mesmo que sem querer.

Ou ela é uma filha da puta mentirosa do caralho!

Daniel: Tô aqui! — ouço a porta bater com sua chegada. — Que que pega?

Saio do banheiro e vou ao seu encontro. Ele me lança um olhar impaciente, com as mãos na cintura.

Daniel: Que que é isso? Você está um nojo! — franze o cenho assim que me vê.

Conor: Vai se foder! — retruquei.

Daniel: Consegui engambelar aqueles merdas! Mas eles vão continuar de olho, vamos ter que mudar todo o esquema.

Conor: Hum. — digo, completamente aéreo, desinteressado e sem entender direito o que ele disse.

Daniel: Eu não acredito que você está chapado. Porra, é sério? Logo agora?

Conor: Só um pouco. — sorrio.

Num instante, ele estava tão perto de mim que achei que iria me beijar.

Conor: Perdeu o cu na minha cara, porra?

Daniel: Vai dormir, desgraçado. Quando estiver sóbrio, a gente conversa. — aperta firme meu ombro, me sacudindo um pouco.

Conor: Eu dou as ordens aqui.

Daniel: Aham, chefão! Vai logo! — me empurra.

Conor: Eu só vou porque tô cansado.

Daniel: E vê se toma um banho; você está fedendo.

Apontei o dedo do meio para ele e dei as costas, entregando-me ao cansaço.

Sarah

Acordo um pouco zonza, a luz intensa do dia invade meus olhos, forçando-me a piscar repetidamente até que a clareza comece a se formar. Quando finalmente consigo abrir os olhos, percebo que o ambiente ao meu redor é completamente desconhecido. Este quarto não é o meu.

Sento-me na beirada da cama, um leve formigamento na cabeça me incomoda, como se uma tempestade estivesse se formando dentro de mim. Olho ao redor, absorvendo cada detalhe: as paredes brancas, um papel de parede desbotado no canto e uma janela coberta por cortinas pesadas que filtram a luz. A sensação de desorientação aperta meu peito como um abraço desconfortável. Como cheguei aqui? O vazio na minha memória é tão profundo quanto o silêncio ao meu redor.

De repente, ouço vozes distantes, ecos indistintos que parecem flutuar através das paredes. Um impulso frenético me leva até a porta. Com as mãos trêmulas, giro a maçaneta apenas para ser barrada pela tranca. Franzo o cenho e sacudo a maçaneta com força, cada puxão aumentando minha frustração e pavor.

Sarah: Mas que porra é essa? – sussurro para mim mesma, minha voz mal reconhecida.

Volto a me sentar na beirada da cama, o coração acelerado enquanto flashes de memórias começam a surgir como raios em uma tempestade. O medo paralisante quando ele apontou a arma para mim volta com força total; sinto novamente a falta de ar apertar meu peito como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora