Pode ir.

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Taylor me levou direto para casa do Conor. Eu fui no banco de trás inquieta, minhas mãos estavam trêmulas, minhas pernas batiam contra o chão do carro ansiosa, e eu mordia os cantos dos dedos nervosamente, arrancando lasquinhas da minha pele. Minha respiração estava rápida e superficial, meu olhar constantemente voltava-se para a janela, como se temesse que algo ou alguém estivesse me observando. Porra, esse homem é um maluco de pedra total. Ele não pode me tocar. Ele não pode me tocar.

Assim que chegamos, Taylor teve que me ajudar a sair do carro e entrar em casa, pois estava tão aérea e ainda muito assustada com aquela merda. Aquele velho me assustou pra caralho. Subi as escadas lentamente, sentindo minhas pernas vacilarem a cada degrau.

Ao passar pelo segundo andar, os baques secos repetitivos vindos do final do corredor, na academia, ecoavam em meus ouvidos, aumentando minha agitação. Eu precisava dele. Segui o som e entrei no cômodo, vendo-o todo suado, surrando o saco de pancadas freneticamente, seus músculos tensos e os olhos fixos em um ponto indefinido.

Entrelacei minhas mãos, sentindo-as pegajosas pelo suor frio, e engoli em seco a saliva. Dei alguns passos me aproximando, sentindo meu coração acelerar ainda mais a cada passo. Eu só precisava de um abraço dele, para me sentir segura agora, para afastar o medo que ainda pulsava em mim. Eu sei que seu tio é incapaz de mover um dedo sequer, mas tem alguma coisa no seu olhar que me diz completamente o contrário.

Conor: Cai fora. – disse ríspido, sem ao menos olhar na minha direção, socando com mais força o saco de pancadas.

Estaquei os passos a poucos metros de distância, e o observei mais de perto. Seu rosto estava tão tenso quanto o meu, a mandíbula travada como se estivesse possesso de raiva. Só agora percebi que ele estava sem luvas, os nós dos seus dedos estavam vermelhos, mostrando a intensidade com que ele golpeava o saco de pancadas.

Sarah: Conor. – murmurei, minha voz saiu arrastada por causa do nó em minha garganta.

Conor: Eu mandei você sair! – disse áspero, dirigindo seu olhar a mim. Os olhos sombrios mergulhados em ódio, eles não brilhavam.

Eu espremi os lábios, sentindo meu queixo tremer e meus olhos marejarem. Ele não demorou nem três segundos para desviar o olhar e socar o "inimigo" à frente com mais força. Mesmo assim, continuei paralisada observando-o, necessitando de apenas um abraço.

Olhe pra mim, eu preciso de você.

Conor: PORRA! – gritou, dando o último soco tão forte que arrancou o saco de pancadas do gancho em que estava pendurado. O impacto fez o metal ranger e ecoou pelo ambiente, enquanto ele permanecia ali, ofegante e exausto.

Mordi o lábio inferior, eu estava no meu limite, não conseguia mais segurar o choro. Ele virou as costas para mim, encarando a janela enquanto puxava os cabelos, visivelmente frustrado. Seus músculos das costas flexionaram, brilhando pelo suor. Vestia apenas uma calça de moletom preta que caía sobre os quadris, descalço e sem camisa.

Sarah: Conor. – murmurei outra vez, chamando-o.

Conor: Qual é o seu problema? – ele disse, ainda de costas.

Sarah: Eu... Eu só precisava respirar um pouco. Uma coisa levou a outra, eu fiquei pensando na minha família e... E eu fui ver meu irmão.

Conor: Você o que? – rosnou, virando-se para mim, as sobrancelhas juntas e a mandíbula travada.

Sarah: Foi em público, e ele me prometeu que não ia com ninguém. – expliquei.

Ele deu um riso, jogando a cabeça para trás como se estivesse zombando, suas mãos esfregaram seu rosto e então ele voltou seu olhar para mim.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora