Essa vadia tem coragem.

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Daniel: Mas o que? – diz surpreso ao me ver, ele me encarou boquiaberto e com os braços cruzados em frente ao peito, enquanto caminhávamos até ele.

Conor: Pode explicar melhor? Essa casa é cheia de pilares, não dá pra entender nada! - se refere a um mapeamento sob a mesa.

Olhei fixamente a planta e percebi que era a minha casa, ou melhor, a casa dos meus pais.

Sarah: Peraí essa é a min... - me interrompe.

Conor: Eu te disse, estamos atrás do seu pai.

Sarah: Porque? O que ele fez? - questionei.

Conor: Não é da sua conta. - diz ríspido.

Sarah: Então porque eu entregaria meu próprio pai? – questionei, eu sei da minha posição e sei o risco que estou correndo, mas ele disse que não me machucaria.

Daniel: Sarah não complica. - diz massageando a testa com o olhar vidrado na mesa.

Conor: Arg! Deus! – ouço-o resmungar baixo – Você me tira do sério! – gira os calcanhares ficando de frente pra mim – Olha... – respira fundo – Eu acredito em você, acredito que não tenha nada a ver com isso, mas de alguma forma ele te usou. –  se inclinou apoiando os braços sob a mesa.

Sarah: Meu pai? Me usou com o que? Mal nos falamos! Vocês pegaram a pessoa errada, sinto muito.

Conor: Se você não ajudar, eu vou atrás do merda do seu pai de qualquer jeito, cabe a você querer ele vivo ou morto.

Engoli seco a saliva recebendo a ameaça.

Por mais que eu odeie meu pai, porra, ele é meu pai!

Nunca nos demos bem, ele na verdade, nunca se interessou de verdade pela família. Seu negócio é mandar e desmandar, controlar nossas vontades e nossas escolhas como se ele tivesse
posse de nossas vidas.

Vindo dele eu não duvido de nada porque a cada dia que passa ele me assusta mais, com sua arrogância e frieza.

Se esse é o único jeito de obter respostas, eu estou apita para ajudar, eu quero saber o que dizem que meu pai esconde. Quero saber se tudo que vivemos foram mais mentiras, mais manipulação. Vai ver nem somos uma família de verdade, somos fantoches criados pra ser a fachada perfeita pro seu império.

Conor: Não estou com todo tempo do mundo não! – sua voz grossa e firme me despertou dos pensamentos.

Olho ao redor e sinto o peso do olhar penetrante de todos, cada um deles armado até os dentes, prontos para qualquer deslize que eu cometa.

Confesso, estou com medo, mas não é como se eles realmente fossem fazer algo comigo. O Conor parecia ser o chefe, pelo menos foi o que demonstrou, eu não acho que os capangas fossem contra a vontade dele, que era não me machucar.

Sinto um arrepio percorrer minha espinha, meu coração bate descompassado e minhas pernas tremem sem controle. Cada respiração parece um desafio, como se o ar se recusasse, e o nó na minha garganta parece impossível de desfazer, como se estivesse aprisionando meu grito.

Apesar do medo, apesar de não entender direito o que estava acontecendo, eu me peguei intrigada, curiosa, me peguei querendo descobrir tanto quanto ele. Afinal, pude sentir a sinceridade em suas palavras quando ele falou que não me faria mal, e até o momento ele tem cumprido com sua palavra, pois não carrego sequer um arranhão.

Cruzo os braços, buscando me encorajar. E decidida levo meu olhar de volta a ele, que esperava ansioso por minha resposta.

Sarah: Eu ajudo se me contar tudo. Eu quero saber o que esta acontecendo!

Ele solta um riso sem humor algum, debochando.

— Essa vadia tem coragem. - ouço uma voz feminina não tão distante, me alfinetar.

Não liguei para o comentário sem graça da vadia, que me chamou de vadia.

Fiquei em silêncio esperando sua resposta, ele olhou pro Daniel, e ele se entreolharam por alguns segundos como se estivessem conversando em olhares.

Conor: Você primeiro. – diz ao desviar o olhar para mim.

Sarah: Não. Você primeiro. – estreito os olhos, o desafiando.

— Peraí você vai receber ordens dessa vagabunda? – voz feminina de novo.

Sarah: O que? – franzi o cenho indignada.

Primeiro vadia e agora vagabunda. Qual o problema dessa garota comigo?

— Não fala comigo não patricinha, eu estouro seus miolos! – ela diz com arrogância.

Olhei pra trás em direção a sua voz, do que não adiantou de nada pois seu rosto estava coberto
por uma balaclava.

Arg! Ela nem me conhece!

Sarah: O seu chefe não ia gostar disso. – provoco.

Ela avança pra cima de mim apontando a arma em meu rosto, mas antes que eu pudesse reagir minha cintura foi envolvida por um braço, me puxado para trás bruscamente, colidindo minhas costas com seu corpo.

Conor: Já chega! – sua voz grossa, alta e firme ecoou pela sala, esse comando não era pra mim.

Sorrio gloriosa, mas por trás do sorriso escondo o desespero, a respiração ofegante, o coração quase saindo pela boca.

Eu gostei de provocá-la. Eu gostei de me sentir intocável.

Conor: Deixe-nos a sós. — comanda, novamente.

Todos, sem exceção, deixaram a sala imediatamente, sem questionar. Ele definitivamente, é o manda chuva aqui.

Me afasto dele em um solavanco, desfazendo seu agarre em minha cintura. Me virei de frente para ele e dou dois passos obtendo distância.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora