Você não me ama?

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Olho-me no espelho sentindo cada segundo mais impaciente, já faz três horas que a chamei pra ir embora, e ela ainda está bebendo e dançando. Elas simplesmente não cansam nunca. Com um suspiro frustrado, liguei a torneira, juntei as mãos como uma cuba e levei um pouco de água ao rosto, sentindo a água fria retesar meus músculos imediatamente.

Enquanto eu olhava para o espelho, tentando reunir paciência, pude ouvir a música alta e os risos vindos da pista de dança. Quanto mais tempo elas pretendiam ficar ali? Poucas pessoas restavam na boate, no máximo cinquenta espalhadas pelo local. Nessa noite em particular, parecia que Sarah estava determinada a me provocar, mas eu ainda não descobri o motivo.

Ela nunca fala nada, nunca faz escândalo e muito menos chama a minha atenção. Ela sempre. Eu digo, sempre! Faz questão de me instigar antes de dizer realmente o que é, como se quisesse testar todos os limites, para ver até onde eu aguento. Pode ser a coisa mais besta do mundo, ou algo que realmente a deixa brava ou a desconforta, ela sempre vai agir assim.

E me enlouquece porra! O que ela quer? Porque não fala logo?

Passo os dedos pelo cabelo, penteando-o para trás de forma bagunçada, mas sinceramente, é assim que eu gosto. Saio do banheiro respirando fundo, ciente da fera que ainda preciso domar para levá-la para casa. Caminho pela boate, meus olhos percorrem a pista e não a vejo em lugar algum. Giro nos calcanhares olhando ao redor, mas nada.

Onde diabos está o Daniel?

Ouço sua risada vindo de algum canto e me encaminho na direção do som, passando pelo bar e a avistando sentada em um sofazinho de costas pra mim. Seu cabelo ondulado solto que alcança sua cintura, as pernas cruzadas e... Quem é esse cara?

Franzi o cenho, estacando os passos e caminhando lentamente enquanto os observava. Magro, loiro, olhos azuis. Com certeza deve se chamar Matt, Jake, Scott, ou algum desses nomes patéticos que as mães insistem em dar aos filhos. Senti meu sangue ferver e meus punhos se cerrarem involuntariamente. Foi como se o resto do mundo desaparecesse e eu só conseguisse enxergar aquele playboyzinho dando em cima da minha Sarah descaradamente.

Ele puxou algo do bolso, estreitei os olhos para enxergar melhor, era um pacotinho com um restinho de pó. Com certeza era cocaína ou MD. Ele abriu o pacote e enfiou um dedo, passando-o abaixo da língua em seguida. Definitivamente MD. Pensei que pararia por aí, mas ele esticou o braço e ofereceu a ela, que aceitou sem hesitar.

Avancei correndo com passos firmes e acertei um soco de direita em sua mandíbula, mandando-o diretamente para o chão. Ela gritou e, antes que ele pudesse se levantar ou reagir, chutei seu estômago, fazendo-o erguer-se do chão por alguns centímetros.

Filho da puta.

— Arrh! – gemeu – Você ficou maluco? – disse enquanto se contorcia no chão.

Ignorando-o no chão, me viro e encontro-a chupando a pontinha do dedo indicador, seus olhos arregalados e o peito subindo e descendo, claramente assustada. Fechei o rosto em uma carranca e apertei a ponte do nariz, percebendo que era tarde demais para voltar atrás. Ela se recostou no sofá e desceu o olhar para seu drink, bebendo um gole pelo canudinho. Rosnei irritado, tomei a taça de sua mão e a deixei sobre a mesa ao lado.

Sarah: Ei! Me devolve! – exigiu.

Conor: Já chega. – eu disse impaciente.

Senti uma mão espalmar em meu ombro, olhei de soslaio e vi um vulto se aproximando rapidamente. Desviei do soco, me virei e retribuí a gentileza, mandando o cara novamente para o chão ao acertar outro soco de direita em seu rosto.

Daniel: O que está acontecendo aqui? – senti seus braços empurrarem os meus, quando eu estava prestes a montar em cima do cara para espancá-lo – O que houve com o "não faca na frente delas", hein?

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora