Aquela vaca é uma Cortez.

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Conor

Megan: Está sóbrio, então quer dizer que voltou com a princesinha? – disse, com um tom provocador, puxou a cadeira à minha frente e sentou-se.

Respirei fundo, contendo as palavras afiadas que queriam saltar de minha boca em direção a Megan. Ela sempre fora impressionante, ágil, inteligente e dotada de uma beleza que só facilitava sua habilidade de manipulação. Além disso, era uma lutadora excepcional, quase como uma ninja. Ela tinha tudo, mas também carregava consigo um amargor que me incomodava profundamente. O modo como ela tratava Sarah sempre me irritou; desde que me lembro, ela nunca pareceu gostar dela, e a única explicação que eu conseguia vislumbrar era ciúmes. O que me confundia era o fato de nunca termos tido nada além de sexo, e ela nunca parecia se importar em me ver com outras mulheres.

Daniel: Inveja não lhe cai bem Megan. – caçoou com um sorriso brincando em seus lábios, enquanto levava o copo a boca.

Megan: Urgh! – rosnou – Ah! Por favor! – revirou os olhos jogando sua franja loira para trás.

Daniel: Se tem algum outro motivo de você odiá-la tanto, por favor, nos diga. – disse provocando-a.

Megan: Eu não a odeio. – cuspiu raivosa – Ela é completamente indiferente pra mim.

Daniel: Em outras palavras... "Ela roubou o pau que eu mais gostava de sentar e agora minha boceta está criando teias". – arqueou uma sobrancelha com um tom debochado enquanto afinava a voz, imitando-a.

Megan: Vai se foder Daniel. – rosnou.

Daniel: Não faça biquinho, todo mundo sabe disso.

Deus, tem tantos lugares em que eu queria estar ao invés daqui.

Virei o rosto, ignorando por completo aquela conversa enfadonha que claramente não levaria a lugar algum. Daniel adorava provocá-la, na verdade, ele tinha um prazer especial em tirar todo mundo do sério. Enquanto observava as pessoas ao redor, envolvidas em conversas animadas entre o tilintar dos talheres e as risadas ecoantes, consultei meu relógio e constatei que já passava das uma e meia da tarde. Os policiais que Megan havia convidado para almoçar conosco já estavam trinta minutos atrasados.

Ponderei longamente sobre o sigilo que nossa família mantivera ao longo de treze gerações. Por mais de séculos, ninguém fazia ideia de quem éramos, nem do que fazíamos para além dos negócios da empresa. Consciente de que estaria indo contra a tradição de todos os meus ancestrais, decidi revelar minha identidade aos policiais.

Se tudo desse certo, em breve eu estaria adentrando o baile de máscaras que ocorrerá daqui nove dias, um dia após a virada do ano. Segundo as informações que Megan conseguiu reunir, o baile era realizado anualmente na mesma data, de forma extremamente privada, com a presença apenas da elite da cidade: políticos corruptos, os ricos mesquinhos e a máfia liderada pelas famílias mais poderosas.

Eu queria observar de perto, assim como venho fazendo há algumas semanas. Tenho homens de olho nessas famílias, Petrov, Bragaglia e os Ricci. O plano é infiltrar pelo menos um dos meus em cada, e quando eu tiver informação o suficiente, vou ter o que preciso pra fazê-los trabalhar pra mim, o que me tornaria o único líder. E quanto ao Cortez, eu preciso dar um jeito ainda hoje de conquistar o sogrão. Levando em conta que Rafael já me odeia, Antônio é ainda mais difícil. Mas, o que é um peido pra quem já está cagado, não é mesmo?

Isso facilitaria tudo, não teríamos concorrência, e muito menos complicações nos transportes. O tráfico iria rolar com tanta maestria e nada poderia nos deter. Mas eu sei que pode dar tudo errado, essas pessoas não são confiáveis, e muito menos maleáveis.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora