Eu te entendo completamente filho.

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Sarah: O que estamos fazendo aqui? — perguntei ao descer do carro, meus olhos percorrendo a imensa estrutura à nossa frente. O hangar era colossal, de metal reluzente, com várias aeronaves dispostas pelo local. Entre elas, reconheci o jatinho que usamos meses atrás em nossa viagem. As luzes brancas, fortes, iluminavam o ambiente, onde homens de terno circulavam ao lado de outros vestindo macacões de mecânico.

— Chefe. — Um dos homens de terno se aproximou, acenando discretamente com o queixo, a postura rígida e séria.

Conor acenou de volta e lançou as chaves do carro em sua direção. O homem as pegou no ar com agilidade. Mordi o lábio, observando o hangar ao redor. Isso tudo era dele?

Sarah: Isso tudo é seu? — murmurei, erguendo-me na ponta dos pés para alcançar seu ouvido.

Senti o braço de Conor envolver minha cintura, puxando-me para mais perto. Nossos corpos se uniram enquanto caminhávamos em direção à saída do hangar.

Conor: Isso tudo é nosso. — ele sussurrou de volta. Sorri, um pouco tímida.

Era estranho o jeito como ele falava, sem hesitar. Para Conor, parecia que nossa história já estava escrita. Sempre era "nós", nunca "eu". Ele me incluía em tudo, sem questionar. Para mim, aquilo era incomum. Eu não estava acostumada e, sinceramente, duvidava que algum dia estaria.

Ao chegarmos do lado de fora, meus olhos se fixaram em um helicóptero preto, com outro homem de terno ao lado, à nossa espera. Mordi o lábio, sentindo a ansiedade crescer.

— Senhor. — o homem acenou para Conor, lançando-me um breve olhar antes de continuar. — Tudo pronto para a decolagem.

Conor: Ótimo, Douglas. Obrigado. — respondeu de forma casual.

Douglas se afastou, e eu, ainda mais nervosa, mordi o lábio com mais força.

Conor: Senhorita. — disse, abrindo a porta do helicóptero e estendendo a mão para mim.

Sarah: Eu vou na frente? — perguntei, segurando sua mão enquanto subia no helicóptero.

Ele fechou a porta com cuidado e deu a volta, entrando no lado do piloto. Meus olhos se arregalaram, e um sorriso nervoso brotou em meus lábios. Ele riu baixinho e se inclinou para ajustar o cinto ao redor do meu corpo.

Sarah: Você sabe pilotar isso? — perguntei, tentando parecer despreocupada.

Ele me lançou um olhar de lado, a única resposta que recebi.

Sarah: Ai, meu Deus! — murmurei, rindo no final, olhando ao redor.

Conor começou a ligar os motores e me entregou um headset. Coloquei-o na cabeça, abafando um gritinho empolgado. Ele riu de novo, claramente se divertindo com a minha reação, antes de se comunicar com o controle aéreo. Poucos segundos depois, estávamos decolando.

Sarah: Cacete... — sussurrei, observando o chão se afastar rapidamente de nós.

Conor: Preparada? — perguntou, sua voz grave soando através do headset.

Assenti empolgada. À medida que o helicóptero ganhava altitude, o mundo abaixo de nós encolhia. A cidade se estendia como um mapa vivo, com suas ruas brilhando como veias de luz, serpenteando entre arranha-céus e casas que se tornavam pequenas manchas no horizonte.

Um frio na barriga se instalou em mim, aquela mistura de nervosismo e excitação, mas conforme nos estabilizávamos, a vista me arrebatou. Do alto, Los Angeles era ainda mais bonita. As luzes da cidade pulsavam como um organismo vivo, uma constelação que parecia não ter fim.

Sarah: Isso é surreal... — murmurei para mim mesma, apertando o headset mais firme nos ouvidos, com a voz abafada pela emoção.

Conor olhou para mim, um leve sorriso se formando no canto dos lábios. Ele estava no controle com uma confiança tranquila, as mãos firmes no manche. A luz suave do painel do helicóptero iluminava seu rosto, criando sombras que realçavam sua expressão calma, como se tudo aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora